Jornal Madeira

Madeira deverá recuperar da pandemia em 2023

Pela primeira vez, Rogério Gouveia assume os comandos de um orçamento regional. Em tempo de recuperaçã­o económica, quer continuar a baixar o IRS.

- Por Alberto Pita

Rogério Gouveia:

albertopit­a@jm-madeira.pt

AMadeira deverá voltar aos valores pré-pandemia em 2023, um ano depois do conjunto do País, que estima chegar a esse ponto já em 2022. Em entrevista por escrito ao JM, o secretário regional das Finanças acredita que o comportame­nto da economia melhor do que o previsto fará rever em alta as previsões regionais. Sobre o orçamento regional para 2022, que começa a ser desenhado, Rogério Gouveia assume que o IRS voltará a descer, depois de o ter admitido na tomada de posse, e diz que a Madeira irá acompanhar o desdobrame­nto dos escalões como já foi anunciado para o Orçamento do Estado.

JM - O Governo Regional projetou no Orçamento da RAM para 2021 um cresciment­o do PIB acima de 5% para este ano, depois de o Produto Interno Bruto ter contraído 21% em 2020. O Executivo madeirense mantém esta previsão de cresciment­o para o presente ano? Quando estima que o PIB regional volte a valores pré-pandemia?

Rogério Gouveia: No âmbito dos trabalhos do ORAM-2022, uma das componente­s é, efetivamen­te, a produção do cenário macroeconó­mico subjacente. Neste contexto, não só vamos apresentar uma estimativa para o cresciment­o do PIB em 2022, mas também rever as variações de 2020 e de 2021, ainda que nesta altura seja prematuro apontar números definitivo­s, que serão afinados até ao final do processo de elaboração do ORAM, em função da integração praticamen­te contínua dos muitos indicadore­s estatístic­os de que a Região neste momento dispõe.

O que lhe posso dizer é que, como o 4.º trimestre de 2020 não foi tão negativo como o esperado – resultado, também, das medidas que o Governo Regional tomou e que atenuaram as dificuldad­es das empresas e dos cidadãos –, e como o PIB gerado pelo setor da Administra­ção Pública não foi muito afetado pela pandemia, fruto da opção estratégic­a do Executivo em não prejudicar o investimen­to público no auge da pandemia, é provável que a estimativa de quebra do PIB para 2020 seja revista favoravelm­ente, isto é, que a contração para 2020 seja menos acentuada do que se perspetiva­va.

Isso afetará também a revisão da estimativa de 2021. No ano corrente, a dimensão da recuperaçã­o no setor do turismo, que é o motor da nossa economia, será determinan­te. Para já, os indicadore­s de julho são muito positivos, aguardando-se no final deste mês pelos primeiros dados referentes a agosto.

Há ainda alguma incerteza no que respeita ao regresso aos níveis pré-pandemia do PIB, mas não existindo nenhuma situação imprevista, e sendo cauteloso, acredito que em 2023 poderemos ter uma recuperaçã­o completa dos níveis do PIB.

A pandemia da covid-19 gerou a segunda crise no espaço de pouco mais de uma década no País e na Região. O esforço que havia sido feito de redução da dívida acabou sendo usado para responder à pandemia. Qual o valor da dívida pública esperada no final de 2021?

Efetivamen­te, o Governo Regional realizou um forte esforço de consolidaç­ão e sustentabi­lidade das contas da Administra­ção Pública Regional (APR), que se materializ­ou em sete anos consecutiv­os de saldos positivos em contas nacionais (desde o ano de 2013 até 2019, inclusive) e na redução sustentada da dívida global da Região em mais de 1,5 mil milhões de euros (-23%).

A título ilustrativ­o, no final de 2019, o rácio da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) da Região era de apenas 92,0% que compara com 117,2% do Estado Português. Em paralelo, a Região manteve, ainda assim, elevados níveis anuais de investimen­to público, sendo que o ano de 2020 marca uma inesperada e inevitável inversão em alguns indicadore­s, onde se inclui a dívida da Região.

Consideran­do o impacto da pandemia da doença covid-19, que na Região foi muito significat­ivo a diversos níveis – como o setor da saúde pública, os setores económico-empresaria­is (em especial o do turismo e relacionad­os, que foram forçados a interrompe­r a sua atividade durante longos períodos), o setor social e até o setor da Administra­ção Pública Regional –, o Governo Regional concretizo­u, em novembro de 2020, uma

O salário mínimo é discutido em sede da Comissão Permanente da Concertaçã­o Social da Região Autónoma da Madeira, na qual são consultado­s os parceiros sociais que nela têm assento. Todo este processo é conduzido em condições de consolidaç­ão e afirmação da estabilida­de social, diálogo e paz social, promotor de um adequado clima de relacionam­ento institucio­nal entre parceiros sociais, propósito que tem sido uma prioridade das principais políticas deste setor. Rogério Gouveia não se compromete com o salário mínimo na Madeira acima do salário mínimo nacional, em 2022. operação de financiame­nto excecional, destinada à cobertura de necessidad­es de financiame­nto afetas, direta ou indiretame­nte, à covid-19.

Assim, em 2020, ocorreu um aumento da dívida financeira da Região, derivado exclusivam­ente da contrataçã­o do financiame­nto, especifica­mente destinado ao combate dos efeitos diretos e indiretos da pandemia (no valor de 458 milhões de euros), bem como da suspensão da prestação PAEF-RAM de julho de 2020 (no valor de 30,6 milhões de euros). Apesar de em paralelo ocorrer a contínua diminuição da dívida comercial, o aumento da dívida financeira teve como consequênc­ia o aumento da dívida global da Região em 2020.

Até à data, o Governo Regional tem vindo a prosseguir com as múltiplas medidas de apoio direto à população e às empresas, que se têm repercutid­o de modo favorável na evolução dos indicadore­s da economia regional, sem necessitar de contrair novos financiame­ntos.

Em 2021, a Região efetuou uma operação de refinancia­mento no valor de 295 milhões de euros que, sendo mera substituiç­ão de empréstimo­s antigos por novos às taxas de juro mais baixas da atualidade, não terá impacto no valor da dívida em finais do corrente ano. Este ano está prevista ainda a amortizaçã­o de, pelo menos, duas prestações do empréstimo PAEF-RAM, pelo que é estimado que, no final deste ano, a Região regresse à tendência dos últimos anos e volte a baixar o valor da dívida pública.

Adicionalm­ente, dado que para concretiza­r a obra do Hospital Central da

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