Tempo de voltar e arriscar
Entre a reprogramação dos espetáculos adiados e a vontade de voltar a subir ao palco, os profissionais do teatro agarram-se aos sinais de esperança que a melhoria dos números da covid-19 oferecem.
Depois de meses de ‘confinamento da cultura’, é tempo de arrancar em força com as novas temporadas artísticas para plateias mais completas. Pelo menos é esse o desejo dos profissionais do teatro com quem o JM esteve à conversa, que reconheceram que há que arriscar e retomar a programação cultural, sem nunca descurar as medidas de segurança.
É o caso de Eduardo Luiz, encenador de peça ‘Atores e Piolhos com nãque nãque’ da ATEF – Associação Teatro Experimental do Funchal, que anseia por voltar ao palco com a segunda temporada do seu espetáculo, agendada para outubro.
“A nossa expetativa é a de que, dada toda esta melhoria a nível do covid, possamos ter mais público, respeitando todas as regras que já conhecemos, porque temos de voltar. Temos de estar em palco e de representar, porque não sabemos como vamos avançar se não fizermos espetáculos. Temos de acreditar e arriscar nos próximos tempos”, apelou, não deixando, no entanto, de reconhecer que a restrição a 2/3 da lotação dos teatros continua a ser limitante, tendo em conta as perdas que o setor registou no último ano e meio.
“Quanto menos espetadores conseguirmos ter numa sala, menos financeiramente lucramos com isso e aí o prejuízo advém porque temos muita gente para pagar. Não só os atores, como os técnicos. Temos sempre muitos gastos”, apontou Eduardo Luiz.
Todavia, no entender do criador, felizmente já há uma maior consciencialização para as medidas que devem ser cumpridas nos espaços culturais, daí que considere que os teatros são, hoje, locais onde o público pode estar “à vontade e descontraído”.
“Esperemos que [os espetadores] possam vir e que a desculpa não seja essa. Uma sala de espetáculo é tão ou muitíssimo mais segura do que um avião ou um autocarro, porque tem uma forma de dispor das pessoas nos seus lugares, de entrar e de sair, com os espaçamentos necessários e com todos os cuidados para que o espetáculo resulte e não afete os espetadores”, notou, revelando ainda que, para além dos espetáculos, a ATEF irá também retomar a formação e as exposições na sua galeria.
Da ansiedade ao otimismo
Laura Aguilar, que se estreia como encenadora com a peça ‘Pedro Bond: um novo espião’ já no próximo dia 22 de setembro, mostra-se igualmente convicta de que o público tem todos os motivos para se sentir seguro no teatro.