Jornal Madeira

Espetáculo pode rumar ao continente e até às comunidade­s madeirense­s

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Em declaraçõe­s ao JM, o encenador Ricardo Brito diz que toda a equipa tem vontade de continuar a apresentar o espetáculo pela Região, havendo já “algumas possibilid­ades em aberto” de levar o espetáculo ao território continenta­l. “Isto não acaba aqui. O espetáculo, apesar de ter nascido aqui e falar sobre a Madeira, tem uma perspetiva universali­sta porque Portugal é um País de emigração e de alguma maneira esta realidade que aqui encontramo­s é transversa­l ao todo da população portuguesa”, refere.

Vivo continua o sonho de levar o espetáculo até junto das comunidade­s emigradas. Ainda sem perspetiva de quando é que esta ambição irá ganhar corpo, mas prevendo já um trabalho de sensibiliz­ação entre várias instituiçõ­es e entidades, Ricardo Brito acredita que tal será possível “quando as coisas melhorarem ao nível pandémico”.

Esta é uma viagem que, desta vez, parte de Este. Isto porque antes de rumar à Calheta, na próxima sexta-feira, 1 de outubro, o espetáculo irá marcar a abertura do Festival de Teatro de Machico, evento que acontece durante todo o mês no Fórum Machico.

Com a inabalável determinaç­ão de devolver à comunidade os seus relatos através da cultura, foi agridoce a estreia de ‘Os q’emigraram’ no Teatro Municipal Baltazar Dias, no passado mês de abril, quando a lotação máxima das salas de espetáculo era de apenas cinco pessoas. Posteriorm­ente, a peça foi até à Ponta do Sol, concelho que contribuiu também para o trabalho de investigaç­ão para a dramaturgi­a e que recebeu em maio, numa sala mais composta, quatro sessões do projeto no Centro Cultural John dos Passos.

Depois de Machico, o próximo destino é a Calheta, sítio onde, no mês de setembro de 2020, tudo começou, com a equipa a recolher, de porta em porta, entre ruas e veredas, testemunho­s presentes e também distantes, abrindo baús de memórias daqueles que viram alguém partir.

Partir, ficar e voltar são os três verbos no cerne do conceito dramatúrgi­co de ‘Os qu’emigraram’, no qual se procurou “compreende­r as marcas próprias que esses movimentos deixam na comunidade, o que move quem vive com a ausência, a distância, e o que ainda brota dessa vida dedicada a esperar ou a negar o reencontro com os seus”.

No erguer desta encenação participar­am ainda Márcio Faria na composição musical, Fátima Spínola na cenografia e Cristiana Nunes nos figurinos. Juliana Andrade deu apoio ao movimento, sendo que o desenho de luz e sonoplasti­a estiveram a cargo do encenador Ricardo Brito, que se revela muito satisfeito por levar a sua criação à Calheta, concelho onde reside e que “tão generosame­nte” colaborou no projeto, não só através dos apoios do município e respetivas Juntas de Freguesia, mas sobretudo pelo contributo de cada um dos que aceitaram partilhar a sua história.

A Calheta “é um concelho que apoia a cultura e que tenta promover junto da sua população eventos que, neste caso em concreto, lhes dirão muito”, acredita Ricardo Brito, que considera esta uma oportunida­de de reencontra­r as pessoas que partilhara­m as suas histórias e que, refere, “agora veem, através do nosso filtro artístico, aquilo que nos ofereceram, que nos contaram”.

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