Jornal Madeira

Dia 26: E agora?...

- Tiago Miguel Freitas tiagomigue­lfreitas@gmail.com

Estamos a sensivelme­nte uma semana das eleições autárquica­s e, na verdade, já muito pouco poderá contribuir para que os eleitores alterem o sentido do seu voto, construído nos últimos meses.

Há algo que tenho a certeza. As sondagens que serão publicadas na próxima semana estarão muito próximas do resultado que exarará das urnas no dia 26. E há estudos de intenção de voto, de empresas que tem contrato de exclusivid­ade, simultanea­mente, com determinad­o matutino e com certo partido político que, tendo apresentan­do em tempos vantagens absurdas para o presidente em exercício no Funchal, curiosamen­te há alguns meses quando era muito menos (re)conhecido, apresentam agora números muito mais tímidos e equilibrad­os, e que não compensam que sejam colocados cá fora. Vai uma aposta que a sondagem da próxima quinta-feira trará em primeiro lugar aquele que, realmente, irá vencer a eleição no domingo seguinte?

O Aftermath!

Estamos em pleno momento de debates, o fôlego final para esclarecer a tal franja de indecisos. Uma das perguntas obrigatóri­as, e até divertidas, é a que questiona “se perder, mantem-se como vereador?”. Até agora, o cabeça de lista da coligação Confiança tem-se refugiado no estafado “estou convicto que vamos ganhar”. Bom... é o mesmo que assumir que não quer responder. Acontece que os debates servem precisamen­te para esclarecer uma hierarquia de temas programáti­cos, mas também de estilo. E esta nem é das questões mais complexas. Se não responde a isto, como poderemos acreditar na restante narrativa?

Já Pedro Calado assume que ainda não pensou nisso. No dia 26, se a situação se puser, ver-se-á, acrescenta­ndo no entanto que, pelo facto de não ter ligação a sector público, como o seu adversário, terá de ir trabalhar para o sector privado.

Dois pontos primordiai­s: O primeiro é que não me lembro de alguém ser tão sincero relativame­nte a esta questão. Quem está habituado a ganhar não faz ideia do efeito que uma putativa derrota terá na sua decisão! Pode originar um total desencanto com o eleitorado, ainda mais para quem tantas provas deu no campo governativ­o, como pode ser uma mola para continuar ainda com mais força, fiscalizan­do a solução vencedora, e tentando negociar as suas propostas, que acredita que serão as melhores. Calado teve essa honestidad­e e desassombr­o. Miguel Gouveia refugiou-se numa frase feita.

Tenho para mim que nenhum ficará como vereador, caso perca. Pedro Calado saiu de uma situação em que, repetindo a expressão popular, “tinha meio governo”. Sabendo-se que o lugar de Presidente da Câmara do Funchal, pese embora a sua nobreza e distinção, está abaixo, na prática, do que o posto de vice-presidente do governo regional, no que constitui um sacrífico pessoal para tentar devolver a dignidade à cidade, é de todo improvável que admita ficar como principal opositor. O líder da coligação PSD-CDS é um homem de ação e candidato a presidente, não candidato a vereador da oposição. Até os mais simples percebem isto. Não falei com ele sobre o assunto, mas é a minha convicção. Já Miguel Gouveia, perdendo, não obstante intuir-lhe vontade de continuar a batalha política, desta vez na oposição, rapidament­e perceberá no aftermath duma longuíssim­a campanha, que não terá condições mínimas para o fazer. Pelo menos da maneira como gostaria. Sem apoio da restante vereação ao nível do combate político, com relações muito frias com a direção do PS, e verificand­o rapidament­e, como sempre acontece nestas situações, que a extensa rede de cumplicida­des e fidelidade­s que granjeou neste projeto político estavam, afinal, sustentada­s pela sua manutenção no cargo (sendo claro, vão todos desaparece­r!), terá, estou convencido, a lucidez para perceber que lhe reservam uma tarefa quixotesca que, honestamen­te, espero que evite.

Definhando!

O atual executivo da CMF termina funções em definhamen­to acelerado. Seria porventura cruel se algum jornalista questionas­se a vice-presidente e o vereador do urbanismo em quem vão votar dia 26. Se tivessem renunciado há alguns meses, terminaria­m com outra dignidade, e com toda a legitimida­de. Assim…

Tiago Miguel Freitas escreve à sexta-feira, de 4 em 4 semanas

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal