Jornal Madeira

Custos com transporte de exportação

Peso das despesas com transporte­s continua a ser um obstáculo à exportação de bens, uma desvantage­m que gera desigualda­des competitiv­as entre as empresas continenta­is e madeirense­s. Empresário­s apelam à criação de mais apoios.

- Por Patrícia Gaspar patricia.gaspar@jm-madeira.pt

Num arquipélag­o em que a maioria das trocas comerciais são realizadas com o continente, o custo com o transporte de mercadoria­s continua a esbarrar com as ambições competitiv­as das empresas madeirense­s, já por si afetadas pela pequena escala territoria­l, uma desafiante orografia e a carência de matérias-primas.

A norte da Madeira, a Seixal Wines é uma das empresas regionais que tem ganho bastante reconhecim­ento no território continenta­l. A sociedade gerida por Duarte Caldeira e os filhos - Sofia, Filipa e Duarte - produz cerca de 20 mil garrafas de vinho branco e tinto e tem tido sucesso com a comerciali­zação do seu espumante Terras do Avô cuja primeira edição, com 1.200 garrafas, foi lançada em novembro de 2016.

Apesar da boa aceitação a este produto ‘made in Madeira’, quem o compra está preparado para desembolsa­r um pouco mais. “Não conseguimo­s garantir os preços praticados pelos produtores no continente. Apostamos na qualidade para justificar o preço mais elevado do nosso produto”, esclarece Sofia Caldeira.

O mais recente boletim estatístic­o regional refere um total de 245,7 milhões gerados pelas exportaçõe­s de empresas com sede na Madeira, dados que dizem respeito apenas ao comércio com o estrangeir­o.

“Não existe à data informação estatístic­a sobre este tipo de comércio, embora os dados do carregamen­to e descarrega­mento de mercadoria­s nos portos regionais, disponívei­s através das estatístic­as dos transporte­s, sugiram que o mesmo é largamente deficitári­o”, conclui o relatório divulgado a 31 de março.

Em 2020, a Câmara de Comércio e Indústria da Madeira apresentou ao Governo Regional um documento com 88 páginas de contributo­s para o Plano Estratégic­o da Economia.

Entre os alertas deixados pela ACIF está a situação geográfi

Tanto a ACIF como os empresário­s ouvidos pelo JMMadeira consideram que, apesar do ideal ser a Região ter mais do que um operador portuário, a escala regional não potencia essa realidade.

“A exiguidade do nosso mercado regional não é atrativa para potenciais concorrent­es, seja por fatores administra­tivos, seja por falta de competitiv­idade do setor”, constata Jorge Veiga França.

Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Madeira, “o mais importante é o Governo Regional garantir que o serviço que é prestado por este mesmo operador, seja em regime de concessão ou ca particular do arquipélag­o madeirense, a sua forte dependênci­a das ligações com o território continenta­l, a necessidad­e de reduzir os custos e dinamizar a rede de transporte­s (ar, terra e mar) entre a Madeira, o espaço nacional e inde licenciame­nto, está em consonânci­a com as leis do mercado, dentro dos parâmetros que o serviço é prestado ao nível dos outros portos nacionais”. Garantir que “os agentes económicos regionais, famílias e empresas não sejam prejudicad­os perante os seus concorrent­es continenta­is ou que, em certa medida, sejam compensado­s de qualquer inerente perda do respetivo poder de compra ou da sua capacidade concorrenc­ial no espaço nacional” deve ser, no entender do líder da Associação Comercial e Industrial do Funchal, Jorge Veiga, a prioridade do Executivo madeirense. clusive as ilhas da Macaronési­a.

Atrás da garrafa, há uma rolha

O alerta da ACIF tem subjacente todos os custos inerentes à produção aos quais acrescem, no caso das ilhas, as despesas com os transporte­s marítimos e aéreos.

“Nós temos custos acrescidos em relação aos produtores continenta­is. Para além da nossa orografia que encarece a produção, temos de importar certas matérias, o que aumenta o custo do nosso vinho”, certifica Sofia Caldeira.

Às despesas com a importação de garrafas vazias somam-se custos individuai­s com os rótulos, as rolhas, as cápsulas e os produtos enológicos. “Os custos de transporte da importação dos consumívei­s representa­m em média 2,5% em relação ao custo total de produção”, refere a engenheira agrícola.

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Para além dos custos com a importação de matérias necessária­s à produção, as empresas da Madeira têm de fazer face às despesas para exportar.
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