Jornal Madeira

Dá-me jeito a mim, e aos outros?

- Luísa Santos Dirigente do BE Nacional e Regional

Em mês de eleições votar é um dever cívico, é importante votar e escolher bem. E o que é escolher o melhor para a minha freguesia e cidade? Vivemos em sociedade e viver em sociedade é lutar por um bem comum.

A nossa casa, o nosso bairro, a nossa freguesia e a nossa cidade têm de defender este bem comum, e quem os representa (autarcas) também têm de o defender. Mas para lutar por esse bem comum acho que temos de mudar. Porque sinto que estamos cada vez mais individual­istas e egoístas.

Temos de repensar o modo como cada um de nós está a ser educado para funcionar. Vivemos muito no: “Primeiro eu e depois os outros! As minhas coisas em primeiro! As minhas necessidad­es em primeiro!” E o pior de tudo é o típico: “não me importo com os outros!”

Sociedade não é isto! A sociedade só funciona quando os cidadãos se assumem como um grupo unido pelo bem comum, onde os outros são tão importante­s quanto nós.

O altruísmo é um mito, até o pássaro que avisa os outros de um perigo, correndo risco de vida, está sempre a tentar salvar os da sua espécie. Mas somos um pouco mais evoluídos que isto, ou não?

Eu não sei andar de bicicleta, mas acho muito importante a utilização de bicicletas nas cidades, com o intuito de baixar os níveis de poluição e melhorar a saúde (bem comum). Defendo ciclovias e cidades sem carros. É possível, observem Barcelona.

Mas a maioria de nós dá-lhe jeito o carro até à porta de tudo e é aqui que está um dos grandes problemas. O “dá-me jeito!”

Dá jeito que ganhe o meu partido, o meu conhecido, o meu amigo, mesmo que defenda políticas que não sejam boas para todos.

O pássaro morre, mas garante a continuaçã­o da sua espécie? E nós? Seremos uma espécie saudável ou sem ar para respirar?

Acho perigoso a promoção do egoísmo que acontece, por exemplo, nas redes sociais onde só valorizamo­s aqueles que nos dão likes e na vida só valorizamo­s aqueles que concordam connosco...

Egoísmo e narcisismo podem ser manifestaç­ões de doença mental. Normalment­e estes, os narcísicos, vivem rodeados de pessoas muito tristes (doença mental) que aplaudem os narcísicos morrendo por dentro.

É urgente mudar! Subir às serras e descer até ao mar e ver o todo.

O que é realmente importante para a nossa cidade? É só nela que pudemos votar.

Só vamos fazer isso se nos informarmo­s bem, para isso é preciso olhar para um folheto de campanha e ler! Não é lixo porque será reciclado depois. Ler com olhos de ver. Se não concordo, não voto num e voto noutro, sem ofender ninguém.

Tenho visto uma campanha muito feia, com base nas ofensas e acusações, apenas por parte de alguns como é óbvio. Alguns fizeram-me lembrar daquela frase: “Chama-lhe antes que te chamem!”. Impunidade cultural ou educaciona­l?

Sonho com uma sociedade que luta pelo bem comum. Educação, saúde, habitação, ambiente, cultura e tudo o que é necessário. Uma sociedade que foi tão bem descrita pelos filhos de Jorge Sampaio no discurso do seu funeral: “Aprendemos desde cedo a ser livres, mas responsáve­is, a olhar não para nós, mas para os outros, sendo mais exigentes connosco do que com eles, e mais generosos com eles que connosco” (Vera e André Sampaio).

Vamos tentar votar bem, garantindo uma cidade e uma freguesia onde haja lugar para todos. O grande bem comum. Um bairro bom e saudável é importante para a nossa saúde física e mental, facilitand­o a vida de todos e todas.

E termino com uma das 12 Regras para a Vida de Jordan Peterson: “Procure alcançar aquilo que tem sentido (não o que lhe dá jeito)”.

Luísa Santos escreve à quinta-feira, de 4 em 4 semanas

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