Medo ou desconfiança da vacina
Ana Maria (nome fictício) é educadora de infância num estabelecimento da Região. Diz não ser negacionista. Toma todos os cuidados para evitar apanhar a doença. Usa máscara e álcool gel “até dizer ‘chega’”. Mas recusase, terminantemente, a receber a vacina contra a covid.
Ao JM, justifica os seus receios com o facto de as vacinas terem sido feitas em pouco tempo e tem medo das possíveis reações negativas do seu corpo à vacina. O receio das reações é maior do que o de contrair a doença, embora conheça casos em que as pessoas estiveram mesmo muito mal.
“Estão sempre a me dizer que quando for obrigatório, vou ter de a tomar. Pois bem, até lá vejo. Por enquanto, esta é a minha decisão!”, conclui. Vitória Passos, auxiliar do pré-escolar, também recusa o rótulo de negacionista. Acredita na doença mas afirma que só de olhar para a agulha, mesmo na televisão, quase desmaia. “Quanto mais, receber a vacina…”, adianta.
Admite que tem sido pressionada pela família e colegas de trabalho mas não consegue arranjar coragem para se deslocar até ao centro de vacinação mais próximo. Sente suores frios. António Pereira, profissional da restauração no Funchal, é mais drástico. “Não, não quero a vacina. Nem hoje, nem para o ano. Não há necessidade disso. Não tarda nada, tudo passou”, diznos este homem que afirma que neste ano e meio de pandemia, sem ser no trabalho, onde tem mesmo de usar porque, senão, não entra, nem consegue o ordenado para alimentar a família, usou a máscara umas dez vezes para ir ao supermercado.
Diz “sentir falta de ar e não conseguir andar com aquele trapo. Com sorte, ou não, ainda não apanhei o vírus. Nem ninguém da minha família”.
“E não tive cuidados nenhuns.
Nem sequer no Natal. Fui à casa da família toda”, refere, confiante que, se apanhar o coronavírus, irá conseguir safar-se bem, como se de uma gripe se tratasse. “Eu também não levo a vacina contra a gripe e apanho gripe todos os anos e não morro!”, afirma.