60 anos com as mãos na agricultura em livro
O engenheiro Duarte Caldeira apresenta hoje ‘A Agricultura Madeirense e Eu’, uma compilação de conhecimentos e ideias reunidas durante várias décadas dedicadas ao trabalho na terra.
Dizem que cada pessoa, ao longo da sua vida, deve plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Poderíamos, então, assumir que o engenheiro Duarte Caldeira, a um dia de completar 79 anos, tem agora tudo feito. Mas as coisas não são assim tão lineares para quem acredita que “o dia em que parar de aprender será o dia em que for enterrado ou queimado”.
Chama-se ‘A Agricultura Madeirense e Eu’ e é o novo livro de Duarte Caldeira, um projeto há muito pensado e que agora ganha forma num lançamento sob a égide da Ordem dos Engenheiros Técnicos (OET), editado pela Arteleia. A apresentação acontece hoje, quinta-feira, às 18 horas, no Colégio dos Jesuítas.
“É um livro que há muito tempo estava nos meus horizontes, mas só recentemente pus mãos à obra. Agarrei na minha memória e puxei tudo para cima, pelo menos os casos que considerei mais importantes, que valeriam a pena vir num livro”, começou por contar ao JM, em declarações proferidas na sede da OET, da qual também faz parte, o homem natural da freguesia do Seixal, com quase seis décadas de experiência profissional na agricultura madeirense.
‘A Agricultura Madeirense e Eu’ tem cerca de 400 páginas a abordar “complicados problemas”, todos eles acompanhados de uma solução ou de uma ideia para lidar com uma multiplicidade de questões, entre elas “a pequenez da propriedade rural e da respetiva exploração agrícola, a comercialização daquilo que o agricultor produz, o fornecimento de água para rega e para consumo, a florestação, as jardinagens públicas, a colónia”, entre outros. Duarte Caldeira apresenta aqui um “contraditório”, para uma série de medidas tomadas pelos governantes durante várias décadas, enumerando tantas outras medidas “que deveriam ter sido tomadas pelos governantes e não foram”.
“Tudo o que aqui está representa a minha opinião, formada em quase 60 anos de profissão”, abordando as áreas da agricultura, pecuária, floricultura e também dos jardins, que a seu ver “estão todos mal feitos” e não tiram o verdadeiro proveito do clima tropical, explica o engenheiro, dando a conhecer algumas plantas que “podiam dar-se bem” naqueles espaços públicos, enquanto folheava o livro que lhe chegara às mãos há cerca de meia hora.
Próximo livro em preparação
Na década de 70, Duarte Caldeira rumou às Canárias por iniciativa própria para descobrir mais sobre a aplicação de plásticos na agricultura, prática que trouxe para a Madeira e que, segundo conta, marcou um novo ciclo na Região com o surgimento das estufas de plástico que, hoje em dia, estão por todo o lado.
Histórico socialista, com atividade realizada em praticamente todos ramos ligados à terra, mais recentemente na viticultura e produção de vinhos tranquilos e espumantes, o engenheiro deixa claro que irá sempre fazer alguma coisa enquanto tiver “forças e cabeça”. Prova disso é que mesmo antes do lançamento deste livro, já começou a escrever um próximo, que será publicado “a seu tempo” e que terá como foco a cultura do ananaseiro ao ar livre, em consociação com a vinha, no norte e no sul da Madeira.
O livro, cuja escrita se intercala com 80 fotografias, a maior parte de autoria do próprio, de plantas agrícolas, ornamentais, florícolas e trepadeiras, será, por agora, colocado à venda na papelaria do Colégio e na livraria Esperança.