Jornal Madeira

“Doa a quem doer, retirei maioria absoluta do PSD”

- Por Alberto Pita albertopit­a@jm-madeira.pt

O antigo presidente do Ps-madeira não quis pronunciar-se ontem sobre a possibilid­ade de estar a ser preparado o seu regresso à direção do partido. “Neste momento, não comento”, respondeu ao JM, quando desafiado a confirmar se haveria essa vaga de fundo a seu favor.

Emanuel Câmara está a gerir em silêncio a convulsão interna que o PS vive desde a perda da Câmara Municipal do Funchal, nas eleições de 26 de setembro, que despoletou a saída de Paulo Cafôfo da liderança dos socialista­s, abrindo uma crise interna que deverá ficar sanada após a realização do congresso, previsto acontecer, ao que tudo indica, no início do próximo ano. A data do conclave socialista, processo do qual sairá o novo líder, ainda não está marcada. Caberá à Comissão Regional, presidida por Célia Pessegueir­o, marcar os dias, em reunião também ainda por agendar.

Por estes dias, Célia Pessegueir­o, que tem gerado cada vez mais apoios para avançar para uma candidatur­a, mantém o silêncio, não atendendo o telefone e evitando os jornalista­s.

Célia estará a ponderar o que irá a fazer, depois da vitória expressiva nas eleições autárquica­s a terem catapultad­o para a primeira linha das preferênci­as de muitos socialista­s, como de Rui Caetano, novo presidente da bancada parlamenta­r do PS, que ao JM já confirmou o seu apoio “a 500%”.

Mas começa também a surgir dentro do partido uma corrente que discorda da forma “apressada” como a “pré-escolha” do novo líder está a acontecer, sem dar tempo ao debate e parecendo querer garantir o “controlo” do partido. Não é do agrado de todos como o processo está a ser conduzido, o que poderá originar uma força contracorr­ente de um outro grupo de socialista­s a um novo candidato.

Antes destes movimentos de bastidores, muito agitados por estes dias, conforme o JM tem verificado, Carlos Pereira deu um sinal de eventual interesse em regressar à liderança. Ao JM, Carlos Pereira não excluiu essa possibilid­ade, mas o experiment­ado político também estará a gerir a sua agenda e a analisar os movimentos que silenciosa­mente vão acontecend­o.

Mais concreto foi Filipe Menezes de Oliveira, que se antecipou a todos, como o JM deu em primeira mão, e anunciou a sua candidatur­a para criar “uma rutura” com o ciclo de Paulo Cafôfo.

A tudo isto, Emanuel Câmara, que também foi um dos vencedores da noite eleitoral autárquica e mantém o seu lugar de deputado suspenso na Assembleia Legislativ­a da Madeira, tem assistido em silêncio.

Câmara esteve na última reunião da Comissão Política. O ex-presidente não integrou a equipa da direção demissioná­ria de Paulo Cafôfo, mas tem lugar por inerência, pelas funções anteriorme­nte exercidas.

Nessa reunião, a 29 de setembro, Emanuel Câmara manteve-se em silêncio, registando apenas tudo o que ouvia.

“Fiz questão de na última reunião da Comissão Política, a primeira a que fui desde que saí (da presidênci­a do partido), de não me pronunciar”, referiu, lembrando que o seu lugar decorre na inerência estatutári­a e não da escolha da atual liderança.

Ontem, ao JM, o antigo líder reiterou que não ia comentar o momento interno do partido “neste momento”.

“Neste momento, não tenho nada a dizer”. Ainda assim, recordou um trunfo que conquistou e que pode ter várias leituras políticas. “Eu ficarei na história, doa a quem doer, por ter retirado, pela primeira vez, a maioria absoluta ao PSD na Madeira”.

Ao longo desta semana, o JM também tem tentado contactar Miguel Silva Gouveia, depois de na noite eleitoral ter deixado em aberto a possibilid­ade de renunciar ao lugar de vereador da Câmara Municipal do Funchal. Apesar dos esforços, o ainda presidente da autarquia não tem atendido às chamadas telefónica­s.

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