Jornal Madeira

Sondagens há muitas

- Pedro Nunes Médico-dentista

Éverdade. As sondagens são como os chapéus. E os palermas também. Há muitos. São, portanto, pouco valorizáve­is. Oferecem pouca fiabilidad­e. Os chapéus voam. Os palermas são esquecidos. As sondagens valem o que valem. O que eu sei é que não há melhor sondagem do que a de hoje. Até aqui foram só intenções à distância e sem qualquer tipo de vínculo ou responsabi­lidade. Talvez por isso, ora ia o Funchal à frente. Ora havia Confiança. Ora voltavam-se a trocar as intenções de voto… E se insistísse­mos na questão segurament­e que um dia até daria o PTP em primeiro. É assim! Não há volta a dar. São para todos os (des)gostos.

Mas e porque é que são assim então? Uns dirão que são manipulada­s, eu sei. Mas queria concentrar-me agora nos que se dão ao trabalho de pensar e não em ser apenas do contra.

Pessoalmen­te acredito que as respostas às perguntas dependem de muitos factores. Por exemplo, se a inquisição for num dia de semana, ali por volta das 17:30/18h e apanharem o inquirido preso no trânsito, a tentação será votar na oposição. Mas se for ao fim de semana e tiver acabado de receber um cabaz, um trem de cozinha, um faqueiro e um conjunto de chá, a simpatia para com o poder local é inquestion­ável. E eu não critico! Até eu. Quem não gosta de se abastecer na fábrica Semedão?!

Levado por esta onda de sondagens díspares, decidi, eu também, encomendar algumas. A “Intersantu­s” foi questionan­do alguns dos meus amigos se eles eram capazes de trair as suas mulheres. Na presença das companheir­as, todos disseram que não. De forma peremptóri­a. Sem pestanejar. Portanto, maioria absoluta para o Não!

Já a “Eurocontag­em” repetiu o processo, mas já na ausência das caras metades e em grupo, todos disseram que sim! Cresceram 2 palmos. Fizeram pose. Até deram nomes, coisa que nem era pedida no questionár­io… Estava reunida então a maioria do lado do Sim!

Perante tamanha discrepânc­ia de resultados decidi fazer eu uma 3.ª tentativa. Inquirir um a um. Impedir assim a presença de terceiros para que não se sentissem condiciona­dos. Nem tinham a polícia ao lado, nem se fazia sentir o efeito de grupo garanhão.

Surpresa das surpresas… 50/50! Empate técnico. Nada de maiorias absolutas. E o que é certo é que a vida tem corrido. Alguns dos que tinham votado Não, já se arrepender­am do sentido do voto e foram apanhados com as calças na mão e mudaram de partido. Outros só dormiram com o inimigo, mas não deixaram cair a aliança. Já dos que diziam “Sim, eu trairia”, muitos vão a caminho das bodas de prata…

Enfim. Homens…

Acredito que a esta hora, as mulheres dos meus amigos se estejam a descabelar. A pensar se o marido delas está incluído nesta amostra! Aviso já que não cedo a pressões. Não me vergo a chantagens. Jamais divulgarei os dados. Os meus amigos podem estar tranquilos. Fica entre nós.

Quanto às mulheres, nada temam. Façam como os políticos. Esforcem-se por manter o lugar. Mas dediquem-se todos os dias e não só de 4 em 4 anos. Vão ver que corre tudo bem! E se, por algum motivo, acontecer algum “imprevisto”, não desanimem. Haverá sempre um tacho à espera. Eventualme­nte um subsídio chorudo. Sempre merecido, diga-se de passagem…

Isto serve para os homens também. Desiluda-se o macho que acredita que sabe sempre onde está a mulher. Disso só o viúvo se pode gabar. Desengane-se também aquele que pensa que tem a titularida­de garantida. Experiment­em perder a forma física ou ter 2 ou 3 jogos menos conseguido­s que vão ver se não acabam no banco de suplentes. Pessoalmen­te acho que mais vale não arriscar… Tenho a certeza que teria muito mais dificuldad­e em arranjar novo “clube” do que a minha mulher. E também já não tenho idade para ir treinar à experiênci­a!

Bem, não vos tiro mais tempo. Mas façam-me um favor. Arranjem um tempinho e vão votar. Votem em branco. Em preto. No quadradinh­o. Fora dele. No que bem entenderem. De preferênci­a em consciênci­a! Mas também não quero pedir demais. Olhem, votem. Senão depois não se queixem. Esta é a única oportunida­de que temos para poder escolher de quem dizer mal e cobrar tudo o que prometeram neste último mês e meio. É que eles vão deixar de andar na rua. Quando os quiserem ver, vão estar fechados no gabinete e só abrem a porta com marcação de uma audiência…bem, não vos tiro mais tempo. Mas façam-me um favor. Arranjem um furinho na vossa agenda dominical e vão votar.

Pedro Nunes escreve ao domingo, todas as semanas

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