Jornal Madeira

Alunos (des)esperam pelas colocações para tratar do futuro

A 27 de setembro serão conhecidos os primeiros colocados no mundo universitá­rio.

- Por Carolina Gomes Carolina.gomes@jm-madeira.pt

No dia 27 de setembro serão conhecidos os colocados na primeira fase de acesso ao ensino superior. Os jovens que tenham ingressado terão quatro dias para se inscrevere­m na instituiçã­o de ensino onde foram colocados. Caso não tenham sido colocados na faculdade que ambicionav­am, poderão, ainda, concorrer a uma segunda fase, que irá relevar os resultados no dia 14 de outubro. A partir deste dia e até ao dia 18, os alunos poderão matricular-se na instituiçã­o de ensino onde foram colocados. Após esta data, ainda podem candidatar-se a

Após a frequência no primeiro ano no ensino superior, os estudantes podem candidatar-se a bolsas de mérito de instituiçõ­es de ensino.

uma terceira fase, que terá início no dia 21 e terminará a 25 de outubro. Nem todas as instituiçõ­es de ensino superior aderem à terceira fase e, quando aderem, tendem em priorizar a entrada dos ‘candidatos com deficiênci­a’, ‘candidatos militares’ e ‘candidatos emigrantes portuguese­s e familiares que com eles residam’.

Apesar de os resultados estarem à porta, os alunos nada podem fazer… pois não sabem em que instituiçã­o - alguns em que cidade - irão estudar. Deste modo, não poderão solicitar uma vaga numa residência de estudantes, procurar casa ou comprar a viagem antecipada­mente. A menos que os candidatos tenham uma média confortáve­l, que lhes permita ter a certeza em que faculdade vão ingressar, permanecem de braços atados, sem saber o que lhes reserva o futuro.

Filipa Brazão, estudante de Recursos Humanos no Instituto Superior de Contabilid­ade e Administra­ção do Porto, garantiu que o facto de ter ido estudar para uma cidade que nunca tinha visitado fez com que fosse mais difícil sentir-se em casa. “Como nunca tinha ido ao Porto, tudo foi novo para mim”, explica, embora afirme que após um mês ou dois já se sentia mais integrada e conseguia deslocar-se facilmente aos sítios que precisava, como, por exemplo, supermerca­dos, papelarias e faculdade.

Já Damião Ramos, estudante de Publicidad­e e Marketing na Escola Superior de Comunicaçã­o Social de Lisboa, confidenci­ou ao JM que chegou a considerar desistir do curso e regressar a casa. Nos primeiros meses ficou em casa de amigos. Após tanta procura por um sítio onde ficar, percebeu que não seria fácil suportar todas as despesas que envolve alugar um quarto ou uma casa na capital. “Acabei por fazer o pedido para entrar na residência e em menos de uma semana já estava lá a viver”, recorda. “Tive de comprar pratos, talheres, panelas e vários utensílios de cozinha, o que acabou por ser mais uma despesa.” Damião Ramos descreve os primeiros meses em Lisboa como “um enfrentar de uma nova vida sozinho”, já que teve de aprender a gerir o seu dinheiro, o seu tempo e as suas tarefas.

Francisca Alves também estudou Publicidad­e e Marketing na Escola Superior de Comunicaçã­o Social de Lisboa e foi uma das madeirense­s que conseguiu alojamento na Residência Maria Beatriz. Porém, o processo acabou por ser mais fácil do que o do seu colega de curso. “Logo que saíram os resultados eu parti para Lisboa com o meu pai e fomos logo fazer a minha matrícula, ainda sem saber onde é que eu ia viver.” Francisca Alves desconheci­a que o Instituto Politécnic­o de Lisboa tinha uma residência para estudantes. “Eu e o meu pai estávamos a pensar que eu podia ficar num hostel, até encontrar um quarto onde ficar. Até que uma rapariga, que encontrei na escola, informou-nos sobre a residência.” Nesse dia, a estudante de Publicidad­e e Marketing ainda não tinha a candidatur­a à bolsa de estudo completa, contudo, deslocou-se até à unidade residencia­l e acabou por ser aceite “a título excecional”.

A procura por alojamento

No site da DGES (Direção-geral do Ensino Superior) a informação é de que qualquer jovem matriculad­o no ensino superior, seja bolseiro ou não, pode requerer alojamento numa residência universitá­ria.

No entanto, o nosso Jornal sabe que a maior parte das residência­s universitá­rias privilegia estudantes bolseiros, pois não têm capacidade para garantir uma cama para cada aluno deslocado. Além dos alunos que partem da Madeira para o continente, partem também dos Açores, e de Norte a Sul do País deslocam-se estudantes de uma cidade para outra.

A Residência Maria Beatriz, responsáve­l por acolher os alunos deslocados do Instituto Politécnic­o de Lisboa (IPL), aceita “a título excecional” os alunos, após concluírem a sua candidatur­a à bolsa de estudos da Direção-geral do Ensino Superior. No entanto, se o aluno receber resposta negativa e não lhe for atribuída uma bolsa de estudo, mesmo sendo estudante insular, terá de desocupar o dormitório que lhe foi cedido. Esta residência tem vindo a ser habitada, ao longo dos anos, por muitos alunos madeirense­s que garantem que existem camas livres e que, ainda assim, não são cedidas aos estudantes que não beneficiam da bolsa de estudo da DGES. “Não há a possibilid­ade de os não bolseiros entrarem. Só a titulo excecional, e é mesmo muito raro isso acontecer. Existem quartos vagos e, mesmo assim, não os cedem a alunos que não tenham bolsa.” Damião Ramos, aluno do IPL, considera “descabido para quem vai para Lisboa estudar e não consegue suportar os custos elevados de um quarto”.

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