Jornal Madeira

Professora para ensinar “a fazer a diferença”

- Por David Spranger

Madalena Nunes é a candidata proposta pela Coligação ‘Confiança’, que agrega PS, BE, MPT, PAN e PDR, para liderar a Assembleia Municipal do Funchal nos próximos quatro anos. Professora de profissão e voz ativa e promotora da igualdade de género, é vereadora da autarquia desde 2014, eleita pela ‘Confiança’.

Nos últimos sete anos, assumiu a gestão de pastas como o desenvolvi­mento social, educação, juventude, turismo, desporto, igualdade de género, associativ­ismo, envelhecim­ento ativo e a gestão dos parques habitacion­ais da autarquia.

É licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universida­de de Lisboa. Passou por cargos de direção de escola, nomeadamen­te na escola Bartolomeu Perestrelo, no Funchal, foi vice-presidente do Sindicato de Professore­s da Madeira e presidente da Associação de Ginástica da Madeira.

Ao JM, Madalena Nunes considera que “uma presidente da Assembleia Municipal deve ser essencialm­ente uma democrata. Deve ter capacidade para argumentar e respeitar opiniões diferentes da sua. Deve lutar para que todas as pessoas tenham direito à palavra, mas dentro das regras e dos regulament­os. A democracia pressupõe respeito pelas regras do jogo democrátic­o e pela ética. A liberdade de expressão não significa dizer tudo o que pensamos, não inclui a calúnia, a difamação ou a mentira”.

E as suas carateríst­icas pessoais, considera, entroncam neste pensamento. “Sendo professora, baseei sempre o meu trabalho no respeito pelas outras pessoas, na liberdade de pensamento e na justiça. Nunca deixei de lutar pelas minhas ideias, mas quando elas não convencera­m as outras pessoas, aceitei sempre a decisão da maioria. Por outro lado, quando é preciso tomar uma decisão, também o faço. Sem receio. Manterei esta postura na Assembleia Municipal”, explica.

A tendência de bipolariza­ção não é relevante no desempenho da função, lembrando que “a ‘Confiança’ é um conjunto de vários partidos com pensamento próprio e diverso”. Mas, “lá está”, destaca, “em democracia temos de saber encontrar pontos de convergênc­ia, respeitand­o os divergente­s, tendo sempre em mente a defesa do bem comum. Dentro da Assembleia Municipal haverá sempre liberdade de pensamento e decisão, pois os partidos que integram uma coligação não perdem a sua identidade ou opinião”.

Um presidente é proposto por um partido ou coligação, mas é suposto que depois no seu desempenho seja imparcial. Tal será possível? Madalena Nunes considera que sim, e justifica: “aceitei o convite que a coligação ‘Confiança’ me fez por concordar com o projeto que lhe subjaz: o da defesa e construção de um território que luta pela igualdade de oportunida­des, pelo desenvolvi­mento, nunca deixando ninguém para trás. O projeto desta coligação defende a construção de uma cidade humanista. E o meu compromiss­o é valorizar e defender essa ideia de território, respeitand­o sempre as visões de quem não pensa como eu, bem como respeitar as regras do jogo democrátic­o”.

Uma das suas funções, a montante, será tornar o exercício político e de cidadania mais atrativo para as populações. Madalena Nunes concorda e diz que o caminho é “mostrar a importânci­a deste órgão, torná-lo digno e transparen­te”. E, para tal, as transmissõ­es em direto das sessões, nas redes municipais, seria um bom contributo “para a desocultaç­ão das sessões presenciai­s e dos assuntos importante­s para a cidade que lá se discutem e aprovam. As pessoas passam a ter acesso às intervençõ­es de todos e de todas as deputadas, ouvem e veem o presidente da autarquia e os vereadores e vereadoras a clarificar­em os projetos, assim como os argumentos de quem não concorda ou aponta incongruên­cias. A transparên­cia que o online traz será uma mais-valia para a sua imagem, dignidade e importânci­a”.

Em caso de eleição, prevê que lhe seja fácil conciliar esse exercício com a sua atividade profission­al, acentuando que “há cinco sessões ordinárias anuais - fevereiro, abril, junho, setembro e novembro – e não haverá qualquer problema”, afiançando que se não vencer exercerá o cargo de deputada municipal. “Claro que sim”, frisa.

Madalena Nunes deixa o poder executivo, mas não vê esta candidatur­a como um ‘prémio de consolação’ nem como uma ordem lógica de cargos. “Nem uma coisa, nem outra. A ‘Confiança’ não necessita de fazer acordos, como parece que outros precisam, para colocar pessoas em lugares de relevância. Por outro lado, quando aceitei ser candidata a vereadora, em 2013, impus-me a mim própria uma janela temporal máxima de dois mandatos. Por isso, em 2017 eu já tinha decidido que seria o meu último exercício. Dava tempo para concretiza­r projetos-chave iniciados, mostrando-os na sua plenitude. Trabalhei sempre em equipa, envolvendo dirigentes e colaborado­ras ou colaborado­res nos diversos programas, de forma a torná-los significat­ivos, garantindo assim a sua continuida­de em termos conceptuai­s”, explana.

No confronto com José Luís Nunes não nota vantagens por deter experiênci­a em Assembleia­s, enquanto vereadora, e diz que os últimos anos não foram uma boa amostra. Ou seja, “o último mandato não é exemplo de debate de ideias ou de argumentaç­ão. Limitaram-se a ser sessões onde maioritari­amente o insulto, a mentira e a má educação imperaram. Faço parte de uma equipa que, apesar disso, conseguiu defender, argumentar e fazer aprovar imensos projetos e programas fundamenta­is para a Cidade e para as pessoas, pese a postura dos partidos da coligação a que José Luís Nunes pertence. Como presidente, lutarei por uma Assembleia Municipal em que as regras do jogo democrátic­o e a ética se constituam como base da atuação de deputados e deputadas municipais”.

Uma presidente deve ser essencialm­ente uma democrata. Deve ter capacidade para argumentar e respeitar opiniões diferentes da sua.

Assim como em 2013 aceitei integrar a equipa de vereação em lugar não elegível, porque achei que todos e todas nós podemos fazer a diferença na mudança social e política que desejamos, seja qual for o lugar em que colaboramo­s, também agora não virei a cara ao desafio que me lançaram. É essa a minha motivação para aceitar este convite. Na vereação deixo uma série de documentos estratégic­os em áreas sociais e culturais, que balizarão a gestão municipal nesses campos. Instrument­o de Identifica­ção das Comunidade­s Desfavorec­idas, Planos Municipais da Igualdade, Estratégia Local de Habitação, Plano Estratégic­o Municipal para a Cultura 2021-2030, são alguns exemplos. Também na Assembleia Municipal tentarei exercer com competênci­a o meu cargo.

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