Resultados
O coordenador autárquico do PS está de consciência tranquila relativamente ao trabalho feito na campanha, apesar de reconhecer que “os resultados ficaram aquém das expectativas”, principalmente no que diz respeito ao Funchal, “em que houve uma campanha muito dura”. O PS ganhou maioria absoluta na Ponta do Sol e manteve “os bastiões socialistas” de Machico e Porto Moniz, para além de ter aumentado o número de eleitores em vários concelhos. A eleição de Olga Fernandes, na Ribeira Brava, e de Sofia Canha à frente do CDS, na Calheta, foram “de extrema importância” para o PS.
Em declarações ao JM, Duarte Caldeira (que perdeu a junta de Freguesia de São Martinho) admitiu que o partido “tinha as expectativas um pouco altas”, mas foi possível cumprir o objetivo de apresentar, pela primeira vez, candidaturas a todos os órgãos autárquicos de toda a Região, o que também se refletiu no aumento de votos.
Quanto ao futuro do partido, com o líder demissionário, Duarte Caldeira lembrou, nas declarações ao JM durante a tarde de ontem, que a demissão de Cafôfo ainda não tinha 24 horas. “Temos de ter alguma serenidade. O PS saberá fazer o seu caminho e escolher o seu líder”.
Carlos Pereira diz que ainda é cedo para falar em nomes para a nova liderança do Ps-madeira, mas não exclui a possibilidade de se candidatar.
“Nenhum militante que tenha hoje o cartão do PS pode excluir, porque é um potencial candidato a presidente do PS, e, portanto, essa é uma pergunta que dá para toda a gente”, respondeu, quando questionado se estaria disponível para ser candidato à liderança dos socialistas madeirenses.
Carlos Pereira, que foi presidente do Ps-madeira entre 2015 e 2018, considera, contudo, que a sua possível candidatura é “o que menos importa nesta altura”, dado que apenas se passaram 24 horas das eleições. Nesta fase, diz, “é preciso os militantes e o PS em geral acomodarem os resultados” de domingo.
“Portanto, é muito prematuro estar a indicar este ou aquele, até porque este ou aquele não é o mais relevante. O mais relevante é construir um projeto e depois logo se decidirá quem está com vontade e quem está em melhores condições”.
Profundo retrocesso
O também vice-presidente da bancada parlamentar do PS na Assembleia da República analisou os resultados eleitorais na Madeira, concluindo que “várias coisas falharam” e que o PS deu “um passo atrás” no esforço que estava a fazer.
Dizendo-se solidário com a “tristeza” que os militantes estão a sentir, que “muitos nem conseguem imaginar”, Pereira fala da dimensão da derrota. “Eu próprio fui presidente do partido e não consigo imaginar uma situação em que os objetivos não são alcançados na dimensão em que não foram”, mencionou.
“De todo o modo, é muito importante sublinhar que o PS deve estar unido, mais do que nunca”, defendeu, desvalorizando a questão de se saber quem foi o principal responsável pela derrota no Funchal: se Paulo Cafôfo ou se Miguel Silva Gouveia; e focando a atenção no futuro do partido.
A perda do Funchal “é uma situação muito difícil” e provoca “uma inquietação e intranquilidade muito grandes face às expectativas”, mas é preciso “consolidar uma determinada unidade para encontrar um caminho diferente para que o PS se possa erguer”, apelou.
Para Carlos Pereira, o momento exige “muita serenidade” e “solidariedade”. “É preciso ter solidariedade perante os dirigentes que, de alguma forma, desempenharam o seu papel nestes últimos tempos”, porque “todos eles tentaram fazer o melhor que podiam e sabiam”.
“As coisas não correram bem, os resultados não foram bons, mas esta é a altura de se unirem em torno de todos, caso contrário o PS não encontra a unidade para ter uma solução diferente”, disse, considerando que os resultados de domingo mostram que ainda há uma “bipolarização na Madeira”.