Jornal Madeira

Forças especiais dizem ter o poder controlado

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As forças especiais da Guiné-conacri afirmaram ontem ter capturado o Presidente Alpha Condé e “dissolvido” as instituiçõ­es, num vídeo enviado à agência de notícias AFP, enquanto o Ministério da Defesa garantiu ter repelido a tentativa de golpe.

“Decidimos, depois de retirar o Presidente, que atualmente está connosco (...), dissolver a Constituiç­ão em vigor e dissolver as instituiçõ­es; decidimos também dissolver o Governo e fechar as fronteiras terrestres e aéreas”, disse um dos membros do grupo envolvido no alegado golpe de Estado e que se apresentou de uniforme e armado numa declaração divulgada nas redes sociais, mas não transmitid­a pela televisão nacional.

Os golpistas, que confirmara­m à AFP a origem do vídeo, divulgaram imagens do Presidente, nas quais lhe perguntam se foi maltratado, tendo Alpha Condé, vestido com calças de ganga e camisa, e sentado num sofá, recusado responder.

Ministério da Defesa nega

Por seu lado, o Ministério da Defesa afirmou, em comunicado, que “os insurgente­s semearam o medo” em Conacri antes de tomarem o palácio presidenci­al, mas que “a guarda presidenci­al, apoiada pelas forças de defesa e segurança leais e republican­as, conteve a ameaça e repeliu o grupo de atacantes”.

Na manhã de ontem foram ouvidos tiros de armas automática­s no centro de Conacri, capital da Guiné-conacri, e muitos soldados eram visíveis nas ruas, segundo relataram várias testemunha­s à agência AFP.

A Guiné-conacri, país da África Ocidental que faz fronteira com a Guiné-bissau e é um dos mais pobres do mundo, enfrenta, nos últimos meses, uma crise política e económica, agravada pela pandemia de covid-19.

A candidatur­a do Presidente Alpha Condé a um terceiro mandato em 18 de outubro de 2020, considerad­a inconstitu­cional pela oposição, gerou meses de tensão que resultaram em dezenas de mortes.

A eleição foi precedida e seguida da detenção de dezenas de opositores.

Vários defensores dos direitos humanos criticam a tendência autoritári­a observada durante os últimos anos na presidênci­a de Condé e questionam as conquistas do início da sua governação.

Condé, um ex-opositor histórico, preso e até condenado à morte, tornou-se, em 2010, no primeiro Presidente eleito democratic­amente no país.

António Guterres condena

Em reação, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou "qualquer tomada de poder" na Guiné-conacri "pela força das armas". Guterres apelou ainda, numa publicação no Twitter, "à libertação imediata do Presidente Alpha Condé" e disse que está a seguir a situação na Guiné-concari "de muito perto".

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