Jornal Madeira

Poucochinh­o, muito poucochinh­o

- Amílcar Gonçalves Engenheiro

Depois das eleições Europeias de 2014, supostamen­te depois de um resultado não tão famoso do PS de António José Seguro, apesar de este ter vencido as eleições, António Costa disse: quem ganha por poucochinh­o é capaz de poucochinh­o. Este comentário cínico, foi o arranque de Costa com vista a um magistral pontapé nos glúteos de Seguro que, apesar de seguro, para os socialista­s não era assim tão formoso. Ora bem, Costa acabou por nem ganhar em 2015, tendo que se aliar à esquerda radical para não levar, também ele um pontapé nas "naldegas". Depois da geringonça, nas eleições de 2019, também não ganhou, ou ganhou por poucochinh­o, e o que fez? Muito poucochinh­o e ainda por cima, mal.

Penso que este deve ser um carma dos socialista­s, tanto nacionais como regionais, pois este raciocínio de que "quem ganha por poucochinh­o" é capaz de poucochinh­o assenta que nem uma luva ao poder autárquico instalado na nossa capital, o Funchal. Tanto as eleições de 2013 como as de 2017 foram ganhas pelos socialista­s por pouco… por poucochinh­o! E fizeram em oito anos muito poucochinh­o e, à semelhança dos congéneres do retângulo,… mal, muito mal.

O arranque desta cruzada socialista pelas ruas do Funchal travestida de independen­te faria corar Maquiavel. A coligação Mudança, assim que chegou à Praça do Município tratou de despachar a carga pesada que estava a atrapalhar. De forma cirúrgica e paulatina (atenção que este advérbio de modo não vem de Paulo), lá mandaram borda fora os indesejado­s. Se calhar eram demasiado independen­tes...

No primeiro mandato, uma mão vazia, outra cheia de nada. Mudaram o nome da Cota 40, um feito revolucion­ário, agora é Via 25 de Abril...não sei se foi pela revolução dos cravos ou se foi pelo facto de estar sempre a inundar, pois como diz o povo: Abril, águas mil. Inaugurara­m o Lido, um projeto deixado pela equipa do PSD, veio o Costa a banhos, a placa era gira e o povo ficou nas galerias, não havia croquetes para todos. Caíram umas árvores numa freguesia chata do PSD, morreu gente, morreu muita gente, mas antecipand­o o estilo Cabrita, a culpa foi dos jardineiro­s e o presidente passou pelos pingos da chuva e sem um pingo de vergonha. Como não tinham uma ideia que fosse, nem nada para fazer e o ócio é obra do diabo, e o diabo é do PSD, toca a chatear a malta do Governo. Foi um frenesim de embargos e obstáculos às realizaçõe­s do Governo, era como se tivessem a chave da casa de banho. Isto tem um nome: é terrorismo administra­tivo. Não contentes com os embargos, ainda impuseram um desconto unilateral e oportunist­a à fatura da água e dos resíduos... não pagam, mas cobram aos munícipes. Isto tem um nome: é terrorismo financeiro. Ao pé desta gente, os talibãs afegãos são uns meninos do coro.

Depois veio a segunda vaga, e que vaga. Se na primeira fizeram pouco, na segunda, pouco fizeram. A tática foi sendo apurada para os voos do comandante independen­te que passou, entretanto, a militante com cartão rosa. A autarquia era um trampolim para um salto maior, havia que aparecer, havia que dizer, havia que dar, mas havia também para fazer... mas pouco ou nada foi feito. A mobilidade era um desígnio, mas era também um desastre, nem o Senhor Bom Jesus ajudou. O urbanismo, um pântano onde nem para uma palafita se conseguia uma licença em tempo útil. As empresas públicas municipais foram sequestrad­as e saqueadas por bandos de socialista­s e outras aves raras. A máxima de que a vida são dois dias e o Carnaval são três, inspirou a política de habitação social da autarquia. Tal foi o forrobodó que em vez de Sociohabit­a podiam perfeitame­nte mudar para Sambahabit­a. Nos complexos balneares, a festa também foi rija, mas nem com o mago das finanças a coisa funcionou e foi mesmo ao fundo, talvez PoitaMar ficasse melhor em vez de Frentemar… mas esta já faleceu.

Perante o historial de incompetên­cia e de "inconsegui­mentos", uma terceira vaga de mais poucochinh­o seria a morte do Funchal, seria o declínio fatal. Não admito que transforme­m a minha cidade num reduto de poder socialista. Não quero a minha cidade gerida de forma titubeante e medrosa (cuidado onde se coloca o "r"). Não quero confiar, quero acreditar. Quero ação, não quero reação. Quero uma voz firme, não quero choramingu­ices e amuos de gente democratic­amente infantil. Quero uma cidade que vai à frente, uma cidade que lidere e que avance. Quero uma cidade com mais, com muito mais, estou farto deste poucochinh­o, deste muito poucochinh­o.

Amílcar Gonçalves escreve à quinta-feira, de 4 em 4 semanas

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