Buscas por turista desaparecido geram mal-estar entre PSP e proteção civil
A PSP não terá seguido o protocolo normal relacionado com ocorrências nas serras. Ao invés de informar e solicitar a intervenção da proteção civil, resolveu assumir inicialmente a investigação, pedindo apoio apenas 24 horas após o alerta inicial.
O desaparecimento de um cidadão francês de 35 anos no passado dia 1 de setembro está a deixar insatisfeitas algumas células e responsáveis do Serviço Regional de Proteção Civil (SRPC), já que não foi cumprido o Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro (SIOPS RAM).
O JM sabe que muitos responsáveis do SRPC e outros agentes de proteção civil ficaram surpreendidos – pela negativa – com a postura da PSP, uma vez que só foram informados da ocorrência através de uma notícia avançada pela Lusa, a que o JM deu eco na sua edição online no sábado. Mesmo assim, já depois de o caso ter sido mediatizado, o SRPC continuou a não participar numa ação que estava a ser realizada no seu campo de jurisdição, independentemente de ter de atuar sempre que existam suspeitas de cidadãos desaparecidos.
A verdade é que nas primeiras 24 horas depois do alerta da Embaixada de França para a PSP, quase não existiram buscas efetuadas pelos profissionais da proteção civil…
Ainda mais estranho, porque não cumpre o ‘modus operandi’ instituído para situações semelhantes na Região, foi o facto de ter sido o Comando Nacional da PSP a dar a notícia sobre o desaparecimento do cidadão francês, sem nunca ter contactado com as autoridades regionais de proteção civil.
Só no domingo, quase 24 horas depois do alerta inicial, é que o SRPC e restantes agentes de proteção civil foram informados de que havia um cidadão desaparecido nas serras da Madeira.
Terá falhado, portanto, o protocolo existente neste tipo de situações. Regra geral, a PSP informaria o SRPC de que existiria um cidadão desaparecido. Depois, caberia ao SRPC definir quais os meios de resgate e busca a afetar à ocorrência, convocando nomeadamente os agentes de proteção civil da respetiva área de atuação, especialmente os bombeiros, que são quem tem essa capacidade operacional dentro do sistema de socorro regional.
Ao invés, a PSP decidiu avançar sozinha para as buscas, coordenando equipas próprias, acabando por considerar este um caso de polícia porque considerará, segundo o que foi possível apurar junto de fonte próxima deste processo, que o cidadão que está a motivar as buscas estará incontactável e não desaparecido.
Neste último caso, é sempre o SRPC quem tem a responsabilidade de coordenar as buscas, como sempre foi feito. Mas não foi isso que aconteceu. Aliás, até ontem continuava a ser a PSP a liderar todo o processo de buscas.
Em paralelo com as buscas, as autoridades policiais podem avançar com a investigação, mas nunca podem substituir a proteção civil no seu papel, até porque a PSP é um agente da proteção civil e não é a proteção civil.