Jornal Madeira

como forma de protesto

- Por Lúcia M. Silva lucia.silva@jm-madeira.pt Mais um carro a subir separador

Foi entregue na passada segunda-feira, no serviço de urgências do Hospital Dr. Nélio Mendonça, um ramo fúnebre como sinal de protesto por parte de um cidadão madeirense que, insatisfei­to com a forma de como foi atendido naquele serviço – no passado dia 6 de setembro – resolveu enviar não só as flores, mas também uma carta onde expunha todos os argumentos que o levaram a tomar aquele gesto.

A entrega das flores gerou algum espanto entre os funcionári­os e o pessoal da saúde que se encontrava naquele serviço. A foto, acabou por ser enviada para a nossa redação e o responsáve­l pelo envio do ramo fez questão de entrar em contato com o JM para explicar o porquê da atitude.

Dinarte Abreu Rodrigues, funcionári­o numa agência funerária, começou por esclarecer que o envio das flores não foi anónimo, tal como havia sido inicialmen­te dito, e que o fez na sequência da forma de como foi tratado na passada semana, no serviço de urgências do hospital.

Queixou-se de ter esperado três horas para ser atendido, apesar “das imensas dores que sentia”. Disse ainda que um dos enfermeiro­s – não gostando de tê-lo ouvido dizer que, se demorasse mais tempo acabaria por ir procurar uma unidade de saúde privada – retirou-lhe à força a pulseira de atendiment­o que lhe havia sido colocada no braço, um gesto que fê-lo desistir e dirigir-se ao hospital privado.

Na carta que acompanhav­a o ramo fúnebre e a que o JM teve acesso, enviada pelo próprio, Dinarte

Rodrigues faz uma série de "agradecime­ntos", em tom de ironia, não só à equipa de pré-triagem, mas também aos enfermeiro­s e aos médicos.

"O meu maior agradecime­nto ao enfermeiro que arrancou a minha pulseira de identifica­ção com uma velocidade tremenda quando eu me aproximei e disse que não conseguia suportar mais as dores que sentia e que, caso não fosse atendido em breve, teria de ir procurar atendiment­o em outro local… só faltou abrir uma garrafa de champanhe. Obrigado pelo incentivo para que me fosse embora…", pode ler-se na missiva.

No documento, Dinarte Rodrigues escreveu ainda ser um "grande defensor do hospital novo da Madeira", mas que, atualmente, apercebe-se que o mesmo “deverá ser inútil, caso a indignidad­e do atendiment­o continue a ser o que é hoje".

"Porque todos têm o emprego garantido e o salário no final do mês, caso façam alguma coisa ou façam simplesmen­te nada, sei que o que escrevo cairá em saco roto e poderá até ser alvo de risinhos de gozo…, mas uma coisa é certa: a carapuça serve em muitas cabeças. Finalmente, aos bons profission­ais peço desculpa, mas não encontrei nenhum. Apareçam, reivindiqu­em os seus direitos, sobretudo o direito a serem reconhecid­os como bons profission­ais e a serem valorizado­s e nunca confundido­s com os que teimam em denegrir a classe trabalhado­ra da Saúde. Agradeço verdadeira­mente e sem qualquer ironia ao funcionári­o da secretaria e ao segurança que deram as orientaçõe­s necessária­s de forma rápida e precisa. Obrigado", termina assim a longa carta.

ONTEM,

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O ramo fúnebre foi deixado por uma florista no serviço de urgências.

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