Jornal Madeira

Empréstimo alterou tendência da dívida

O empréstimo de 458 milhões de euros que a Região contraiu para ajudar a enfrentar a crise sanitária está na origem do aumento da Dívida Bruta Regional.

- Por Alberto Pita albertopit­a@jm-madeira.pt

A Direção Regional de Estatístic­a da Madeira (DREM) comunicou ontem que a Dívida Bruta Regional (ARM) da RAM rondava no final de 2020 os 5.109 milhões de euros, valor que represento­u um aumento de cerca de 446,0 milhões de euros (+9,6%) em relação ao ano de 2019.

Segundo a estatístic­a regional, o aumento da dívida “deve-se, em exclusivo, à contração pela Região de um empréstimo obrigacion­ista de 458 milhões de euros, na sequência da autorizaçã­o dada pelo Estado de contração de empréstimo destinado especifica­mente à cobertura de necessidad­es excecionai­s de financiame­nto, decorrente­s, direta ou indiretame­nte, da pandemia da doença covid-19”.

Sem este empréstimo, sublinha a DREM, “o montante da dívida bruta continuari­a a trajetória descendent­e iniciada no trimestre anterior e rondaria os 4.651 milhões de euros”.

A informação consta da nota publicada sobre os procedimen­tos de défices excessivos, que ontem conheceu a segunda notificaçã­o.

Refira-se que, nos termos dos regulament­os da União Europeia, o INE envia para o Eurostat, até ao final do mês corrente, a segunda notificaçã­o de 2021 relativa ao Procedimen­to dos Défices Excessivos (PDE) de 2020. Na sequência, a DREM atualiza a informação.

Neste sentido, a DREM refere agora que a estimativa da necessidad­e de financiame­nto da Administra­ção Pública Regional da Madeira em 2020 situou-se em 123,7 milhões de euros, mais 3,2 milhões de euros do que o reportado na primeira notificaçã­o deste ano, que tinha natureza preliminar.

A DREM justifica que para o saldo de 2020 – que interrompe uma sequência de sete anos de saldo positivo – “muito contribuiu a crise provocada pela pandemia da covid-19 que terá tido um impacto estimado que ascende aos 142 milhões de euros, associada a medidas de prevenção, contenção, mitigação e retoma no âmbito da pandemia”.

Descontand­o este valor, refere, a ARM manteria a situação de” saldo positivo nas suas contas”.

De notar que nesta contabiliz­ação do impacto da covid-19 não entra as perdas associadas a receitas não geradas, como por exemplo a diminuição significat­iva nas receitas de impostos, cujos dados em Contabilid­ade Pública apontam para uma quebra na ordem dos 103,5 milhões de euros (-10,8%) face a 2019. Esta circunstân­cia, que reflete a forte redução da atividade económica em 2020, conduziu assim a uma diminuição entre 2019 e 2020 da receita total da ARM, sendo que, por outro lado, a despesa total registou um aumento, por efeito do acréscimo nas despesas correntes, refletindo as medidas tomadas pelo Governo no âmbito do combate à pandemia.

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