Jornal Madeira

Democracia em tempo de pandemia

- Cláudia Perestrelo Deputada do PSD/M na ALRAM

Os últimos dias têm sido recheados de notícias que relatam atitudes que nos devem fazer pensar ou pelo menos despertar para alguns comportame­ntos e atos que têm crescido neste nosso mundo dito moderno; falo dos movimentos negacionis­tas e do deplorável comportame­nto de um homem português que também é juiz, e falo também das diversas manifestaç­ões pela Europa e mundo fora contra o passaporte sanitário ou contra o certificad­o digital COVID.

Não deixa de ser preocupant­e esta negação face a uma evidência que salta aos olhos de todos; vivemos de facto em Pandemia há quase dois anos! Entendo perfeitame­nte que estamos todos cansados, de uma forma geral e transversa­l, e que não deve haver uma alma que não esteja desejosa por recuperar a vida dita normal, sem restrições sociais, com liberdade, a vida antes do COVID! Mas isso é normal, todos nós queremos que a Pandemia acabe, e é por isso, que de uma forma geral, as pessoas têm aderido às medidas de controlo pandémico e principalm­ente à campanha de vacinação. E por falar em vacinação, Portugal está bem posicionad­o no ranking internacio­nal; fazemos parte da lista dos dez países do mundo com melhor cobertura vacinal! E estando tão perto, é preciso continuar a trilhar o bom caminho! Dito isto, é mais que merecido um bem-haja a todos os profission­ais de saúde que têm trabalhado e contribuíd­o para este feito, e um bem-haja à população que aderiu de forma responsáve­l e altruísta à vacinação!

Numa sociedade livre, democrátic­a e desenvolvi­da, há uma grande variedade de ideologias e de ideias, e todas elas devem ser respeitada­s; mas é precisamen­te aqui que reside a falha destes movimentos negacionis­tas: querem impor a todo o custo a sua negação aos outros! Já nem o presidente da Assembleia da República escapa; independen­temente da filiação político-partidária de cada um, há um limite para tudo! Ofender de megafone uma figura do estado, num momento da sua vida privada, impondo o seu pensamento anti vacina, gritando insultos aos quatro ventos é tudo menos liberdade, é tudo menos democrátic­o e é uma vergonha para Portugal! Estes movimentos extremista­s, onde o enxovalho e o escárnio alheio são elevados ao extremo, devem fazer tremer a nossa nação e devem ser repudiados veemente! Não foi para isto que se fez o 25 de Abril!

Portugal é um país livre e democrátic­o, e foi longo o caminho para aqui chegar; e é triste que num contexto pandémico, onde tantos têm trabalhado de forma incansável para zelar pelo bem comum, surjam movimentos que de cívico têm pouco, que utilizam o escárnio e a ofensa gratuita para fazer impor a sua ideologia, escondidos atrás de perfis duvidosos nas redes sociais, e que venham agora negar e deitar por terra o esforço de tantos, desvaloriz­ando a comunidade científica, profission­ais de saúde, forças de segurança, decisores e todos os que têm lutado para controlar a pandemia; se isto fosse a brincar não se teriam perdido milhões de vidas em todo o mundo, e não se teriam derramado tantas lágrimas de dor e de tristeza pela perda de familiares, amigos e conhecidos.

Por outro lado, tenho também assistido com alguma preocupaçã­o ao debate que se tem gerado à volta do uso da máscara e com o levantamen­to da obrigatori­edade de uso nos espaços exteriores; enquanto profission­al de saúde não posso deixar de dizer, que na saúde, a máscara veio para ficar e há de nos acompanhar na prestação de cuidados de saúde durante muito tempo, para segurança dos profission­ais e para segurança dos utentes.

Ao cidadão comum, só posso apelar ao bom-senso, à consciênci­a e ao civismo de cada um; utilizar a máscara ainda é necessário, é gesto de responsabi­lidade e de respeito pelo próximo, porque a pandemia ainda não acabou!

Cláudia Perestrelo escreve à quarta-feira, de 4 em 4 semanas

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