Ficção científica?
Dizem que ninguém tem razão antes do tempo, porém o pior cego é aquele que não quer ver e o pior político é aquele que governa sem visão. O advento de uma economia assente na inteligência artificial, combinada com a automatização, há muito que começou. Estados Unidos da América, República Popular da China e Japão lideram aquilo que poderá ser o futuro, senão vejamos.
Enquanto que o software de inteligência artifical da Jpmorgan Chase &
Co, um dos maiores bancos de investimento do mundo, substitui 360.000 horas de trabalho de advogados e de agentes de empréstimos em apenas meros segundos, a Amazon desenvolve supermercados que não necessitam de quaisquer caixas para processar pagamentos.
De igual forma, empresas no Reino da Noruega e na República da Finlândia desenvolvem navios cargueiros e ferrys completamente automatizados e sem tripulação para fazerem transportes costeiros e de mercadorias. No outro lado do mundo, a Região Administrativa Especial de Hong Kong, China, milhares de robots trabalham 24 horas por dia, 7 dias por semana em armazéns de lojas de comércio online satisfazendo milhares de encomendas sem qualquer pausa para café. Entretanto, várias empresas, como a UPS, desenvolvem camiões de mercadorias com a capacidade de condução autónoma num esforço de diminuir o tempo de entrega das suas mercadorias e os custos de trabalho associados com o condutor. Por “terras de Sua Majestade Britânica”, mais concretamente em Brighton, já se testam camiões deste género.
Nas profundidades do metro de Nova Iorque, as carruagens não possuem maquinista, e a bordo do cruzeiro MSC Virtuosa os passageiros irão interagir com um robot barman fluente em oito línguas talvez com o intuito de rivalizar com seu homólogo 'Barney', o barman robot suíço que consegue misturar dezenas de cocktails, contar anedotas e sanitizar-se a si próprio. Já no “Império do Meio”, na China, exércitos de robots servem às mesas dos mais variados restaurantes fazendo as delícias dos mais novos e dos idosos, quiçá ao mesmo tempo que desinfectam o chão do estabelecimento.
Por último, na semana passada a empresa Vic.ai, uma start-up que construiu uma plataforma baseada em inteligência artificial, afirma poder "automatizar" a contabilidade empresarial, angariou $50 milhões de um fundo de investimentos, elevando o capital total angariado para $63 milhões. Os clientes da empresa incluem HSB (a maior empresa de gestão imobiliária da Suécia), Intercom Inc. e Hirequest Inc., bem como as firmas de contabilidade KPMG, PWC, BDO. A Vic. ai diz que a sua plataforma já processou mais de 535 milhões de facturas com 95% de precisão.
No “Império do Meio”, na China, exércitos de robots servem às mesas dos mais variados restaurantes.
Muitos outros exemplos poderiam ser aqui dados, no entanto ficam as perguntas: com a crescente automatização, irá Portugal e a Europa avançar com o imposto sobre o rendimento das pessoas singulares sobre as máquinas “inteligentes”? Quando será implementado o Rendimento Básico Incondicional? Que educação terão que ter as gerações futuras de moda a garantirem empregabilidade? Questões que nenhum político português ou europeu quer, de momento, responder… questões que os meios de comunicação social evitam...
Miguel Pinto-correia escreve à quinta-feira, de 2 em 2 semanas