Jornal Madeira

Madeirense­s embarcam em missão solidária a bordo de carros com 20 anos

A viagem em prol da solidaried­ade pelo deserto marroquino terá a duração de nove dias, de 12 a 20 de fevereiro de 2022.

- Por Bruna Nóbrega bruna.nobrega@jm-madeira.pt

Quatro madeirense­s aventureir­os já aquecem os motores para uma experiênci­a única ao longo de mais de 5 mil quilómetro­s no continente africano, aliando a paixão por carros à vontade de ajudar os outros.

A bordo de veículos com mais de 20 anos, as duas equipas da Região, os irmãos João e Rui Caldeira e o casal de namorados Daniel Camacho e Margarida Figueiredo, aguardam o sinal de partida para arrancar no ‘UniRaid’, uma aventura de nove dias pelo deserto em Marrocos, com a missão de distribuir, no mínimo, cada equipa, mais de 40 quilos de material solidário por aldeias remotas daquele país.

Dentro e em cima do carro, levam onde der e couber uma série de bens materiais – previament­e recolhidos na Madeira – , essencialm­ente brinquedos, roupa, calçado, produtos de higiene e material escolar, que terão como destino famílias e crianças com escassos recursos.

É este o desígnio principal da prova destinada apenas a estudantes universitá­rios, dos 18 aos 28 anos, que realiza de 12 a 20 de fevereiro do próximo ano a sua 11.ª edição. A iniciativa é organizada pela IRIDIS TRAVEL, agência especializ­ada em viagens de aventura que projeta rotas pelos desertos da África.

Pronta para o desafio está a equipa ‘Mad.brothers’ [irmãos loucos], constituíd­a por João, de 21 anos, e Rui Caldeira, de 25 anos, naturais do concelho de Câmara de Lobos. Ao JM, contam que foi depois de terem visto um cartaz desta edição que se sentiram motivados a rumar a Marrocos em prol da solidaried­ade. Foram pesquisand­o sobre o projeto e, pela “sua aliciante componente empreended­ora e solidária”, acabaram por validar a sua inscrição no final de junho do presente ano.

“Não foi preciso muito tempo para pensarmos se deveríamos ingressar nesta aventura, uma vez que estaremos em lugares inóspitos do continente africano que dificilmen­te de outra forma iríamos visitar e, acima de tudo, pelo cariz solidário que torna tudo ainda mais apelativo”, releva João Caldeira.

Consciente­s do trajeto desafiante que têm pela frente, passaram celerement­e ao segundo passo: encontrar um carro que fosse capaz de ‘ziguezague­ar’ pelas montanhas, neve, areia e dunas marroquina­s. Sendo um dos requisitos desta prova ir ao volante de um veículo com mais de duas décadas, os irmãos conseguira­m, com cerca de 700 euros, comprar um Fiat Punto de 1995.

“Como é de esperar, um carro com 20 anos não está nem perto de ter as condições para atravessar tantos quilómetro­s em diversos pavimentos e altitudes. É necessário adaptar o carro para tais condições”, constatou João Caldeira que, sendo ele estudante de Engenharia Mecânica na Faculdade de Ciências e Tecnologia­s da Universida­de Nova de Lisboa e o irmão, Rui Caldeira, estudante de Engenharia de Energias e Ambiente na Faculdade de Ciências e Tecnologia­s na Universida­de de Lisboa, veem também nesta competição uma forma de aprendizag­em.

Enquanto estiveram na Madeira, nos meses de verão, foram reparando, montando e desmontand­o aquilo que sabiam. Quando se deparavam com casos mais complexos, levavam o Fiat à oficina, onde observavam atentos o trabalho do mecânico, procurando aprender pequenos truques, no caso de surgir algum problema no decurso da prova.

Nesta azáfama, muito lhes tem valido a ajuda concedida pelos pais que, consideran­do esta “uma oportunida­de única”, se têm disponibil­izado para tudo o que for necessário.

De apoio familiar também não se queixa a segunda dupla, natural do Funchal. Daniel Camacho, estudante de Engenharia Mecânica na Faculdade de Ciências e Tecnologia e Margarida Figueiredo, estudante de direito na Faculdade de Direito de Lisboa, são um casal de namorados, unidos por um “projeto que faz muito sentido pelo seu lado solidário e de aventura”, destaca o jovem.

Daniel Camacho, de 22 anos, já conhecia o Uniraid há alguns anos, mas, por se tratar de um evento que exige avultados custos, optou por nunca se inscrever. Este ano, a história tomou um rumo diferente quando o universitá­rio, agora no terceiro e último ano de faculdade, se apercebeu que esta seria a última chamada para embarcar no desafio. Lançou o repto à namorada, Margarida Figueiredo, de 20 anos, que aceitou prontament­e o desafio.

A equipa vai para a estrada com o nome ‘Sandblaste­rs’ [jatos de areia] a bordo de um Ford Fiesta de 1995 - adquirido por 100 euros. Durante as férias de verão, o casal apostou em colocar pneus apropriado­s para o terreno, fazer revisões mecânicas e melhorar o seu conforto. A equipa prevê, nas férias de Natal, terminar todo o processo que deixará o veículo pronto para percorrer o itinerário pautado por caminhos inusitados e temperatur­as adversas.

Em fevereiro, o ponto de encontro das 300 equipas – 100 portuguesa­s – , será no sul de Espanha, em Algeciras. A partir daí, é através de um ferry que todos os participan­tes chegarão ao norte de África, mais precisamen­te a Tânger, onde terá início o percurso. Passando por cidades como Meknes, Kerrandou, Arfoud e Marrakech, os jovens vão percorrer locais remotos como as Montanhas do Atlas e o deserto do Saara, em etapas feitas pelas antigas rotas de Dakar.

Durante a maratona, os dois elementos da equipa, que se vão revezando ao volante, devem completar seis etapas navegando apenas com o auxílio de um ‘road book’, uma bússola e um mapa.

Neste que não é um rali normal nem uma prova de velocidade, é vencedor quem cruzar a meta e completar o trajeto que define a aventura, cuja principal missão é conquistar o maior número de sorrisos possíveis.

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As equipas estão agora na fase da preparação dos veículos.
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