Jornal Madeira

“Tentou fazer o ‘mata-leão’ e espancou-me na esquadra”

Morador no sítio da Nóia, em Machico, Pedro Franco diz que foi abordado por um agente da PSP junto a uma escola do concelho, foi agredido verbal e fisicament­e, detido e levado para a esquadra.

- Por Paulo Graça paulo.graca@jm-madeira.pt

Um homem de 26 anos acusa um operaciona­l da Polícia de Segurança Pública (PSP) de agressões verbais e físicas, numa abordagem que começou na via pública, no passado dia 25 de março, e acabou no serviço de urgências do Centro de Saúde de Machico. O incidente terá começado às portas da escola de Machico, a poucos metros da esquadra da PSP local, onde Pedro Franco estava para recolher um familiar menor, um sobrinho que é portador de uma doença crónica.

Nessa altura, revela ao JM, um operaciona­l da PSP aproximou-se e perguntou o que estava ali “a fazer”, recorda Pedro Franco. Com a voz trémula, mostrando as fotos das agressões, respondeu ao polícia que sabia dos seus “direitos” e que não sabia o porquê daquela abordagem.

Revela, ainda, que revelou ao elemento da PSP que estava à espera do sobrinho quando, de repente, foi “agredido e algemado e colocado dentro da viatura da PSP”.

Conduzido à esquadra da PSP de Machico, durante o processo de identifica­ção diz que foi, “aí, brutalment­e agredido”. De novo “pelo mesmo” elemento da PSP. Até tentou “fazer um ‘mata-leão’”, acrescenta. Depois, reforça, “espancou-me a cara’”, revelando de seguida

Pedro Franco registou imagens das marcas das agressões, logo após ter sido assistido no centro de saúde.

que ainda foi agredido no “tórax, pescoço e costas”. Ficou “marcado na cara devido aos socos”, acrescenta. Tudo sempre levado a cabo pelo mesmo operaciona­l.

Da esquadra, Pedro Franco foi conduzido ao centro de saúde por uma patrulha da PSP, onde foi observado por um médico. “O médico pediu-lhes, mas não me tiraram as algemas”.

Queixa no MP

No dia seguinte Pedro Franco diri

Detido, foi “agredido e algemado e colocado dentro da viatura da PSP, que me conduziu à esquadra de Machico”.

giu-se à Medicina Legal e efetuou “os exames para realizar a queixa no Ministério Público (MP)”, tendo sido já convocado para “prestar declaraçõe­s no tribunal de Santa Cruz”, onde decorre o processo. Por outro lado, Pedro Franco revela que está “acusado pela PSP de desobediên­cia”, mas adianta que vai até “às últimas consequênc­ias” na acusação contra o referido operaciona­l, apesar de viver todos os dias assustado.

Daí para cá, diz que vive “atormentad­o” com as cenas por que

passou e que está muito afetado psicologic­amente. “Estou constantem­ente a ver aquelas imagens, das agressões de que fui alvo”. Revela, ainda, que tem “sido ameaçado” por outros agentes da PSP de Machico, quase constantem­ente. Por isso, tem “medo de andar na rua”, pelo que raramente sai de casa.

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