500 mil pessoas perdem emprego com transição
Atualmente, na Europa, cerca de 5,7 milhões de pessoas trabalham na indústria automóvel. A requalificação dos recursos humanos e a aposta na educação são duas das soluções apontadas.
Que a mudança para um mundo automóvel mais sustentável é um passo importante, já o sabíamos, mas as consequências sociais não deixam de ser preocupantes. De facto, na Europa, a revolução na indústria automobilística deverá levar à perda de emprego por parte de cerca de 500 mil pessoas e à necessidade de requalificação dos recursos humanos. Pelo menos é essa a previsão de um estudo da consultora Boston Consulting Group (BCG), publicado esta terça-feira, encomendado pela Plataforma para a Eletromobilidade, na qual participam empresas como a Renault/nissan, a Tesla, a Chargepoint e o conglomerado norte-americano 3M.
Conforme recorda esta investigação, a quebra no número de empregos neste setor é uma consequência direta do facto de a Comissão Europeia ter proposto uma proibição ao fabrico de novos carros a gasolina ou gasóleo, a partir de 2035.
Recorde-se que atualmente, só na Europa, trabalham nesta indústria cerca de 5,7 milhões de pessoas, havendo a perspetiva de que os postos de emprego nas principais marcas fabricantes de motores de combustão convencionais e nos fornecedores tradicionais diminuam em 20% e 42%, respetivamente.
“A indústria automóvel é estratégica para a Europa, de um modo geral, envolvendo tanta gente que vive em tantos lugares”, lembrou Arnes Richters, presidente da Plataforma para a Eletromobilidade, citado pela agência Reuters, reiterando ainda que é de vital importância que a União Europeia “trabalhe com os Estados-membros a respeito das políticas de acompanhamento” desta transição.
Ainda assim, neste estudo a BCG prevê que a produção de veículos elétricos possa compensar esta redução no número de postos de trabalho com a criação de cerca de 300 mil novos empregos.
Todavia, realça este relatório, tal implicará que a UE se chegue à frente e apoie os trabalhadores, em especial através de programas de requalificação que os preparem para um futuro com zero emissões.
“Tornar a requalificação uma prioridade estratégica é um ponto crucial”, considerou Arnes Richters.
Efetivamente, é esperado que, nos próximos anos, se assista a uma maior procura de profissionais com formação na área da produção energética e infraestruturas de carregamento elétrico, daí o apelo desta consultora para que os governos de cada país comecem a investir mais na requalificação e educação dos recursos humanos, a fim de assegurar que “ninguém é deixado para trás” nesta transição para um mundo mais verde.