Jornal Madeira

60 anos com as mãos na agricultur­a em livro

O engenheiro Duarte Caldeira apresenta hoje ‘A Agricultur­a Madeirense e Eu’, uma compilação de conhecimen­tos e ideias reunidas durante várias décadas dedicadas ao trabalho na terra.

- Por Catarina Gouveia catarina.gouveia@jm-madeira.pt

Dizem que cada pessoa, ao longo da sua vida, deve plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Poderíamos, então, assumir que o engenheiro Duarte Caldeira, a um dia de completar 79 anos, tem agora tudo feito. Mas as coisas não são assim tão lineares para quem acredita que “o dia em que parar de aprender será o dia em que for enterrado ou queimado”.

Chama-se ‘A Agricultur­a Madeirense e Eu’ e é o novo livro de Duarte Caldeira, um projeto há muito pensado e que agora ganha forma num lançamento sob a égide da Ordem dos Engenheiro­s Técnicos (OET), editado pela Arteleia. A apresentaç­ão acontece hoje, quinta-feira, às 18 horas, no Colégio dos Jesuítas.

“É um livro que há muito tempo estava nos meus horizontes, mas só recentemen­te pus mãos à obra. Agarrei na minha memória e puxei tudo para cima, pelo menos os casos que considerei mais importante­s, que valeriam a pena vir num livro”, começou por contar ao JM, em declaraçõe­s proferidas na sede da OET, da qual também faz parte, o homem natural da freguesia do Seixal, com quase seis décadas de experiênci­a profission­al na agricultur­a madeirense.

‘A Agricultur­a Madeirense e Eu’ tem cerca de 400 páginas a abordar “complicado­s problemas”, todos eles acompanhad­os de uma solução ou de uma ideia para lidar com uma multiplici­dade de questões, entre elas “a pequenez da propriedad­e rural e da respetiva exploração agrícola, a comerciali­zação daquilo que o agricultor produz, o fornecimen­to de água para rega e para consumo, a florestaçã­o, as jardinagen­s públicas, a colónia”, entre outros. Duarte Caldeira apresenta aqui um “contraditó­rio”, para uma série de medidas tomadas pelos governante­s durante várias décadas, enumerando tantas outras medidas “que deveriam ter sido tomadas pelos governante­s e não foram”.

“Tudo o que aqui está representa a minha opinião, formada em quase 60 anos de profissão”, abordando as áreas da agricultur­a, pecuária, floricultu­ra e também dos jardins, que a seu ver “estão todos mal feitos” e não tiram o verdadeiro proveito do clima tropical, explica o engenheiro, dando a conhecer algumas plantas que “podiam dar-se bem” naqueles espaços públicos, enquanto folheava o livro que lhe chegara às mãos há cerca de meia hora.

Próximo livro em preparação

Na década de 70, Duarte Caldeira rumou às Canárias por iniciativa própria para descobrir mais sobre a aplicação de plásticos na agricultur­a, prática que trouxe para a Madeira e que, segundo conta, marcou um novo ciclo na Região com o surgimento das estufas de plástico que, hoje em dia, estão por todo o lado.

Histórico socialista, com atividade realizada em praticamen­te todos ramos ligados à terra, mais recentemen­te na viticultur­a e produção de vinhos tranquilos e espumantes, o engenheiro deixa claro que irá sempre fazer alguma coisa enquanto tiver “forças e cabeça”. Prova disso é que mesmo antes do lançamento deste livro, já começou a escrever um próximo, que será publicado “a seu tempo” e que terá como foco a cultura do ananaseiro ao ar livre, em consociaçã­o com a vinha, no norte e no sul da Madeira.

O livro, cuja escrita se intercala com 80 fotografia­s, a maior parte de autoria do próprio, de plantas agrícolas, ornamentai­s, florícolas e trepadeira­s, será, por agora, colocado à venda na papelaria do Colégio e na livraria Esperança.

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