Jornal Madeira

Não brinquem com as nossas Comunidade­s!

- Carlos Fernandes Deputado na ALRAM

Esta semana começou com a notícia de uma crise nas ruas de Joanesburg­o, na África do Sul, provocada por pessoas que estão contra a prisão do antigo presidente, Jacob Zuma. Um cenário que preocupa a Região, pois são muitos os madeirense­s que lá residem.

São milhares a residir, atualmente, naquele país, e não estão propriamen­te à procura de noções políticas ou de palavras simpáticas (embora isso até possa ser um bom começo).

Numa altura em que precisam de nós, são desnecessá­rias as distrações políticas que em nada favorecem a situação de quem está longe. Infelizmen­te, o Partido Socialista, num momento de alucinação, procurou lucrar politicame­nte com o infortúnio destes madeirense­s ao atacar o Governo Regional. O responsáve­l do PS Madeira, Paulo Cafôfo, teve a lata de exigir a intervençã­o do Executivo na situação dramática que vive a nossa comunidade na África do Sul.

Quero deixar um desafio a este mesmo elemento e aos restantes deputados do PS: tenham seriedade nas vossas palavras e ações, deixem o desespero e não se apropriem das nossas Comunidade­s, usando-as como arremesso político para agir contra o Governo Regional, principalm­ente porque este órgão não tem funções de Estado.

Em vez destes momentos desmedidos, que transparec­em o lado obscuro do PS, deveriam, evidenteme­nte, exercer pressão política sobre o Governo da República, o único com funções de Estado. O mesmo se aplica à Madeira e aos restantes partidos aqui existentes: devemos insistir e reforçar este exercício em prol da África do Sul.

A propósito, na semana passada, foi pela Venezuela que eu pedia uma ação concreta e pressão política ao Estado para que houvesse ajuda humanitári­a, vacinas e eleições livres e justas naquele país.

A representa­r o PSD Madeira, participei em reuniões com os deputados social democratas à Assembleia da República e com a Eurodeputa­da social democrata, Cláudia Monteiro Aguiar.

Na Madeira, o Presidente da Assembleia Legislativ­a, o Grupo Parlamenta­r do PSD e vários elementos do Governo, incluindo o Vice-presidente, Pedro Calado, receberam os três representa­ntes políticos da Venezuela e concordara­m em fazer pressão política ao Governo da República. Pois, lamentavel­mente, a situação da Venezuela continua a piorar.

A ditadura venezuelan­a apresentou novamente a sua pior cara. Utilizou as forças de segurança pública para perseguir os deputados da sua Assembleia Legítima. Primeiro, sequestram o deputado Freddy Guevara; horas depois, tentaram fazer o mesmo com o Presidente Legítimo da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó.

Amarraram e espancaram os seus seguranças privados, não se importando com famílias, mulheres e crianças que vivem naquele mesmo prédio. É importante destacar que, senão fosse pela coragem dos vizinhos e pela dos jornalista­s que lá chegaram, o próprio Juan Guaidó tinha sido sequestrad­o por aquele regime ditatorial.

Temos mais de 400 mil portuguese­s e lusodescen­dentes na Venezuela. Portugal tem, portanto, uma responsabi­lidade acrescida nesta luta.

A Presidênci­a Portuguesa no Conselho da União Europeia acabou e nada fez em prol desta situação. Teve a oportunida­de de estar do lado certo da história, mas falhou, deixando cair o assunto no esquecimen­to. Muito mais se podia fazer, mas foi mais fácil, para os socialista­s portuguese­s, escolher o caminho da cobardia e do silencio. A palavra de solidaried­ade, por vezes, é um bom início, mas sozinha não chega. Tem de ser acompanhad­a por ações e soluções concretas, mas, sobretudo, com a proteção das nossas Comunidade­s.

Nós continuare­mos a fazer o que nos compete. Juntem-se a nós.

Carlos Fernandes escreve à quarta-feira, de 4 em 4 semanas

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