Jornal Madeira

Corpo e alma de fado

Uma ‘Eterna Primavera’ é o que Sara Correia vai levar ao palco do Baltazar Dias, amanhã, no arranque da edição de 2021 do Fado Funchal. Ao JM, a fadista promete entregar-se ao público madeirense, movida pelo amor e pela verdade do que canta.

- Por Catarina Gouveia catarina.gouveia@jm-madeira.pt

O“amor nas suas variadíssi­mas vertentes” foi o que a fadista Sara Correia procurou transmitir ao público aquando da construção do seu último trabalho discográfi­co, ‘Do Coração’, que amanhã apresenta na Madeira, no Teatro Municipal Baltazar Dias, às 21 horas, no arranque da edição de 2021 do Fado Funchal.

“Acredito que irá ser um concerto muito especial”, afirma, em entrevista ao JM, desvendand­o que neste espetáculo, intitulado de ‘Eterna Primavera’ a enaltecer os encantos do clima madeirense, os seus temas vão ganhar “uma roupagem com timbres de violinos, com arranjos de Jacinto Neves”, músico açoriano que regressa à Madeira com o ensemble Concentusp­ertempora. “Estamos a preparar coisas bonitas. A única coisa que prometo é ser eu: a Sara Correia de corpo e alma”, acrescenta a artista que refere que, sendo carateríst­ico de Jacinto Neves convidar músicos da terra onde se apresenta, terá consigo em palco as violinista­s Teresa Leão e Sandra Sá, à parte de Marino de Freitas, que regularmen­te a acompanha no baixo português.

Um disco saído do coração

“Saiu do coração” o segundo álbum de Sara Correia, lançado em setembro de 2020, onde quis partilhar com o seu público aquelas que são as suas convicções. “Agradeço sempre a quem compôs para mim e que teve o cuidado de saber o que sou e no que acredito. Por tudo isto, sinto a verdade do que canto e entrega com que canto. É isso mesmo o que vou fazer na Madeira, entregar-me totalmente”, afirma.

‘Do Coração’ contou com a colaboraçã­o de nomes sonantes da música portuguesa, entre eles Diogo Clemente, Joana Espadinha, Luísa Sobral, António Zambujo, Mário Pacheco e Carolina Deslandes, o que deixou Sara Correia “muito feliz”: “todos eles aceitaram escrever algo sobre mim ou sobre algo com que me identifica­sse. Fez toda a diferença! São artistas que admiro muito e só dessa forma poderia existir o ‘Do coração’. Ajudam-me a cimentar o que sou e o que canto”.

A pandemia chegou exatamente quando o disco estava pronto a ser editado e partilhado com o mundo, mas não impediu o lançamento de Sara Correia, que admite que “foi difícil esse período de incerteza, de planear e adiar constantem­ente”. Contudo, não se arrepende de ter lançado o álbum e sente que, “aos poucos, estamos a voltar à normalidad­e”, o que vai permitir que “mais e mais gente tome contacto com ele”.

Para conhecer o disco ou experienci­ar, ao vivo, a entrega deste jovem talento, os bilhetes para o espetáculo de amanhã têm um custo de 10€ e podem ser adquiridos na bilheteira do Baltazar Dias ou na plataforma Ticketline. É necessário apresentar teste negativo à covid-19, realizado nas 48 horas anteriores à realização do concerto.

Sara Correia,

Maturidade de jovem furacão

O fado surgiu na sua vida muito cedo, não deixando para si dúvidas de que as raízes nas tradiciona­is casas de fado portuguesa­s a ajudaram “a traçar a maturidade da voz”. Entre o fado na sua forma mais pura e as novas sonoridade­s que o modernizam, Sara Correia, que aos 28 anos já é apelidada de ‘furacão’ neste género musical, acredita que “o fado é e sempre será o fado”. “O que acontece é que vivências diferentes, formas de ver a vida diferentes, dão-lhe outra perspetiva e abordagens”, defende, manifestan­do uma grande “fé numa nova geração de fado” e crente de que, “mantendo as tradições, cada um pode trazer algo novo e ser único”.

“É bom cada um ver ou pensar de forma diferente, procurando novos caminhos, respeitand­o sempre a tradição fadista. Ser fadista é e sempre será a matriz, a base do nosso ser. Não se escolhe. O resto vem com cada um e com o que quer transmitir e deixar ao mundo”, conclui.

Agradeço sempre a quem compôs para mim e que teve o cuidado de saber o que sou e no que acredito. Por tudo isto, sinto a verdade do que canto e entrega com que canto. É isso mesmo o que vou fazer na Madeira, entregar-me totalmente. fadista

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‘Do Coração’, disco que Sara Correia apresenta no Teatro, triunfou na categoria ‘Melhor Álbum de Fado’ dos prémios Play.

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