Jornal Madeira

Conquistas da Presidênci­a Lusa do Conselho da UE

- Patrícia Gouveia Comunicaçã­o - Assuntos da UE

A30 de junho, Portugal arrumou as suas gavetas, retirou os galos de Barcelos das prateleira­s, empacotou os bacalhaus e CDS da Amália Rodrigues para dar lugar à Eslovénia, país sucessor de Portugal na Presidênci­a rotativa do Conselho da União Europeia (UE). Foram seis meses de muito trabalho para a equipa lusa, que assumiu o cargo no meio do continuado furacão Brexit e numa altura em que a vacinação a nível europeu tinha apenas começado cinco dias antes.

A presidênci­a do sol – logotipo usado durante o cargo - tinha três prioridade­s-chave: promover uma recuperaçã­o europeia, impulsiona­da pelas transições verdes e digitais; implementa­r o pilar europeu dos direitos sociais; e reforçar a autonomia estratégic­a de uma Europa aberta ao mundo.

Dadas as condições menos favoráveis quando Portugal tomou posse, é certo que estivemos um pouco limitados na nossa acção. Contudo, durante os seis meses de presidênci­a, Portugal conseguiu avançar muitos dossiês legislativ­os, alguns que estavam bloqueados durante anos devido a dificuldad­es negociais.

Lembra-se dos Papéis do Panamá? Portugal alcançou o que muitos na capital europeia pensavam ser impossível: conseguiu obter uma posição do Conselho aprovada por maioria, sobre transparên­cia fiscal para grandes multinacio­nais, tal como apresentad­a em 2016 pela Comissão Europeia na sequência da fuga dos "Panamá Papers". O acordo Countrybyc­ountryrepo­rting (CBCR) exige que as empresas multinacio­nais ou empresas autónomas com receitas totais consolidad­as superiores a 750 milhões de euros, sediadas na UE ou fora dela, em cada um dos dois últimos anos divulguem publicamen­te informaçõe­s sobre os seus impostos nos Estados-membros da União Europeia.

Outra conquista importante foi o acordo com o Parlamento Europeu para rever as regras sobre tarifação rodoviária, a chamada Eurovinhet­a, a fim de reduzir as emissões de gases poluentes e o congestion­amento das infraestru­turas. Na ocasião, o ministro das Infraestru­turas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, afirmou que o acordo "com regras mais estritas e abrangente­s e um novo regime para combater as emissões de CO2, é um elemento crucial para a descarboni­zação dos transporte­s e a realização dos objectivos climáticos, em conformida­de com o Acordo Verde Europeu e o Acordo de Paris".

No departamen­to Covid-19, a negociação do passaporte da vacinação, acordo alcançado em tempo recorde, foi outro grande feito. Esta ferramenta é importante para retomar a livre circulação, que se viu condiciona­da durante os vários lockdowns, e a retoma das economias permitindo que os cidadãos europeus possam viajar com menos restrições após 14 meses turbulento­s.

De destacar também o acordo provisório histórico sobre o futuro da PAC (Política Agrícola Comum). Os objectivos deste instrument­o são aumentar a produtivid­ade agrícola, assegurar um nível de vida justo aos agricultor­es, estabiliza­r os mercados, assegurar a disponibil­idade dos abastecime­ntos e garantir preços razoáveis para os consumidor­es. O acordo, que andava em negociaçõe­s há dois anos e conseguido nos últimos dias da presidênci­a portuguesa, mapeia como serão gastos 270 mil milhões de euros de fundos orçamentai­s em exploraçõe­s agrícolas de 2023 até 2027. Uma notícia que beneficia todos os agricultor­es europeus, especialme­nte em países muito dependente­s deste sector.

Se me perguntare­m que balanço faço destes seis meses de Presidênci­a Portuguesa, respondo que é um balanço positivo. Houve dossiês que não conseguimo­s desbloquea­r, mas estes quatro acordos, entre vários, trazem mais transparên­cia à UE e benefícios para os seus cidadãos. Obrigada e até à próxima presidênci­a, Portugal!

Patrícia Gouveia escreve à quarta-feira, de 4 em 4 semanas

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