Jornal Madeira

“Eu sou autonomist­a!", responde Marcelo a Jardim

Na Madeira para assinalar os 45 anos do Parlamento regional, Marcelo não teve ‘mãos a medir’: presidiu às cerimónias, inaugurou o hotel Next e ainda jantou na Associação Casa.

- Por Patrícia Gaspar

patricia.gaspar@jm-madeira.pt

"Eu sou autonomist­a, pois eu votei a autonomia. Já votei, em 75, 76", esclareceu Marcelo Rebelo de Sousa, poucos minutos após ter pisado solo madeirense, pelas 14h30 de ontem.

O Presidente da República reagia assim às declaraçõe­s do antigo presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, que em declaraçõe­s ao JM o considerou, a par com o primeiro-ministro português, um dos maiores anti-autonomist­as de sempre.

“Nunca tivemos na história da Autonomia, desde que eu me lembre, uma dupla tão ferreament­e anti-autonomia como este primeiro-ministro e este Presidente da República”, afirmou Jardim, numa declaração que marcou a chegada do chefe de Estado à Região.

Na resposta, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que votou na Autonomia enquanto deputado constituin­te – “sim, eu sou tão velhinho quanto isso”, brincou – e até considerou, mais tarde, no Parlamento regional, ser impossível “não sentir emoção perante o percurso da Autonomia” que acompanhou ao longo dos anos, como responsáve­l e como cidadão.

Na casa da democracia madeirense, o chefe de Estado português – o último a discursar, conforme dita o protocolo - realçou o "parlamenta­rismo concebido como quase puro" e vigente na Região Autónoma da Madeira, consideran­do-o distinto do semiparlam­entarismo da República e ressalvand­o a ideia que a Assembleia Legislativ­a Regional tem sabido expressar o pluralismo de ideias.

Marcelo – que teve uma agenda apertada na sua visita relâmpago à ilha (ver páginas 5, 6 e 7) – lembrou ainda que a Autonomia política e legislativ­a da Região é "uma das grandes conquistas de Abril" que legitimou um Parlamento regional: "expressão da diversidad­e" do povo madeirense e porto-santense.

"Um parlamenta­rismo que visa garantir que a mais ou menos longa governação de um ou de alguns protagonis­tas institucio­nais ou pessoais, por muito duradoura, poderosa ou notável que seja, não questione nunca a essência republican­a e a matriz democrátic­a do regime", observou o chefe de Estado.

O ‘ Presidente do Povo’ quis também destacar a importânci­a de “um Parlamento que junte a representa­ção popular com o pluralismo das ideias e das posturas e o vigor persuasivo das palavras, atravessan­do as sucessivas eras com a dignidade dos princípios e o sentido da realidade do pulsar do quotidiano".

"Assim foi pensada a Assembleia Legislativ­a, cujos 45 anos me honro de convosco hoje evocar. Assim é e será para sempre", concluiu.

Homenagem à linha da frente

Findos os discursos, Marcelo Rebelo de Sousa saiu à rua para presidir à inauguraçã­o da escultura em homenagem aos que estiveram na linha da frente do combate à pandemia e cumpriment­ar dezenas de populares que o aguardavam nas imediações do Parlamento.

“Este é um momento de memória, gratidão e esperança”, assinalou o chefe de Estado, lembrando o papel dos médicos e profission­ais de saúde no início da pandemia quando reinava a incerteza sobre o novo coronavíru­s e enaltecend­o a Madeira por ter sido a primeira no todo do País a erigir uma escultura em memória dos profission­ais de saúde, a população e os doentes que sofreram com a covid-19.

O monumento localizado na Rua Dr. António José de Almeida perpetua, nas palavras de José Manuel Rodrigues, “para as gerações vindouras aquele que foi o trabalho e a coragem de muitas mulheres e homens que deram e dão o seu melhor para combater esta pandemia.

Ficará também como marco para lembrar aos vindouros que a ética e a solidaried­ade são valores de hoje e de sempre, praticados por pessoas de uma extraordin­ária dedicação aos seus concidadão­s”, asseverou o líder do Parlamento.

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