Portugal a um passo de vencer esta batalha
Poderá haver imunidade de grupo quando se atingir 85% ou 86% de vacinação completa, ago que poderá acontecer no final deste mês.
Portugal está a um passo de colocar um ponto final nesta fase pandémica. Esta é apenas uma das conclusões do encontro de ontem que juntou na sede do Infarmed, em Lisboa, diversos especialistas, autoridades de saúde, governo e task force para analisar a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal.
Graças à elevada taxa de vacinação, a pandemia no País está controlada, apesar de permanecer a necessidade de continuar a vigilância epidemiológica e de estarmos atentos às novas variantes que possam vir a surgir. Os testes de deteção do vírus SARS-COV-2 continuam, no entanto, a ser fundamentais para monitorizar a doença.
Esta evolução positiva é reforçada com o índice de transmissibilidade (R(t)) do vírus SARS-COV-2 que está atualmente em 0,84, uma descida acentuada e sem fortes medidas restritivas, como fizeram questão de realçar ontem os diversos epidemiologistas que participaram no encontro.
No entanto, não é consensual que as máscaras sejam colocadas de parte nos próximos tempos, até porque essa é também uma forma de prevenir outras doenças e contágios frequentes nesta época que se avizinha de outono/inverno.
Sucesso da vacinação
O travão imposto para prevenir a disseminação do vírus, assim como a boa aceitação dos portugueses às vacinas foram dois fatores essenciais para esta fase que o País atravessa.
Até ao momento, já foram administradas 15.535.354 doses da vacina contra a covid-19 em Portugal.
De acordo com os últimos dados recolhidos pelo ‘Our World in Data’, da Universidade de Oxford, que está a monitorizar os dados de vacinação divulgados por cada país, os Emirados Árabes Unidos são o
DA população com vacinação completa no final deste mês ou início de outubro. país com a maior percentagem de população vacinada, 79,19% da população completamente vacinada e 90,18% com uma ou mais doses da vacina.
O lugar seguinte da lista é de Portugal, com 81,54% da população totalmente vacinada e 86,95% dos cidadãos com pelo menos uma dose da vacina.
Ainda assim, cerca de 400 mil pessoas estão por vacinar, como anunciou ontem o coordenador da task force, ao adiantar que estão reservadas cerca de 1,1 milhões de doses que poderão ser utilizadas para uma inoculação de reforço.
No entanto, face ao desequilíbrio da vacinação contra a covid-19 no mundo, com países com baixa taxa de imunização, é normal que apareçam novas variantes do SARS-COV-2, mesmo em países como Portugal, onde existe elevada taxa de vacinação.
Atualmente, a variante Delta do SARS-COV-2, a mais contagiosa de todas e considerada de preocupação pela Organização Mundial da Saúde, domina à escala global, incluindo o nosso País.
É sempre melhor prevenir
85%
O investigador Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, considera que existe uma tendência clara de maior cobertura vacinal e menor transmissibilidade. Lembra que as vacinas reduzem a transmissão e explanou três cenários que podem vir a acontecer nos próximos tempos: no primeiro não se preveem grandes perturbações dos serviços de saúde e nos dois últimos podem surgir maiores dificuldades em dezembro/janeiro.
“O período de dezembro e janeiro é um período que temos de assinalar para preparação. Até lá estamos numa situação de grande controlo epidémico”, observou, concluindo: “Se se vier a observar redução da efetividade da vacina, pelo tempo ou por nova variante, há a possibilidade de uma onda epidémica com intensidade e impacte que ultrapasse as atuais linhas vermelhas”.