500 milhões de euros contra a covid-19
Ao fim de 15 meses de pandemia, o SESARAM já não é o mesmo. Aliás, tudo mudou. Isso mesmo reconheceram os vários intervenientes e convidados do seminário ‘Pandemia covid-19’, que decorreu esta quinta-feira para assinalar o 48.º aniversário do Hospital Dr. Nélio Mendonça.
De facto, praticamente em uníssono reiteraram o inevitável: a pandemia covid-19 não só constituiu um desafio sem precedentes para todos os setores da sociedade, como também veio expor as fragilidades dos sistemas de saúde de todo o mundo, obrigando os hospitais e unidades de saúde a redesenharem a forma de tratar doentes e a se adaptarem à nova realidade. E no caso do Serviço Regional de Saúde (SRS) não foi exceção.
A revolução foi significativa, mas o trabalho desenvolvido (e que ainda não terminou) deixa os profissionais orgulhosos, conforme sublinhou José Júlio Nóbrega, diretor clínico do SESARAM.
“A pandemia trouxe-nos a descoberta de que havia coisas que podíamos melhorar. Tivemos de nos reinventar e ainda hoje em dia temos muitas dúvidas”, lembrou, sublinhando ainda que é necessário olhar e aprender com o passado, mas também pensar no futuro. “Não vamos voltar a ser o que éramos antes, vamos ser melhores”, garantiu.
Também a marcar o ritmo da abertura deste colóquio esteve José Manuel Ornelas, enfermeiro diretor do SESARAM, que realçou todo o trabalho desenvolvido ao nível das direções clínicas, nomeadamente na definição de planos de contingência e das adaptações, nomeadamente com a instalação das zonas de triagem, a inauguração da unidade polivalente de covid, a readaptação da zona das consultas externas, entre muitas outras obras.
“Apesar de todos os receios e incertezas, ao longo de todos os meses foi uma operação de coragem e sucesso elogiada ao nível regional, nacional e internacional”, afirmou, garantindo que o investimento no SRS é para continuar.
Já Rafaela Fernandes, presidente do Conselho de Administração, considerou que a pandemia tornou ainda mais evidente a importância dos recursos humanos e das instituições de saúde, reiterando a necessidade de apostar na formação e valorização destes profissionais, tendo o SESARAM procurado investir na criação de novas carreiras e na atribuição de diversos subsídios.
Já de olhos postos no futuro, a responsável lembrou que até ao abrir de portas do novo hospital continuarão a existir necessidades inadiáveis que não podem ser descuradas, estando, por isso, previsto a melhoria de alguns serviços e intervenções em diversas infraestruturas do Hospital Dr. Nélio Mendonça, conforme já havia anunciado Júlio Nóbrega ao JM.
A nova realidade
Nesta manhã em que as questões em cima da mesa foram muitas, pelo púlpito passaram ainda diversos profissionais que deram o seu testemunho dos últimos meses de trabalho e re
A encerrar este seminário esteve Pedro Ramos, secretário regional de Saúde e Proteção Civil, que também recordou que rapidamente se percebeu que “o Serviço Regional de Saúde teria de funcionar de forma diferente” com a chegada da covid-19, considerando que o grande trunfo da Região nesta luta foi a articulação entre as áreas da saúde, do social e os privados.
Mais enalteceu o empenho do Governo Regional em controlar a evolução da pandemia no arquipélago, invenções do SESARAM, numa mesa redonda que se debruçou sobre as diversas unidades envolvidas no combate ao novo coronavírus na Região.
Desde o trabalho desenvolvido pela Unidade de Emergência em Saúde Pública, dado a conhecer pela voz de Maurício Melim, aos esforços e adaptações realizados pelos centros de saúde, sob a orientação de Fábio Camacho, e ainda pela Comissão Covid-19, coordenada por Margarida Câmara, é certo que os 15 últimos meses foram meses árduos e de aprendizagem.
“Se não fazemos mais é porque não somos capazes”, assegurou Maurício Melim, enumerando as diversas estratégias e decisões implementadas e defendendo que estas terão de ser alargadas com a chegada dos cruzeiros. Por outro lado, Fábio Camacho considerou que hoje estamos perante um hospital melhor. “É um hospital com mais experiência e que conta com mais e melhores recursos técnicos e físicos e com capital humano mais diferenciado e motivado”, disse.
Recuperação à vista
Do lado de fora do hospital, os desafios não foram menores, lembram os oradores. Ainda assim, a Madeira parece estar num bom caminho, conforme reiteraram Jorge Veiga França, presidente da ACIF, e Roberto Santa Clara, diretor da ANA Madeira, que partilharam com a plateia as dificuldades e incertezas vividas pelo setor económico.
“É preciso continuar a tratar da saúde de todos nós e da saúde das empresas, dos trabalhadores e das suas famílias”, enalteceu Jorge Veiga França, enquanto Roberto Santa Clara revelou que foi feito um grande esforço de conciliações entre os interesses de gestão pandémica e os dos passageiros. “Acreditamos que os próximos meses serão de uma contínua recuperação da atividade, mas não nos podemos iludir”, alertou ainda.
Já Sílvio Fernandes, reitor da Universidade da Madeira, defendeu a necessidade de “lutar pela intenção de aumentar a investigação científica” na Região, já que esta continua a ser um elemento crucial nas decisões políticas. tendo derramado quase 500 milhões de euros neste combate. “Só em testes atingimos 50 milhões de euros”, disse, lembrando ainda que o foco das autoridades de saúde foi o de testar massivamente e vacinar a população, esperando atingir-se, em breve, a meta dos 85%.
“Não tivemos problemas a vacinar jovens, nem vamos ter problema em administrar a terceira dose”, acrescentou ainda.