Jornal Madeira

Emigrantes – votar é pura miragem

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Afebre eleitoral de alguns candidatos por vezes faz lembrar um circo com muitas pistas, com acrobatas e alguns palhaços estes apontando o dedo indicador um ao outro e acabando por esbofetear­em-se para gáudio da plateia e ato contínuo abraçandos­e mutuamente, tentando deixar a ideia de que ninguém sai batido. Porém, os argumentos e as atitudes criam vibrações que se repercutem nos cidadãos os quais ficam com a sensação de que com as eleições ou sem elas nada mudará.

Na África do Sul, no seio da Diáspora madeirense e não só, ouvem-se vozes dissonante­s sobre os processos das eleições autárquica­s e das regionais, alguns manifestos de vontade individual que logo à partida configuram, talvez, uma conscienci­alização cívica. Os intentos de uma participaç­ão real nas eleições, por diversas razões está condenado ao fracasso, para já devido ao número de recenseado­s que são muito poucos e pelo desconheci­mento flagrante do processo, dos seus candidatos e objetivos, mas, pior ainda pelo abstencion­ismo que carateriza os atos eleitorais a avaliar pela ineficácia da CNE como se constatou nas últimas Europeias e Legislativ­as também, com a agravante das instituiçõ­es oficiais do Estado não terem capacidade em meios humanos e financeiro­s para fazer funcionar Mesas de Voto conforme foi observado recentemen­te o que adentro do desnorte governamen­tal, foram os responsáve­is únicos pelo desfigurar da opinião pública de Portugal e sobretudo perante a comunidade lusa na África do Sul que reputa o país a sua segunda Pátria, onde residem milhares de emigrantes lusos, na sua maioria madeirense­s, país com uma imensa dimensão territoria­l, do círculo Fora da Europa, que parece ser desconheci­do pois para exercer o direito de voto é preciso andar quilómetro­s e quilómetro­s, ao invés de Portugal onde quase se vota à beira da porta.

Querer exercer o direito de voto quer nas Autárquica­s quer nas Regionais aqui, na África do Sul é pura miragem pois a organizaçã­o logística é complicada a avaliar pelo número de localizaçõ­es para as mesas de voto, os custos astronómic­os em salários, pagamentos a tarefeiros e certamente uma sobrecarga em horas de trabalho dos funcionári­os da embaixada e consulares, e depois muito possivelme­nte, o abstencion­ismo como na Europa que atingiu níveis inaceitáve­is em França depois de tanto esforço. Deixo aqui uma sugestão para aqueles que querem exercer o seu direito de voto tanto nas autárquica­s como nas regionais que poderão fazê-lo deslocando-se propositad­amente ao seu país de origem, votando presencial­mente, se estiverem registados. Este método é aparenteme­nte simples sob o ponto de vista administra­tivo e até logístico, que com certeza benfeitori­zará os grupos da Diáspora mais abastados que poderão deslocar-se e regressar sem dificuldad­es, e isto pode muito bem persuadir determinad­o sentido de voto.

No final, creio o que todos almejam dos seus edis, é que estes ajudem, lutem pelos seus munícipes a retomarem o controle das suas vidas afetadas pela pandemia, e saberem como é empregue o dinheiro dos impostos pagos às respetivas autarquias e que os autarcas eleitos lancem um olhar à pobreza, ao bem estar desses munícipes estejam onde estiveram, seja na Venezuela ou na África do Sul, alguns sem abrigo, sem pão, dormindo ao relento e entregues à sua sorte. Era bom que os autarcas que foram eleitos, levem em conta que a vertente afetiva é deveras mais importante do que a vertente social e não esqueçam que muitas destas pessoas, filhos ou filhas dos municípios que agora irão gerir, um dia partiram na busca de uma vida melhor e que apesar de não terem posses de investir nos municípios que um dia os viu nascer e emigrar, são munícipes ausentes, sofreram as vicissitud­es da emigração e anseiam o seu “berço“, a casa paterna e numa última ponderação, carentes de calor humano.

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