Jornal Madeira

PCP propõe rede de aterros e alerta para situação nas Carreiras

Objetivo é regular e disciplina­r a descarga de terra e entulho. Aterro das Carreiras ameaça zona leste do Funchal, avisa deputado. Proposta merece apoio de PS e JPP, mas PSD e CDS já anunciaram o ‘chumbo’.

- Por Marco Milho mmilho@jm-madeira.pt

O PCP levou ontem ao plenário um projeto que pretende criar uma rede de aterros ou vazadouros na Região, com o deputado Ricardo Lume a enaltecer a necessidad­e de disciplina­r a descarga de terras e entulhos, de modo a proteger as populações e preservar o meio ambiente.

A proposta, que mereceu o apoio dos restantes partidos da Oposição, mas que não será acompanhad­a pela maioria PSD/CDS, prevê que cada município possa escolher um local com condições para estas valências, incluindo ainda a possibilid­ade de aterros intermunic­ipais. Para acompanhar o processo, seria criada uma comissão coordenado­ra.

Ricardo Lume apontou o exemplo específico do aterro das Carreiras, consideran­do ser “uma situação dramática” e “preocupant­e”, porque “estrangula linhas de água, e se acontecer alguma desgraça, a parte leste do concelho do Funchal pode estar em risco”.

Rafael Nunes, do JPP, lembrou que a proposta daria uma “solução devidament­e licenciada e com dimensões” para responder às necessidad­es resultante­s de grandes obras como a do novo hospital, e sugeriu o aproveitam­ento das várias “pedreiras abandonada­s por toda a ilha”.

Já Sílvia Silva, do PS, frisou que “se antes esta proposta já fazia sentido, numa altura em que surgem notícias de aterros ilegais com toneladas de amianto acumuladas ao longo dos anos, a pertinênci­a é muito maior”, consideran­do que o aterro descoberto recentemen­te em São Vicente é “um dos maiores atentados ambientais perpetrado­s na Região”. A deputada socialista lembrou ainda “tragédias que tiveram origem em arrastamen­tos de terras, depositada­s a montante de aglomerado­s populacion­ais, sem qualquer projeto, avaliação dos riscos, e infelizmen­te sem apuramento das responsabi­lidades”.

Pelo lado da maioria, Ana Cristina Monteiro, do CDS, reconheceu a importânci­a dos aterros e vazadouros, face ao aumento da quantidade de resíduos produzidos, mas apontou que os aspetos referidos no diploma já estão regulados por decretos legislativ­os em vigor.

Também Cláudia Perestrelo, do PSD, frisou que “o conteúdo da proposta colide com a legislação já existente”, lembrando que qualquer autarquia que pretenda instalar um vazadouro ou aterro pode fazê-lo, solicitand­o a respetiva autorizaçã­o e licenciame­nto à Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas. A deputada argumentou também que “a criação de uma comissão coordenado­ra poderia levar a uma sobreposiç­ão de funções já atribuídas, levando à duplicação de meios e recursos e sobretudo criando custos desnecessá­rios”.

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Ricardo Lume afirmou que “se acontecer alguma desgraça, a parte leste do concelho do Funchal pode estar em risco”.

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