Custos com transporte de exportação
Peso das despesas com transportes continua a ser um obstáculo à exportação de bens, uma desvantagem que gera desigualdades competitivas entre as empresas continentais e madeirenses. Empresários apelam à criação de mais apoios.
Num arquipélago em que a maioria das trocas comerciais são realizadas com o continente, o custo com o transporte de mercadorias continua a esbarrar com as ambições competitivas das empresas madeirenses, já por si afetadas pela pequena escala territorial, uma desafiante orografia e a carência de matérias-primas.
A norte da Madeira, a Seixal Wines é uma das empresas regionais que tem ganho bastante reconhecimento no território continental. A sociedade gerida por Duarte Caldeira e os filhos - Sofia, Filipa e Duarte - produz cerca de 20 mil garrafas de vinho branco e tinto e tem tido sucesso com a comercialização do seu espumante Terras do Avô cuja primeira edição, com 1.200 garrafas, foi lançada em novembro de 2016.
Apesar da boa aceitação a este produto ‘made in Madeira’, quem o compra está preparado para desembolsar um pouco mais. “Não conseguimos garantir os preços praticados pelos produtores no continente. Apostamos na qualidade para justificar o preço mais elevado do nosso produto”, esclarece Sofia Caldeira.
O mais recente boletim estatístico regional refere um total de 245,7 milhões gerados pelas exportações de empresas com sede na Madeira, dados que dizem respeito apenas ao comércio com o estrangeiro.
“Não existe à data informação estatística sobre este tipo de comércio, embora os dados do carregamento e descarregamento de mercadorias nos portos regionais, disponíveis através das estatísticas dos transportes, sugiram que o mesmo é largamente deficitário”, conclui o relatório divulgado a 31 de março.
Em 2020, a Câmara de Comércio e Indústria da Madeira apresentou ao Governo Regional um documento com 88 páginas de contributos para o Plano Estratégico da Economia.
Entre os alertas deixados pela ACIF está a situação geográfi
Tanto a ACIF como os empresários ouvidos pelo JMMadeira consideram que, apesar do ideal ser a Região ter mais do que um operador portuário, a escala regional não potencia essa realidade.
“A exiguidade do nosso mercado regional não é atrativa para potenciais concorrentes, seja por fatores administrativos, seja por falta de competitividade do setor”, constata Jorge Veiga França.
Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Madeira, “o mais importante é o Governo Regional garantir que o serviço que é prestado por este mesmo operador, seja em regime de concessão ou ca particular do arquipélago madeirense, a sua forte dependência das ligações com o território continental, a necessidade de reduzir os custos e dinamizar a rede de transportes (ar, terra e mar) entre a Madeira, o espaço nacional e inde licenciamento, está em consonância com as leis do mercado, dentro dos parâmetros que o serviço é prestado ao nível dos outros portos nacionais”. Garantir que “os agentes económicos regionais, famílias e empresas não sejam prejudicados perante os seus concorrentes continentais ou que, em certa medida, sejam compensados de qualquer inerente perda do respetivo poder de compra ou da sua capacidade concorrencial no espaço nacional” deve ser, no entender do líder da Associação Comercial e Industrial do Funchal, Jorge Veiga, a prioridade do Executivo madeirense. clusive as ilhas da Macaronésia.
Atrás da garrafa, há uma rolha
O alerta da ACIF tem subjacente todos os custos inerentes à produção aos quais acrescem, no caso das ilhas, as despesas com os transportes marítimos e aéreos.
“Nós temos custos acrescidos em relação aos produtores continentais. Para além da nossa orografia que encarece a produção, temos de importar certas matérias, o que aumenta o custo do nosso vinho”, certifica Sofia Caldeira.
Às despesas com a importação de garrafas vazias somam-se custos individuais com os rótulos, as rolhas, as cápsulas e os produtos enológicos. “Os custos de transporte da importação dos consumíveis representam em média 2,5% em relação ao custo total de produção”, refere a engenheira agrícola.