Sapadores do Funchal criticam Miguel Silva Gouveia

O ambiente no quartel dos Bombeiros Sapadores do Funchal é de alguma frustração com as palavras de Miguel Silva Gouveia, que foi prometer o total aumento de salários até 2024, numa ação de campanha, quando isso é precisamente o período que a CMF tem para cumprir com o estipulado pela lei em vigor desde 2019.

Na passada semana, Miguel Silva Gouveia, numa visita ao quartel do Corpo de Bombeiros Sapadores do Funchal, revelou que a sua candidatura iria fazer de tudo para continuar a apoiar a causa dos bombeiros, principalmente em termos remuneratórios, prometendo novos aumentos.

Os bombeiros sentem-se "enganados e acham que estão a ser usados para a propaganda politica do atual presidente", diz ao JM um dos bombeiros sapadores do Funchal, devidamente identificado, mas que pediu proteção da identidade temendo represálias.

O nosso interlocutor refere que se o candidato da Confiança "tivesse essa vontade", pagaria o valor a "100% daquilo que está na Lei e não se limitaria a fazer o que as autarquias estão obrigadas até 2024". E compara o Funchal com outras cidades. “Muitas autarquias do País estão já a pagar por inteiro, regularizaram a situação salarial, o que não é o caso da CMF".

Neste momento, os bombeiros já têm o seu "estatuto, a sua categoria, mas não são pagos como tal. O que está em causa é que a CMF foi das primeiras do País a passar bombeiros municipais a sapadores e a prometer que pagava os salários equivalentes logo que existisse um enquadramento legal. O que acontece é que a CMF está a estender legalmente o prazo pelos cinco anos, quando podia fazer os 100% já. Depois vem para o quartel prometer aumentos até 2025, quando isso é o que está contemplado na Lei", desabafa.

Passados que vão três anos, este operacional lamenta que a CMF seja “uma das poucas autarquias do País que ainda nem chegou aos 50%" do convertimento do salario, cumprindo a Lei atual. Neste momento, reforça, a CMF está a "pagar 45% do valor estipulado quando outros bombeiros sapadores já estão a receber os 100%".

Aquilo que o presidente da CMF e candidato anunciou como "promessa de aumento salarial não é mais do que aquilo que está plasmado na Lei".

Considera, por isso, “pouco ético” Miguel Silva Gouveia ter se deslocado ao quartel e “dizer que vai aumentar salários até 2025 quando isso é a data limite para o período de convergência" para aplicar a Lei de 2019 ao nível remuneratório dos bombeiros sapadores.

Refira-se que a Câmara Municipal do Funchal aprovou a passagem dos bombeiros Municipais a Sapadores em 2016, sem que isso tenha tido qualquer implicação ao nível do estatuto remuneratório.

PG