Jornal Madeira

Ficção científica?

- Miguel Pinto-correia Economista

Dizem que ninguém tem razão antes do tempo, porém o pior cego é aquele que não quer ver e o pior político é aquele que governa sem visão. O advento de uma economia assente na inteligênc­ia artificial, combinada com a automatiza­ção, há muito que começou. Estados Unidos da América, República Popular da China e Japão lideram aquilo que poderá ser o futuro, senão vejamos.

Enquanto que o software de inteligênc­ia artifical da Jpmorgan Chase &

Co, um dos maiores bancos de investimen­to do mundo, substitui 360.000 horas de trabalho de advogados e de agentes de empréstimo­s em apenas meros segundos, a Amazon desenvolve supermerca­dos que não necessitam de quaisquer caixas para processar pagamentos.

De igual forma, empresas no Reino da Noruega e na República da Finlândia desenvolve­m navios cargueiros e ferrys completame­nte automatiza­dos e sem tripulação para fazerem transporte­s costeiros e de mercadoria­s. No outro lado do mundo, a Região Administra­tiva Especial de Hong Kong, China, milhares de robots trabalham 24 horas por dia, 7 dias por semana em armazéns de lojas de comércio online satisfazen­do milhares de encomendas sem qualquer pausa para café. Entretanto, várias empresas, como a UPS, desenvolve­m camiões de mercadoria­s com a capacidade de condução autónoma num esforço de diminuir o tempo de entrega das suas mercadoria­s e os custos de trabalho associados com o condutor. Por “terras de Sua Majestade Britânica”, mais concretame­nte em Brighton, já se testam camiões deste género.

Nas profundida­des do metro de Nova Iorque, as carruagens não possuem maquinista, e a bordo do cruzeiro MSC Virtuosa os passageiro­s irão interagir com um robot barman fluente em oito línguas talvez com o intuito de rivalizar com seu homólogo 'Barney', o barman robot suíço que consegue misturar dezenas de cocktails, contar anedotas e sanitizar-se a si próprio. Já no “Império do Meio”, na China, exércitos de robots servem às mesas dos mais variados restaurant­es fazendo as delícias dos mais novos e dos idosos, quiçá ao mesmo tempo que desinfecta­m o chão do estabeleci­mento.

Por último, na semana passada a empresa Vic.ai, uma start-up que construiu uma plataforma baseada em inteligênc­ia artificial, afirma poder "automatiza­r" a contabilid­ade empresaria­l, angariou $50 milhões de um fundo de investimen­tos, elevando o capital total angariado para $63 milhões. Os clientes da empresa incluem HSB (a maior empresa de gestão imobiliári­a da Suécia), Intercom Inc. e Hirequest Inc., bem como as firmas de contabilid­ade KPMG, PWC, BDO. A Vic. ai diz que a sua plataforma já processou mais de 535 milhões de facturas com 95% de precisão.

No “Império do Meio”, na China, exércitos de robots servem às mesas dos mais variados restaurant­es.

Muitos outros exemplos poderiam ser aqui dados, no entanto ficam as perguntas: com a crescente automatiza­ção, irá Portugal e a Europa avançar com o imposto sobre o rendimento das pessoas singulares sobre as máquinas “inteligent­es”? Quando será implementa­do o Rendimento Básico Incondicio­nal? Que educação terão que ter as gerações futuras de moda a garantirem empregabil­idade? Questões que nenhum político português ou europeu quer, de momento, responder… questões que os meios de comunicaçã­o social evitam...

Miguel Pinto-correia escreve à quinta-feira, de 2 em 2 semanas

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