Mais dinamização
A freguesia da Ribeira da Janela tem apenas 228 habitantes [Censos 2011] e a maioria da população é idosa. Os jovens rumam cedo a outros destinos, fora e dentro da Região, para fazerem as suas vidas em terras de mais oportunidades.
Tirando um ou outro carro de turistas que se vê passar, os rostos são sempre iguais, numa localidade que tem hoje mais casas do que gente.
“É preciso algo que chame a juventude”, indicou ao JM Rosana Castro, enquanto servia cafés a um grupo de homens que, com as roupas sujas de terra, davam a entender que faziam da agricultura o seu labor diário, não fosse esta uma das atividades mais vigorosas desta localidade.
“Convém é trazerem [juventude] uma enxada”, intrometeu-se, brincando, um dos residentes que preferiu não se identificar.
Sendo esta uma população idosa, aqui nem multibanco há até porque “não percebem [população mais idosa] dessas tecnologias”, atirou o mesmo homem. Assim sendo, para o levantamento de reformas os residentes têm de se dirigir até ao Porto Moniz. Na verdade, é no centro do concelho onde tudo acontece. A única coisa que é cobrada de porta em porta é a água, explicou Rosana Castro.
Até para ir aos correios há horários específicos. De manhã é num sítio e à tarde é em outro. “Quem quiser ir aos correios de manhã tem de ir a São Vicente e durante a tarde é no Porto Moniz”, apontou a freguesa.
Importante para levar mais pessoas à Ribeira da Janela seria, conforme vincou, sinalização que indicasse algumas das atrações turísticas da zona. “Há pessoas que chegam aqui, dão a volta e não sabem que lá em cima há o Fanal, as levadas, os próprios bares e miradouros… com placas informativas ia chamar mais a atenção”, realçou.
É quase como encontrar uma agulha num palheiro, mas o JM. subindo a estrada regional até à Eira da Achada, deparou-se com um dos poucos rostos jovens desta localidade.
“Aqui há mais casas do que gente”, começou por frisar José Diogo, de 19 anos, que referiu que na freguesia existe apenas cerca de 15 jovens, com idades compreendidas entre os 3 e os 20 anos. Disse que se não fosse a covid já não estaria cá. Os seus planos são outros e bem longe de Portugal. “Se não fosse a pandemia estava em Londres a trabalhar. Depois só virei em férias”, vincou.
Entre os caminhos percorridos na Ribeira da Janela, saltou à vista a construção de uma nova estrada, que terá início na saída da via rápida e termina na zona da Fajã Redonda. Questionado pelo nosso Jornal, o jovem explicou que se trata de um caminho alternativo no caso de acontecer alguma derrocada na estrada principal. No entanto, a obra servirá diariamente como caminho agrícola. “No meu ver não tem assim tanta importância”, sublinhou.
Além disso, indicou que nos últimos anos poucas foram as novidades e lamenta o facto de a autarquia promover pouco aquilo que ali há. “Temos quatro alojamentos locais, mas são sítios que quase ninguém conhece. Falta a Câmara dinamizar a freguesia para chamar população”, destacou.
Reconhece as ajudas que o executivo camarário concede à população mais idosa, mas no que às camadas mais jovens diz respeito “não há nada que faça as famílias virem para aqui residir. Há apenas ajudas nas creches, transporte escolar e livros”, vincou.