Consolidar recuperação é principal desafio da Madeira
Celebramos hoje o Dia Mundial do Turismo, ainda em ciclo de pandemia. Quais são os principais desafios para os próximos anos? Os grandes desafios que se colocam para o destino nos próximos anos têm a ver com o consolidar da rápida recuperação que se verificou no setor na Região. É preciso ter em linha de conta que os meses de julho, agosto e setembro evidenciam uma capacidade de reação extraordinária por parte do setor que foi devidamente correspondido com a procura externa.
Por isso, o grande desafio que se coloca - depois desta travessia pandémica que, naturalmente, faz diferença - é consolidar este ritmo de recuperação. Isso coloca-se ao nível do aprofundamento das relações comerciais que existem hoje em dia entre o destino e os principais operadores com quem trabalhamos e que estamos em crer que será possível porque a aposta que a Madeira fez, também no que respeita à diversificação de mercados de origens, permitiu este nível de desenvolvimento que se atingiu nestes meses.
Os últimos números estatísticos, de julho, evidenciam um crescimento muito relevante em relação a período homólogo de 2020, que, recorde-se, assinalou a reabertura dos mercados às viagens. Em termos comparativos da atividade turística, posso dar o exemplo do mercado interno que reagiu bem às propostas dos operadores.
Por outro lado, no verão, a hotelaria respondeu em força e os procedimentos adotados pela Região permitiram gerar a confiança capaz de fazer crescer a ocupação das unidades, muitas delas com desempenhos acima dos 90% nos meses de julho e agosto.
O problema das ligações aéreas continua a marcar a atividade. Que alternativas podem existir à falta de voos da TAP este inverno no Porto Santo?
A acessibilidade aérea é, sem dúvida alguma, o elemento fundamental e fulcral deste mesmo destino. Dependemos as ligações aéreas a 100%, sendo daí que este setor vive.
Diria que se trata de um trabalho que está a ser feito e continuará a sê-lo regularmente porque é construído diariamente. A relação que temos com as companhias aéreas e operadores faz-se e fortalece-se dia após dia.
Em reção ao Porto Santo, a Madeira quer ser parte da solução da TAP e isso já foi manifestado há muito tempo junto da tutela nacional e mesmo junto do senhor primeiro-ministro de Portugal. Temos vindo a procurar solução com a companhia nacional e quando esta não quer estar connosco encontramos outras soluções.
A operação aérea de inverno para o Porto Santo consideramos que é de se fazer. Foi uma conquista deste Governo no seu primeiro mandato recuperar esta mesma ligação pelo que defendemos que deve existir.
Temos falado com a TAP nesse sentido e procurado criar condições e de garantia da operação juntos dos operadores do Porto Santo para conforto da companhia e é um dossier que consideramos em aberto. Tem merecido a nossa atenção e vai continuar o nosso empenho e trabalho.
Está previsto algum reforço dos voos para o Funchal nos próximos tempos. A partir de que destinos?
Sim, o trabalho que estamos a desenvolver não se esgota no verão. Estamos a trabalhar para a consolidação desta tendência nos próximos tempos. E, além de um aspeto que nos parece muito importante, que é o fato de termos apostado em origens diferentes daquelas que eram tradicionais da Madeira, sem os prejudicar, assim como os segmentos desses mesmos mercados, nomeadamente o menos jovem, fomos buscar mercados novos, principalmente os de leste, que neste momento já correspondem a cerca de 8% do turismo que se verifica na Região, com origens nos seguintes países: República Checa, a Ucrânia, a Lituânia, a Roménia e a Polónia.
Isto tem uma perspetiva interessante para nós porque não queremos, de maneira nenhuma, substituir qualquer um dos mercados que temos principalmente o nacional, que corresponde a 51% da nossa atividade, o inglês com 21%, e o alemão que no início deste mês estava a representar 11% da atividade. Não queremos substituir nenhum destes mercados, pretendemos é aumentar volume ao setor. Isso foi conseguido no verão e é com essa perspetiva que se olha para futuro. Ou seja, consolidar operações que já temos; recuperar outras que tivemos; e conquistar novas para obtermos maior volume ao setor na Região Autónoma da Madeira.
Qual o contributo neste momento do setor para a criação de emprego e no PIB?
O que verificamos é que, relativamente ao emprego, o contributo é total. É o setor que reclama mais mão-de-obra do que aquela que nele se encontra a trabalhar.
O setor do turismo, para além de representar mais de ¼ do PIB da Região, é aquele que absorve toda a capacidade de emprego que aqui está disponível para este mesmo setor. Isto significa que não só a economia da Madeira tem esta forte dependência do setor do turismo, que reage muito rapidamente às oportunidades que vão sendo verificadas, e que por essa razão também está a permitir que o PIB da Madeira também reaja mais rapidamente a todo o constrangimento pandémico, como também, em termos dos números estatísticos regionais, envolver cerca de 22 mil postos de trabalho, é o setor que está a dar sinais de que precisa de mais pessoas para trabalhar.
Diria que a Madeira e a sua estrutura económica, na dependência de um setor com esta importância e com esta capacidade de dar a volta à crise, tem necessariamente, para além de outras apostas que possam ser feitas, encontra aqui uma solução que muitas das economias espalhadas pelo mundo não consegue dispor por não ter um setor tão ativo como este.