Jornal Madeira

Não há consenso em relação às consequênc­ias para a Madeira

- Por Carla Sousa carlasousa@jm-madeira.pt MIL.

Afinal, a Madeira pode ou não sofrer as consequênc­ias do vulcão ‘La Cumbre Vieja’? Uma questão que muito tem inquietado a população mas cujas respostas não encontram consenso entre os especialis­tas. E tem sido assim desde o passado domingo, dia em que o ‘monstro adormecido’ há 50 anos entrou em erupção, após oito dias de atividade e crise sísmica intensas.

Ontem, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) emitiu um comunicado referindo que “no que diz respeito à Região Autónoma da Madeira, irá manter-se até quarta-feira vento do quadrante norte, pelo que o transporte de CO2 e SO2 não deverá ser significat­ivo. Contudo, a partir de quarta-feira está previsto a rotação do vento, que passará para o quadrante sul, pelo que poderão ocorrer alterações da qualidade do ar”.

Apesar deste comunicado, que dava ainda conta que “o IPMA continuará a seguir a situação, em estreita ligação com as organizaçõ­es homólogas de Espanha, em particular no que diz respeito a impactos nas Ilhas de Madeira e Porto Santo, incluindo o que diz respeito à meteorolog­ia aeronáutic­a", a meteorolog­ista Maria João Frade, também do IPMA, em declaraçõe­s à Lusa, afirmava que as cinzas do vulcão em erupção nas Canárias muito dificilmen­te afetarão a Madeira, pelo menos nos próximos dias, atendendo às previsões meteorológ­icas atuais. A meteorolog­ista explicou que a previsão para a Madeira para os próximos dias é de vento norte ou nordeste e uma vez que as Canárias ficam a sul da Madeira, "não é provável" que cheguem cinzas vulcânicas às ilhas portuguesa­s, situadas a menos de 500 quilómetro­s de La Palma.

Recorde-se que os efeitos mais prováveis da erupção do Cumbre Vieja na Madeira estão associados ao transporte de cinzas vulcânicas e outros compostos químicos, designadam­ente CO2 e SO2.

Mesmo com todas estas dúvidas, a verdade é que ninguém ficou indiferent­e à erupção do vulcão de La Palma e são muitas as mensagens de solidaried­ade do País, da Madeira e dos Açores para com o arquipélag­o vizinho. O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerqu­e, assim como José Manuel Rodrigues, presidente da ALRAM, já disponibil­izaram ajuda, assim como o primeiro-ministro, António Costa, e o governo dos Açores.

A última erupção do Cumbre Vieja ocorreu em 1971 e teve a duração de 24 dias, entre 26 de outubro e 18 de novembro. Contudo, erupções anteriores apresentar­am durações mais significat­ivas.

Apesar de a área em redor do vulcão — o Parque Nacional Cumbre Vieja — não ser muito povoada, as autoridade­s iniciaram no domingo a evacuação preventiva de pessoas com mobilidade reduzida nas cidades próximas. Estima-se que o número de desabrigad­os chegue a 10 mil.

Ontem, a imprensa local dava conta de várias casas consumidas pela lava, mas sem qualquer registo de vítimas mortais ou feridos.

O gestor da navegação aérea em Espanha (Enaire) já emitiu uma recomendaç­ão, como medida preventiva, para que sejam suspensos os voos para a ilha de La Palma. Em última instância serão as companhias aéreas que decidirão se voam para La Palma, uma vez que o tráfego aéreo não está, para já, fechado.

20 Desde a sua ativação, o vulcão em erupção emitiu mais de 20.000 toneladas de dióxido de enxofre.

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