Oposição condena ausência do presidente
Aquela que foi a última sessão plenária do atual mandato da Assembleia Municipal do Funchal, acabou por ficar mais marcada pelas ausências registadas que propriamente pelo conteúdo dos temas em debate. Desde logo a não presença do presidente Miguel Silva Gouveia, que avisara já, no passado dia seis, que não marcaria presença, delegando representação em Idalina Perestrelo, a sua ‘vice’, que com Bruno Martins e Dina Letra ‘deram a cara’, com uma “despedida inglória”, conforme cataloga a oposição.
Ou seja, à sessão faltaram também Madalena Nunes e Rúben Abreu, os únicos recandidatos, embora vereadora transite como proposta para liderar a Assembleia Municipal, restando os vereadores que não entram nas contas da (re) candidatura de Miguel Gouveia.
Os pontos em apreciação foram todos aprovados, mas o Grupo Municipal do PSD – a ausência do presidente à parte – diz ter saído frustrado, porque às questões colocadas só receber “respostas genéricas”, mostrando-se, ainda assim, condescendente com Idalina Perestrelo. “impreparada, porque o presidente centraliza tudo nele”.
Quanto à polémica, a oposição, com o PSD ‘à cabeça’, não se poupou nas críticas. De resto, apresentou mesmo um voto de protesto pela ausência do presidente, que foi aprovado por maioria, contestando a justificação de que o atual líder ‘retirava-se deste palco’ por estar já em campanha eleitoral.
“Como é óbvio, nem a lei eleitoral proíbe os candidatos de exercerem as suas funções, nem a condição de candidato permite a falta indiscriminada às sessões da Assembleia Municipal”, sublinhou o deputado municipal João Paulo Marques, referenciando que aquilo que está em causa é a ideia “de que o presidente pode escolher se vem ou não, se é ou não fiscalizado, se responde ou não às perguntas mais incomodas que lhe fazem, algo que, em democracia, não é aceitável”.
“A fiscalização política não é opcional e a fiscalização da Assembleia Municipal à Câmara Municipal não pode depender da vontade do presidente do Executivo”, acrescentando que “para cortar fitas e para posar para as fotografias é presidente da Câmara, para responder perante a Assembleia já é candidato”, lamentou, finalizando, João Paulo Marques, que “a democracia não está suspensa no Funchal”.
Raquel Coelho também não se conteve. "Andamos aqui há tanto tempo sem nada aprender", disse. Para a deputada municipal do PTP, a ausência do presidente de Câmara “é a prova que não há diferença entre o PS e o PSD do Dr. Alberto João Jardim”, tendo recordado também que Jardim se recusava a ir à Assembleia Legislativa Regional “prestar contas do seu trabalho aos eleitos do povo da Madeira”.
"Infelizmente, a história repete-se sempre. A democracia para alguns ainda continua a ser uma chatice e o debate político um estorno", lamentou Raquel Coelho, considerando ser esta mais uma prova de que “o Partido Socialista não é digno de continuar a governar o Funchal para um novo mandato”.
Já para o deputado municipal Roberto Vieira, o conteúdo da discordância foi outro. Criticou que “ficou claro que o anterior presidente de Câmara, Paulo Cafôfo, e o atual, Miguel Gouveia, continuam a usar os bombeiros e suas famílias, apenas para a caça ao voto”. Em causa está “a promessa dos bombeiros municipais, passarem a bombeiros sapadores, o que após oito anos, ainda não aconteceu, bem como a atribuição de um subsidio extraordinário e a atualização das renumerações”.