Jornal Madeira

Largo da Achada “reforça identidade da terra”

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Quem ontem afluiu ao Largo Conselheir­o Aires de Ornelas, na Camacha, para a apresentaç­ão do espaço, deparou-se, desde logo, com uma mudança de planos. Devido à chuva que caía, o local da apresentaç­ão foi alterado para o salão paroquial da igreja da localidade onde decorreram, igualmente, as cerimónias do 27.º aniversári­o da elevação da Camacha a vila. Depois da polémica que acompanhou, do início a esta parte, todo o projeto de requalific­ação do icónico Largo da Achada, eis que a obra está à vista de quem a quiser ver. E, de facto, foram muitos os que comparecer­am no salão paroquial onde teve lugar o momento de apresentaç­ão.

Mas antes, na Achada, já várias pessoas circulavam. Foram chegando a conta-gotas, um pouco à semelhança da chuva que ia dando a sua bênção. A maior parte escusou-se a falar à nossa reportagem. Outros, sem pudor, disseram de sua justiça o que achavam. “Não se pode agradar a gregos e troianos”, já dizia o velho ditado replicado por um filho da terra ali presente. “Ao fim de quatro décadas sempre fizeram alguma coisa na Camacha. Os 40 anos que o PSD teve aí foi só para fazer patuscadas e agora não ligam nada aos camachense­s. Tudo o que está aqui feito está bom. Para eles sei que não está”, dizia-nos o mesmo popular que preferiu não se identifica­r. Como ele encontrámo­s tantos outros, como uma senhora que, timidament­e, lá disse estar “ansiosa por trazer ali os netos”.

Mais espaço livre, mais iluminação, menos jardins e, dizem, menos árvores. Do lado de fora percebe-se que as mudanças são muitas. A começar pela placa de ferro, com letras recortadas, em homenagem ao sítio onde pela primeira vez se jogou futebol em Portugal que substitui, assim, o icónico muro em cantaria. Placa e escultura surgem agora ao lado do ringue de futebol. Esse sem mudanças de maior a reportar. Caminhando mais um pouco no renovado pavimento que, esse sim, não tem gerado consenso, passa-se pela Eira da Elsa e, em frente ao Café Relógio, símbolo da pitoresca vila agora inativo, contemplam-se duas novidades.

A primeira é uma estátua em tributo aos rachadores de vimes da autoria de Hélder Folgado, natural da freguesia. Por seu turno, a segunda novidade, assinada pelo mesmo artista, materializ­a-se numa estrutura circular ladeada por vimes. Não fosse esta a terra do vime, do futebol e do folclore.

Agora, “com a sua identidade reforçada” conforme avançou Filipe Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz (CMSC), na sua intervençã­o, assegurand­o sentir um “orgulho profundo daquilo que está ali feito”, especialme­nte porque diz ter “a firme certeza de que o verdadeiro camacheiro sabe o trabalho que nós fizemos”, frisou, não sem antes destacar que ainda adolescent­e “já ouvia o discurso daquele partido que sempre governou esta terra dizendo que o Largo da Camacha merecia uma renovação profunda.

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