60 a 70% de portadores de demência podem ser doentes de Alzheimer
Na Madeira, estima-se que cerca de 4.700 pessoas sofram de demência, a maioria dos quais padecem de Alzheimer.
A Delegação de Alzheimer da Madeira, acredita que possam existir cerca de 4.700 casos de demência em território madeirense, visto que a Alzheimer Europe, em 2018, estimava uma taxa de prevalência de demência de 1,88%. Segundo a delegação, “se tivermos em conta que a Madeira tem cerca de 250.000 habitantes, poderemos ter cerca de 4.700 casos de demência na Região.” No entanto, não existem dados oficiais referentes à Doença de Alzheimer.
Num universo mais amplo, a Alzheimer Portugal facultou os resultados do último estudo feito a nível internacional, referente a 2018. Esse mesmo estudo apontava que a nível nacional existiam cerca de 133.527 mulheres e 50.989 homens com demência. Destes números, calcula-se que 60 a 70% possam corresponder a portadores de Alzheimer. O estudo realizado em 2019, com o intuito de conhecer a população com demência no ano anterior, apontou que em 2025 a taxa de mulheres com demência aumentará cerca de 15,45%, face ao último ano estudado, e cerca de mais 16,68% de homens.
Apesar de a Doença de Alzheimer ser mais comum a partir dos 65 anos e, com mais frequência nas mulheres, Brazão Lopes, jovem médico, refere ao Jornal que “a partir dos 85 anos parece não haver diferença na prevalência entre ambos os sexos.” São ainda desconhecidos os fatores
Tina Brazão, filha de doente de alzheimer.
Petra Freitas, que podem potenciar a doença, mas o médico afirma que “foram estudados alguns fatores de risco como idade avançada, mutações genéticas, tabaco e história familiar de Doença de Alzheimer, que poderão contribuir para a génese da doença.”
A Doença de Alzheimer é difícil de diagnosticar precocemente, já que os mesmos sinais que podem conduzir até este tipo de demência, podem, também, conduzir a outras perturbações. Brazão Lopes aclara: “Numa fase inicial os sinais e sintomas da doença podem ser subtis e, muitas vezes, impercetíveis, podendo muitas vezes ser atribuídos ao envelhecimento, sendo a perda de memória o sintoma inicial mais comum.” O jovem médico afirma que o doente de Alzheimer “pode ficar impossibilitado de realizar as suas tarefas de vida diárias ou, até, se alimentar sozinho, levando a uma situação de dependência completa e, posteriormente, à morte.” Segundo o clínico, “os sintomas podem variar consoante as áreas cerebrais afetadas.”
Na opinião de Petra Freitas, psicóloga, “é fundamental o acompanhamento às famílias e pessoas próximas.” Sublinha ao JM que primeiramente é preciso “conhecer a doença e as estratégias de como lidar com a mesma como, por exemplo, a manutenção do ambiente e a rotina.” E numa fase seguinte, “trabalhar as frustrações, dor e aceitação e, até mesmo, realizar o luto da pessoa que conheciam e identificavam como pai, mãe, tio, avô, que já não será a mesma.”
“O meu pai começou por ficar muito triste, muito deprimido.”
“É fundamental o acompanhamento às famílias e pessoas próximas.”