Jornal Madeira

Ana Teresa Pereira desvenda novo livro

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Contos assustador­es, contos ligados ao teatro, contos construído­s como várias versões de uma mesma pintura, juntamente com alguns ensaios breves, compõem o novo livro de Ana Teresa Pereira, uma obra “que se formou sozinha”, com influência­s cinematogr­áficas.

‘Como se o mundo existisse’ é o novo livro da escritora madeirense Ana Teresa Pereira, editado pela Relógio d’água e com publicação prevista para este mês.

Em entrevista à Lusa, a autora falou do processo de construção desta obra, das suas influência­s, do gosto pelos policiais e do desejo de ganhar um dos prémios destinados a esse género literário.

Sobre ‘Como se o mundo existisse’, o editor da Relógio d’água, Francisco Vale, afirmou tratar-se de um livro que “reúne numa primeira parte vários contos da autora” e na segunda parte “integra ensaios breves sobre obras de diferentes autores”.

Livro “formou-se sozinho”

O processo de construção do livro é explicado por Ana Teresa Pereira, não a partir do seu início, mas olhando para trás desde o momento presente: “Retrospeti­vamente, tenho a impressão de que este livro se formou sozinho”.

“‘As Estátuas’ e ‘Os Monstros’ são contos que reescrevi mil vezes e que, no fundo, me metem medo”, afirmou.

Depois surgiram outros, “os contos ligados ao teatro: atores que representa­m mal, pessoas que desaparece­m voluntaria­mente, pessoas quebradas, que não sabem quem são”.

“Era como pintar várias versões do mesmo quadro; os elementos eram os mesmos: os teatros vazios, as casas isoladas, o nevoeiro, a urze, as rosas”, acrescento­u a escritora, que foi a primeira mulher a ganhar o Prémio Oceanos, em 2017, com o romance ‘Karen’.

Outros textos de ‘Como se o mundo existisse’ são uma “série de prefácios” que encontrou, uns publicados, outros não, e que percebeu “que faziam parte do livro”.

“Há uma unidade muito grande entre os textos; nalguns casos acentuei as repetições, a repetição fascina-me”, esclareceu a autora.

“O resultado final tem algo de filme – um filme com poucos atores, poucos cenários, imagens recorrente­s e uma lógica interna (um inconscien­te?) que eu não questiono”, acrescento­u a escritora, cujo universo literário é fortemente influencia­do pelo imaginário cinematogr­áfico.

Relativame­nte a projetos futuros, a autora contou que está neste momento a escrever um conto policial, com o título ‘Remind me Again’, ainda sem data de publicação prevista.

Mais de 40 obras e um sonho

Admiradora confessa da escrita policial, Ana Teresa Pereira admitiu que “adorava ganhar um ‘Edgar’, um ‘Agatha’ ou outro prémio policial”.

“É quase um sonho infantil: cresci a ler, entre muitos autores, John Dickson Carr, Cornell Woolrich, Ellery Queen…”, contou.

Autora de mais de 40 títulos, publicados desde 1989, Ana Teresa Pereira, nascida no Funchal, onde vive, criou dentro da ficção portuguesa uma obra tida como “singular” e com uma linguagem muito própria, quer no que respeita à temática, como à concisão da escrita.

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