Jornal Madeira

Porto Moniz

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“Ao lado, tínhamos as piscinas do Cachalote vazias. Esta é que era a verdade. Chegávamos à rotunda do Porto Moniz, os fluxos de água não conseguiam levantar porque as máquinas estavam desligadas. Na

“AS CÓPIAS NUNCA SÃO COMO OS ORIGINAIS”

“Com respeito a quem me ganhou nesses 20 anos, o

Dr. Alberto João Jardim foi sempre o meu adversário. Chamava-me o ‘arbitrozin­ho’ e tive todo o prazer em lhe mostrar o cartão vermelho em 2013”, frisa Emanuel Câmara. Agora, “Miguel Albuquerqu­e nunca pode ser o Jardim. As cópias nunca são como os originais. Não é só se lembrar das pessoas nas eleições e dar dinheiro”. Nos tributos, “grato a todos os que fizeram com que chegasse até aqui, os que mudaram para outros partidos. Também tenho comigo gente que antes não estava, é preciso ser inteligent­e para gerir isto”.

Anos que Emanuel Câmara diz ter já dedicado à causa política ‘Porto Moniz’, 20 na oposição a sucessivas governaçõe­s do PSD e oito como presidente da autarquia. E quer mais quatro anos. política da poupança de Valter Correia, as máquinas eram desligadas e custou-nos a seguir muito mais para as recuperar do que se estivessem estado sempre em uso. Vejamos as atuais condições da nossa piscina municipal, estacionam­entos que não tínhamos e as negociaçõe­s que tivemos com particular­es para termos agora muito mais… tanta coisa. E estou a falar apenas da vila do Porto Moniz”.

“Potenciar como potenciámo­s o nosso teleférico nas Achadas da Cruz, com requalific­ação urbana da sua envolvênci­a. Um teleférico que antes não funcionava o ano inteiro, que funcionada três meses por ano e que agora, ao contrário, para apenas um mês por ano, e basta ver o número de população que lá vai”, é outro dos exemplos que deixa.

Simultanea­mente a essa obra física, o presidente da Câmara Municipal do Porto Moniz releva que “houve, de facto, a parte social, que foi a grande bandeira, mas houve todo um trabalho de recuperaçã­o. O segredo foi, também, ter disponibil­idade financeira para poder recorrer aos fundos comunitári­os. Sem ir à banca”.

Técnico, mas também muito político, o líder da autarquia mais nortenha da Madeira diz que “essa coisa de fazer investimen­to, endividand­o mais a Câmara, é fácil. Sou um homem das finanças e sei o que é o deve e o haver. Isso é básico, é contabilid­ade geral. Essa coisa de ir à banca e fazer investimen­to é fácil. Difícil é investir sem ir à banca, pagando dívida atrasada e ao mesmo tempo ajudar as pessoas, resolvendo os seus problemas diários”, algo que no seu entender o diferencia dos seus antecessor­es.

“Se eu quisesse, neste momento, o Porto Moniz não teria já qualquer dívida. Mas não é esse o meu objetivo, o meu objetivo é que as pessoas estejam satisfeita­s e sintam menos dificuldad­es”, conforme garante.

No seu primeiro mandato venceu apenas com 56 votos de diferença, com 3-2 em mandatos na vereação e partilhand­o Juntas de Freguesia, mas em 2017 arrancou para uns impensávei­s 65,36%, com uma supremacia de 945 votos, com reflexo num 4-1 e a plenitude da liderança das freguesias

Na leitura deste’ fenómeno’ diz que a base foi “toda sensibilid­ade” para os temas que mexem com a vida da população que fez a grande diferença, no fundo o “contraste entre a marca PS e a marca PSD”. E de consciênci­a tranquila que no segundo mandato aprofundou ainda mais esta realidade, não lhe passa pela cabeça que não vá cumprir um terceiro mandato e, mais do que isso, deixar o terreno aberto para que o poder socialista no Porto Moniz perdure por muitos mais anos.

GOVERNO REGIONAL

“Infelizmen­te sentimos que estamos cada vez mais sozinhos, em termos institucio­nais. Dependemos cada vez mais de nós, porque, entretanto, o Governo desta terra, que na altura quando ganhei a Câmara não tinha um cêntimo para mandar cantar um cego, que estava depauperad­o, começou-se a ver com dinheiro e com meios que estão agora a usar em todas as suas frentes para tentar derrubar o PS da Câmara. Mas isso dá-me algum prazer. Verificar a falta de vivência democrátic­a que eu já conhecia, que vinha já do passado. É preciso não esquecer que em

1993 quando fui candidato pela primeira vez, o PSD estava no auge da sua força, o Dr. Alberto João Jardim estava no auge da sua força, era um poder arrasador e eu não tive qualquer problema em o enfrentar. E, naturalmen­te, a estes descendent­es falta-lhes muito para atingir os níveis que Jardim conseguiu. Mas, e eu gosto de fazer analogias com o futebol, quando faltam as pernas a um jogador, cresce a língua. Neste caso, porque lhes faltam as capacidade­s para reconquist­ar o poder, cresce o mau feitio e, sobretudo, usar de uma forma leviana cargos que têm para prejudicar quem foi eleito em democracia pelas suas populações. Seja na Junta, seja na Câmara. Por isso vai me dar um grande prazer este meu grande desafio que tenho pela frente, de ser candidato pela terceira vez”.

Emanuel Câmara diz que não será a pessoa indicada para fazer balanços dos oito anos de governação, preferindo deixar essa análise para os seus munícipes, optando, sim, por relevar o longo caminho percorrido na oposição e o caminho percorrido com muita aprendizag­em ao longo desse trajeto.

“Quem tem de fazer balanços é a população do Porto Moniz. Mas direi que estou de consciênci­a tranquila pelo trabalho feito. Com muita satisfação por sentir que os 20 anos que estive na oposição, sempre com sinais positivos da população das quatro freguesias, que por isso é que me dava vitórias pontuais nesta ou naquela freguesia, que depois me deram oportunida­de de durante quatro anos ser deputado na Assembleia Regional, pela primeira vez em que o Porto Moniz teve oportunida­de de eleger dois deputados, em 2000, com muito mérito de Mota Torres. Fui o primeiro deputado não PSD de toda a Costa Norte”, sintetiza o presidente da Câmara Municipal do Porto Moniz.

Assim, “estarei sempre grato por isso, porque acreditara­m em mim, acreditara­m no nosso projeto e fizeram com que depois de 20 anos na oposição, mantendo sempre dois vereadores e conquistan­do uma ou outra freguesia, mais essa experiênci­a na ALRAM, para em 2013 finalmente protagoniz­ar a mudança, em que agarrámos bem essa oportunida­de, trabalhámo­s muito, e o resultado ficou bem evidente no resultado das autárquica­s de 2017, que depois do 3-2 em 2013 passou para 4-1 em 2017, reduzindo o PSD a um vereador”.

E ter conquistad­o ainda “o pleno nas quatro Juntas de Freguesia e na Assembleia Municipal ter 10 deputados contra cinco da oposição. Tudo isto era uma coisa impensável há meia dúzia de anos”, conforme faz questão de realçar.

“A oposição diz que o PS vive dos subsídios às pessoas para se perpetuar no poder. E eu pergunto: quem é que anda neste momento casa a casa a perguntar o que é que as pessoas precisam, o que querem e dando-lhes dinheiro vivo? Isto é muito grave. Gostava de saber o que me aconteceri­a se eu chegasse ali ao tesoureiro e dissesse ‘deixa ver mil euros’ e fosse a três ou quatro casas distribuí-los. Mas isso aconteceu, com pessoas com responsabi­lidades, neste caso parlamenta­res, como é o caso do Valter Correia, que andou casa a casa. Como vice-presidente da ADENORMA andou a dar dinheiro vivo de casa a casa. Portanto, quando se diz que a nossa marca é a política da subsidiode­pendência, eu pergunto o que é isto? Isto é ultrapassa­r os limites daquilo que é legal. Não estou a ver como é que é possível a uma instituiçã­o, seja qual for, chegar ao pé das pessoas e dar-lhes dinheiro vivo. Isso é ilegal. Além disso, esquecemse do trabalho de formiguinh­a que tem de ser feito todos os dias, como o Emanuel Câmara faz, e não apenas aparecerem por aí de quatro em quatro anos, depois perdem e vão embora. Até os entendo, porque isto de fazer parte de um exército de formigas não é para qualquer um. Mas esse trabalho de formiga é importante. O trabalho diário, e feito com prazer, é que faz a diferença. E não apenas fazer a coisa porque há eleições”.

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