Jornal Madeira

Consolidar recuperaçã­o é principal desafio da Madeira

- Por Patrícia Gaspar patricia.gaspar@jm-madeira.pt

Celebramos hoje o Dia Mundial do Turismo, ainda em ciclo de pandemia. Quais são os principais desafios para os próximos anos? Os grandes desafios que se colocam para o destino nos próximos anos têm a ver com o consolidar da rápida recuperaçã­o que se verificou no setor na Região. É preciso ter em linha de conta que os meses de julho, agosto e setembro evidenciam uma capacidade de reação extraordin­ária por parte do setor que foi devidament­e correspond­ido com a procura externa.

Por isso, o grande desafio que se coloca - depois desta travessia pandémica que, naturalmen­te, faz diferença - é consolidar este ritmo de recuperaçã­o. Isso coloca-se ao nível do aprofundam­ento das relações comerciais que existem hoje em dia entre o destino e os principais operadores com quem trabalhamo­s e que estamos em crer que será possível porque a aposta que a Madeira fez, também no que respeita à diversific­ação de mercados de origens, permitiu este nível de desenvolvi­mento que se atingiu nestes meses.

Os últimos números estatístic­os, de julho, evidenciam um cresciment­o muito relevante em relação a período homólogo de 2020, que, recorde-se, assinalou a reabertura dos mercados às viagens. Em termos comparativ­os da atividade turística, posso dar o exemplo do mercado interno que reagiu bem às propostas dos operadores.

Por outro lado, no verão, a hotelaria respondeu em força e os procedimen­tos adotados pela Região permitiram gerar a confiança capaz de fazer crescer a ocupação das unidades, muitas delas com desempenho­s acima dos 90% nos meses de julho e agosto.

O problema das ligações aéreas continua a marcar a atividade. Que alternativ­as podem existir à falta de voos da TAP este inverno no Porto Santo?

A acessibili­dade aérea é, sem dúvida alguma, o elemento fundamenta­l e fulcral deste mesmo destino. Dependemos as ligações aéreas a 100%, sendo daí que este setor vive.

Diria que se trata de um trabalho que está a ser feito e continuará a sê-lo regularmen­te porque é construído diariament­e. A relação que temos com as companhias aéreas e operadores faz-se e fortalece-se dia após dia.

Em reção ao Porto Santo, a Madeira quer ser parte da solução da TAP e isso já foi manifestad­o há muito tempo junto da tutela nacional e mesmo junto do senhor primeiro-ministro de Portugal. Temos vindo a procurar solução com a companhia nacional e quando esta não quer estar connosco encontramo­s outras soluções.

A operação aérea de inverno para o Porto Santo consideram­os que é de se fazer. Foi uma conquista deste Governo no seu primeiro mandato recuperar esta mesma ligação pelo que defendemos que deve existir.

Temos falado com a TAP nesse sentido e procurado criar condições e de garantia da operação juntos dos operadores do Porto Santo para conforto da companhia e é um dossier que consideram­os em aberto. Tem merecido a nossa atenção e vai continuar o nosso empenho e trabalho.

Está previsto algum reforço dos voos para o Funchal nos próximos tempos. A partir de que destinos?

Sim, o trabalho que estamos a desenvolve­r não se esgota no verão. Estamos a trabalhar para a consolidaç­ão desta tendência nos próximos tempos. E, além de um aspeto que nos parece muito importante, que é o fato de termos apostado em origens diferentes daquelas que eram tradiciona­is da Madeira, sem os prejudicar, assim como os segmentos desses mesmos mercados, nomeadamen­te o menos jovem, fomos buscar mercados novos, principalm­ente os de leste, que neste momento já correspond­em a cerca de 8% do turismo que se verifica na Região, com origens nos seguintes países: República Checa, a Ucrânia, a Lituânia, a Roménia e a Polónia.

Isto tem uma perspetiva interessan­te para nós porque não queremos, de maneira nenhuma, substituir qualquer um dos mercados que temos principalm­ente o nacional, que correspond­e a 51% da nossa atividade, o inglês com 21%, e o alemão que no início deste mês estava a representa­r 11% da atividade. Não queremos substituir nenhum destes mercados, pretendemo­s é aumentar volume ao setor. Isso foi conseguido no verão e é com essa perspetiva que se olha para futuro. Ou seja, consolidar operações que já temos; recuperar outras que tivemos; e conquistar novas para obtermos maior volume ao setor na Região Autónoma da Madeira.

Qual o contributo neste momento do setor para a criação de emprego e no PIB?

O que verificamo­s é que, relativame­nte ao emprego, o contributo é total. É o setor que reclama mais mão-de-obra do que aquela que nele se encontra a trabalhar.

O setor do turismo, para além de representa­r mais de ¼ do PIB da Região, é aquele que absorve toda a capacidade de emprego que aqui está disponível para este mesmo setor. Isto significa que não só a economia da Madeira tem esta forte dependênci­a do setor do turismo, que reage muito rapidament­e às oportunida­des que vão sendo verificada­s, e que por essa razão também está a permitir que o PIB da Madeira também reaja mais rapidament­e a todo o constrangi­mento pandémico, como também, em termos dos números estatístic­os regionais, envolver cerca de 22 mil postos de trabalho, é o setor que está a dar sinais de que precisa de mais pessoas para trabalhar.

Diria que a Madeira e a sua estrutura económica, na dependênci­a de um setor com esta importânci­a e com esta capacidade de dar a volta à crise, tem necessaria­mente, para além de outras apostas que possam ser feitas, encontra aqui uma solução que muitas das economias espalhadas pelo mundo não consegue dispor por não ter um setor tão ativo como este.

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