Agora desvacinem-se...
Há 3 noites que não durmo. Não consigo pregar olho. Passo horas às voltas na cama. A minha mulher anda desconfiada. Suspeita que eu tenho alguma coisa a ver com esta vacina Astrazéneca
(ou Astrazenéca, ou Astrazénica, ou o diabo, sei lá). É que quando ela foi chamada para ser vacinada, eu sugeri que se deixasse para o fim. Por 2 razões! 1.º porque ela já tinha estado em contacto com o vírus de perto (mais perto era impossível, juro) e não tinha sido contaminada. 2.º porque eu não confiava na vacina. Se querem que vos seja sincero, continuo a não confiar. Tão pouco desconfio. Estou como quem as descobriu. A ver no que vai dar! Penso que daqui a um aninho já vos posso dizer qualquer coisa. Até lá são testes.
E há quem não se importe de ser cobaia. Mas há quem não esteja para aí virado! Não aponto o dedo a nenhum deles. Juro. Entendo. Uns acenam como se a vacina fosse um bem maior. Um “sacrifício” pelos netos e bisnetos! Sim, eu ouvi essa teoria em algum lado. Está certo. Se tudo correr bem, sim. Porém, outros dizem que gostam muito dos descendentes que estão por vir, mas não lhes apetece muito correr o risco de, morrendo da cura, não os conhecer. Correto também.
Mas a minha mulher queria mesmo a minha opinião. Confia em mim os olhos da cara. Tinha que a aconselhar e perante esta indecisão, não fiz mais nada. Joguei a moeda ao ar. E joguei. E joguei. E joguei. Até dar pelo “sim à vacinação”. Reforcei a posição com a então recente declaração da Agência Europeia de Medicamentos que dizia que a vacina era “segura e eficaz”.
Lá foi ela. À chegada foi recebida por uma fila, sem distanciamento, que dava meia volta à UMA. De repente, a bicha foi dividida e em menos de nada foi picada no braço. Por precaução, foi obrigada a ficar alguns minutos sob observação. Como ficou com zero de olhos esbugalhados, nada de erupções cutâneas, patavina de língua inchada, nicles de espasmos musculares e com a temperatura sempre abaixo dos 37,5.º, foi convidada a “desamparar a loja”.
Para minha surpresa, confesso, não se queixou de quase nada. Teve frio uma noite. Braço dorido na outra. Na terceira já não se passava nada. Valente! Pensei eu então que a questão estava meia resolvida. Daí a uns meses, a 2.a dose tratava do resto!
Eis senão quando, por estes dias, o meu mundo desabou. A DGS, o Infarmed e a task-force para a vacinação contra a COVID-19 realizaram uma conferência de imprensa. Por instantes ainda acreditei que iam anunciar a descoberta de uma vacina Rosa. Aquela que, pelo que se diz, garante imunidade total. Mas não! Afinal era para informar que a Astra (com o nervoso já nem sei outra vez o resto do raio do nome) só deve ser administrada a maiores de 60 anos. De facto, eu não lhes posso apontar nada. Eles continuam a defender a segurança e efectividade da vacina. Só que não é para todos. Daqui a dias ainda podem vir a acrescentar que a dita cuja é “segura e eficaz sim, mas apenas para cima de sexagenários que se façam acompanhar pelos encarregados de educação ou pelo padrinho do batismo”. Valha-me Deus. Mas e agora? O que faço com a minha mulher? Mando-a ao Tecnopolo para lhe extraírem a 1.a dose? Espero que a contactem? Por favor, alguém me ajude. A Direção Regional de Saúde que me diga alguma coisa. Vou já avisando que me recuso a pô-la num lar. Bem sei que há para aí um no Porto Moniz muito bom. Um em que põem as pessoas a dormir num instante e sem prescrição médica. Em que atribuem alcunhas aos utentes. E sei lá mais o quê... Mas eu não abro mão! Não passo sem a minha mulher. Desculpem-me, já agora, os que se queixam que eu falo muito nela. Deixem-me. Eu falo do que eu quiser. Preocupem-se é se eu falar das vossas. Agora da minha, o problema é meu. Acho eu!
Para terminar e a pedido de um amigo... Alguém sabe se os cães farejadores também detectam ex covids? Se sim, por onde? Foram treinados para cheirar os orifícios superiores ou inferiores? Reforço que não é para mim. É para um amigo meu.
Pedro Nunes escreve ao domingo, todas as semanas