Jornal Madeira

60% dos madeirense­s não podem pagar uma semana de férias

- Por Lúcia M. Silva lucia.silva@jm-madeira.pt

Gozar férias fora de casa é ainda, para muitos madeirense­s, um verdadeiro luxo.

De acordo com a série retrospeti­va publicada em maio deste ano pela Direção Regional da Estatístic­a da Madeira (DREM) sobre o Rendimento e Condições de Vida entre 2017 e 2020, cerca de 60% dos madeirense­s não têm capacidade para pagar uma semana de férias por ano, fora de casa.

E desengane-se se pensa que é por causa da pandemia. Embora a crise pandémica tenha vindo a agravar a situação financeira de muitas famílias, o quadro publicado pela DREM revela que a incapacida­de de fazer férias fora de casa não é de agora.

Em 2018, os mesmos dados demonstram que 60% da população residente na RAM não o podia fazer, baixando essa percentage­m ligeiramen­te em 2019, para 58,4%. Em 2020 chegou a pandemia e o número de pessoas sem dinheiro extra para viajar voltou a subir ligeiramen­te, desta vez para os 60,7%.

Aliás, os mesmos dados estatístic­os revelam também outra dura realidade: em 2020, 51,5% da população não tinha capacidade económica para assegurar o pagamento imediato de uma despesa inesperada sem recorrer a empréstimo. Curiosamen­te, um ligeiro aumento em relação ao constatado em 2019, mas uma diminuição em 1,7% pontos percentuai­s quando comparado com o ano de 2018.

Neste momento, quem está a viajar para o território nacional e recorre às agências de viagens está a fazê-lo sobretudo por motivos profission­ais ou familiares.

Canárias nas preferênci­as

Ainda que mais de metade da população residente na Madeira não tenha capacidade para pagar uma semana de férias por ano, fora de casa, os que conseguem estão, desde 2020, condiciona­dos por causa da pandemia.

As agências de viagens retomam, aos poucos, a sua atividade e, mesmo perante a incerteza do tempo em que vivemos, já estão a conseguir gerir algumas reservas. Nada que se compare aos anos anteriores a 2020. A procura é ainda tímida e são muito poucos os que arriscam voos de longa distância.

Segundo Jorge Sargo, consultor de viagens da Intertours, ultimament­e, a maioria dos pedidos para orçamentos ou reservas que chegam aos balcões daquela agência de viagens é essencialm­ente para as Ilhas Canárias e os cruzeiros. Em média, os orçamentos pedidos não excedem os 1.500 euros por casal e há ainda muitos receios associados à covid-19, os mesmos que têm levado, frequentem­ente, a muitas desistênci­as ainda antes da compra das viagens.

O continente português, muito por conta da situação pandémica instável, também não está a ter este ano a procura de outros anos.

Neste momento, quem está a viajar da Madeira para o território nacional e recorre às agências de viagens está a fazê-lo sobretudo por motivos profission­ais ou familiares. As viagens em família, com pacotes de férias incluídos, são ainda pouco expressiva­s.

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