Empresários “arriscam” compra que lhes poderá valer a ‘sorte grande’
O GR vendeu, por ajuste direto, um terreno de mais de 30 mil metros quadrados, numa zona privilegiada do Porto Santo, por 445 mil euros. Os compradores dizem que agora “não é possível construir nada”, mas esperam que a situação seja desbloqueada.
O Governo Regional decidiu vender, por ajuste direto, um terreno no Porto Santo com 31.120 metros quadrados à empresa Ocean Shore Global Investments, Lda., por 445 mil euros.
O prédio rústico fica localizado no Sítio da Ponta, na parte sul da ilha, e compreende uma extensão de terra que vai desde a estrada regional até à praia (acesso direto). O executivo já tinha tentado vendê-lo em hasta pública em 2018, mas o concurso ficou deserto, por causa das alegadas dificuldades impostas pelo Plano de Urbanização que praticamente inviabilizam novas construções.
O Plano de Urbanização da Frente Mar Campo de Baixo/ponta da Calheta estabelece as regras para a extensão de terra a sul da estrada regional entre a Calheta e o Ribeiro Salgado, mas nos termos em que está definido “não se pode construir nada”, dada a interdependência de terrenos e de futuros projetos determinada no plano que acaba por dificultar o avanço de novas construções isoladas. E esta imposição legal tem afastado os investidores.
“Nós temos ali terrenos que supostamente têm muito valor e que estão ligados à praia, mas não valem nada porque não se pode construir”, disse, ao JM, Sérgio Franco, gerente da consultora de projetos OPTCOM, dona de metade da Ocean Shore, a sociedade que acaba de acertar com o governo a compra do terreno.
Sérgio Franco diz que a Ocean Shore decidiu “arriscar” o negócio porque acredita que futuramente a situação será alterada.
“Nós estamos no mercado de investimento e percebemos que há um dia, mais cedo ou mais tarde, em que isto tem de ser resolvido”, mencionou o também arquiteto. Do seu ponto de vista, há duas maneiras de o solucionar: ou o Plano de Urbanização é revisto (e legalmente poderá sê-lo em 2022 porque perfaz dez anos da sua criação) ou o Plano Diretor Municipal é revisto (e também pode ser mexido porque tem 22 anos). A esperança dos investidores é que na revisão de um ou de outro sejam retiradas as atuais limitações e permita que cada proprietário possa concretizar os seus projetos individuais.
Sem as restrições, os 31.120 metros quadrados valerão muito mais do que os 445 mil euros que a empresa acabou de pagar. A acontecer, a empresa poderá avançar para um projeto de turismo residencial em parceria com alemães e austríacos ou até mesmo vendê-lo fazendo render os ganhos do risco assumido.
Ao JM, Sérgio Franco garante ainda que a Ocean Shore não representa nenhum “grupo interessado”, a não ser ele próprio e o sócio, “dois pequenos empresários”.