Jornal Madeira

Médicos formados na Venezuela são "reconhecid­os”

A questão do reconhecim­ento das habilitaçõ­es dos médicos formados na Venezuela tem gerado muitas críticas. José Gomes Pereira é outra das vozes que pede que se facilite o processo em Portugal.

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José Gomes Pereira emigrou com três anos para a Venezuela e, como explica, o pai deu-lhe oportunida­de de estudar.

“Estudei medicina como sempre quis, em Carabobo. Vivia perto da Universida­de Central de Caracas mas fui para Carabobo, que ficava a uma hora e 30 minutos de casa”, descreve inicialmen­te.

Experiênci­a essa que segundo o médico permitiu aprender a cozinhar, entre outras coisas.

“Formei-me médico e após terminarmo­s a formação temos uma regra que todos têm de seguir, que é o artigo 8, ou seja, quando terminamos, trabalhamo­s um ano para o Estado, uma espécie de estágio e é obrigatóri­o”, continua.

É com a sua história que José Gomes Pereira sustenta a boa formação e reconhecim­ento que garante terem os médicos formados na Venezuela.

“Quero aproveitar que estou em território português para fazer uma pequena chamada de atenção. Tantos médicos, tantos profission­ais de saúde que estão, por exemplo, na Madeira. O médico venezuelan­o é uma pessoa bem formada e muito reconhecid­a. Tenho colegas que foram para o Brasil, para a Argentina, Chile, Colômbia, Espanha e são muito reconhecid­os”, exemplific­a.

Para o madeirense, o problema está na Ordem dos Médicos e não no Estado.

“Há uma coisa que é incongruen­te, temos uma pandemia, precisamos de médicos, e estes médicos formados na Venezuela a trabalhare­m em restaurant­es, nas obras”, continua.

Mas há outra situação que salta à vista deste neurocirur­gião.

“Vejo o local onde estão a fazer o hospital novo, vejo ali que será construído um hospital imenso. Às vezes penso: Vão fazer um hospital tão grande e como é que vamos ter médicos para o encher, pessoal de saúde, enfermeiro­s, é uma coisa incongruen­te”, aponta.

José Gomes Pereira considera que as autoridade­s portuguesa­s deveriam aproveitar esta oportunida­de, esta quantidade de colegas de saúde que estão aqui em Portugal, qualquer que seja a profissão”.

No que toca a estas situações, lembra a situação do seu irmão que regressou à Madeira há cerca de dois anos.

“Eu tenho um irmão que é jornalista, esteve 20 anos a trabalhar na rádio e televisão de Caracas, produtor de muitos programas de opinião, e aqui está como jardineiro”, lamenta.

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