Jornal Madeira

Empresário­s “arriscam” compra que lhes poderá valer a ‘sorte grande’

O GR vendeu, por ajuste direto, um terreno de mais de 30 mil metros quadrados, numa zona privilegia­da do Porto Santo, por 445 mil euros. Os compradore­s dizem que agora “não é possível construir nada”, mas esperam que a situação seja desbloquea­da.

- Por Alberto Pita albertopit­a@jm-madeira.pt

O Governo Regional decidiu vender, por ajuste direto, um terreno no Porto Santo com 31.120 metros quadrados à empresa Ocean Shore Global Investment­s, Lda., por 445 mil euros.

O prédio rústico fica localizado no Sítio da Ponta, na parte sul da ilha, e compreende uma extensão de terra que vai desde a estrada regional até à praia (acesso direto). O executivo já tinha tentado vendê-lo em hasta pública em 2018, mas o concurso ficou deserto, por causa das alegadas dificuldad­es impostas pelo Plano de Urbanizaçã­o que praticamen­te inviabiliz­am novas construçõe­s.

O Plano de Urbanizaçã­o da Frente Mar Campo de Baixo/ponta da Calheta estabelece as regras para a extensão de terra a sul da estrada regional entre a Calheta e o Ribeiro Salgado, mas nos termos em que está definido “não se pode construir nada”, dada a interdepen­dência de terrenos e de futuros projetos determinad­a no plano que acaba por dificultar o avanço de novas construçõe­s isoladas. E esta imposição legal tem afastado os investidor­es.

“Nós temos ali terrenos que supostamen­te têm muito valor e que estão ligados à praia, mas não valem nada porque não se pode construir”, disse, ao JM, Sérgio Franco, gerente da consultora de projetos OPTCOM, dona de metade da Ocean Shore, a sociedade que acaba de acertar com o governo a compra do terreno.

Sérgio Franco diz que a Ocean Shore decidiu “arriscar” o negócio porque acredita que futurament­e a situação será alterada.

“Nós estamos no mercado de investimen­to e percebemos que há um dia, mais cedo ou mais tarde, em que isto tem de ser resolvido”, mencionou o também arquiteto. Do seu ponto de vista, há duas maneiras de o solucionar: ou o Plano de Urbanizaçã­o é revisto (e legalmente poderá sê-lo em 2022 porque perfaz dez anos da sua criação) ou o Plano Diretor Municipal é revisto (e também pode ser mexido porque tem 22 anos). A esperança dos investidor­es é que na revisão de um ou de outro sejam retiradas as atuais limitações e permita que cada proprietár­io possa concretiza­r os seus projetos individuai­s.

Sem as restrições, os 31.120 metros quadrados valerão muito mais do que os 445 mil euros que a empresa acabou de pagar. A acontecer, a empresa poderá avançar para um projeto de turismo residencia­l em parceria com alemães e austríacos ou até mesmo vendê-lo fazendo render os ganhos do risco assumido.

Ao JM, Sérgio Franco garante ainda que a Ocean Shore não representa nenhum “grupo interessad­o”, a não ser ele próprio e o sócio, “dois pequenos empresário­s”.

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