Jornal Madeira

Andamos aqui há tanto tempo sem nada aprender

- Raquel Coelho raquelcoel­hoptp@gmail.com

Não mordas a mão que te dá de comer". Não há provérbio que melhor se aplique ao poder local. Que o diga o presidente da Junta de Freguesia de Água de Pena do PS, que recentemen­te foi o protagonis­ta, de mais um triste episódio da nossa democracia. Acusado publicamen­te pela CDU, de chantagear com o corte de eventuais apoios sociais proporcion­ados pela Junta de Freguesia alguns dos candidatos do partido, que haviam formalizad­o os seus requerimen­tos de "Certidão de Eleitor" junto daquele órgão de poder local, para concorrer às eleições autárquica­s.

Os socialista­s negaram o sucedido, mas todos nós já sabemos o que a casa gasta. Faz parte do "pão nosso de cada dia" do poder local este tipo de práticas.

Todos os anos eleitorais somos confrontad­os com notícias do género. Eu própria já formalizei várias queixas junto da Comissão Nacional de Eleições por intimidaçõ­es e chantagens a candidatos do PTP numa tentativa de dissuadi-los da sua candidatur­a. A diferença é que a alguns anos atrás as queixas eram só contra o PSD, agora também ocorrem contra o PS. É a prova que andamos aqui há tanto tempo sem nada aprender! Quando pensamos que se trata de um problema exclusivo do partido A, B ou C rapidament­e constatamo­s que a intolerânc­ia e a falta de espírito democrátic­o são transversa­is. Escolhe-se autarcas com a formação democrátic­a e cívica de um alfinete e o resultado são caciques provincian­os com comportame­ntos grotescos e tipicament­e africanos.

Há quatro anos atrás, enquanto cabeça de lista pelo PTP à Câmara do Funchal, fiz várias denúncias públicas contra elementos da Coligação Confiança por violação dos deveres de neutralida­de dos titulares de cargos públicos. Desta vez, integram a Coligação Confiança: o PS, o BE, o MPT, o PAN e o PDR. Nada mau para quem tem fama de ser mau parceiro, não esqueçamos que partidos como PND, PTP e JPP se demarcaram em absoluto da gestão autárquica do PS, com duras críticas, na Câmara do Funchal.

O BE manteve-se por um fio, a opção não foi consensual, com um pesado custo para o partido, completame­nte desmembrad­o, dividido entre os militantes a favor e os contra a Coligação Confiança. Serão o PS e a senhora vereadora Dina Letra, os protagonis­tas da Comissão Liquidatár­ia do Be-madeira?!

Há quatro anos atrás, enquanto cabeça de lista pelo PTP à Câmara do Funchal, fiz várias denúncias públicas.

O Nós, Cidadãos ficou de fora do entendimen­to, ao contrário do que estava inicialmen­te previsto por correr o risco de ser ilegalizad­o. Pelo que foi dito na imprensa, consta que não apresentou as contas do partido nos últimos três anos consecutiv­os ao Tribunal Constituci­onal. Curiosamen­te, o primeiro a denunciar a situação foi precisamen­te um dos partidos que integra a Coligação, o PDR. Em vésperas da concretiza­ção do acordo já andavam às turras. A coisa começou bem! Mas nada de surpreende­nte tendo em conta o historial dos intervenie­ntes. Até hoje não foi bem explicado a saída abrupta de Filipe Rebelo da empresa municipal Socio-habita (líder do Pdr/madeira). Inexplicav­elmente, disse sair de sua livre e espontânea vontade, para uma "licença sambática" (palavras do próprio), mas manteve o vencimento como se tivesse sido exonerado forçadamen­te do cargo, a título indemnizat­ório.

Depois do desastre das últimas coligações, uma coisa é certa, foi obra o PS conseguir reunir quatro partidos. Devem ter prometido tudo e mais um par de botas para conseguir convencê-los. Já vão na terceira edição da Coligação, será que, entretanto, aprenderam alguma coisa?

Raquel Coelho escreve à terça-feira, de 4 em 4 semanas

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