“Doa a quem doer, retirei maioria absoluta do PSD”
O antigo presidente do Ps-madeira não quis pronunciar-se ontem sobre a possibilidade de estar a ser preparado o seu regresso à direção do partido. “Neste momento, não comento”, respondeu ao JM, quando desafiado a confirmar se haveria essa vaga de fundo a seu favor.
Emanuel Câmara está a gerir em silêncio a convulsão interna que o PS vive desde a perda da Câmara Municipal do Funchal, nas eleições de 26 de setembro, que despoletou a saída de Paulo Cafôfo da liderança dos socialistas, abrindo uma crise interna que deverá ficar sanada após a realização do congresso, previsto acontecer, ao que tudo indica, no início do próximo ano. A data do conclave socialista, processo do qual sairá o novo líder, ainda não está marcada. Caberá à Comissão Regional, presidida por Célia Pessegueiro, marcar os dias, em reunião também ainda por agendar.
Por estes dias, Célia Pessegueiro, que tem gerado cada vez mais apoios para avançar para uma candidatura, mantém o silêncio, não atendendo o telefone e evitando os jornalistas.
Célia estará a ponderar o que irá a fazer, depois da vitória expressiva nas eleições autárquicas a terem catapultado para a primeira linha das preferências de muitos socialistas, como de Rui Caetano, novo presidente da bancada parlamentar do PS, que ao JM já confirmou o seu apoio “a 500%”.
Mas começa também a surgir dentro do partido uma corrente que discorda da forma “apressada” como a “pré-escolha” do novo líder está a acontecer, sem dar tempo ao debate e parecendo querer garantir o “controlo” do partido. Não é do agrado de todos como o processo está a ser conduzido, o que poderá originar uma força contracorrente de um outro grupo de socialistas a um novo candidato.
Antes destes movimentos de bastidores, muito agitados por estes dias, conforme o JM tem verificado, Carlos Pereira deu um sinal de eventual interesse em regressar à liderança. Ao JM, Carlos Pereira não excluiu essa possibilidade, mas o experimentado político também estará a gerir a sua agenda e a analisar os movimentos que silenciosamente vão acontecendo.
Mais concreto foi Filipe Menezes de Oliveira, que se antecipou a todos, como o JM deu em primeira mão, e anunciou a sua candidatura para criar “uma rutura” com o ciclo de Paulo Cafôfo.
A tudo isto, Emanuel Câmara, que também foi um dos vencedores da noite eleitoral autárquica e mantém o seu lugar de deputado suspenso na Assembleia Legislativa da Madeira, tem assistido em silêncio.
Câmara esteve na última reunião da Comissão Política. O ex-presidente não integrou a equipa da direção demissionária de Paulo Cafôfo, mas tem lugar por inerência, pelas funções anteriormente exercidas.
Nessa reunião, a 29 de setembro, Emanuel Câmara manteve-se em silêncio, registando apenas tudo o que ouvia.
“Fiz questão de na última reunião da Comissão Política, a primeira a que fui desde que saí (da presidência do partido), de não me pronunciar”, referiu, lembrando que o seu lugar decorre na inerência estatutária e não da escolha da atual liderança.
Ontem, ao JM, o antigo líder reiterou que não ia comentar o momento interno do partido “neste momento”.
“Neste momento, não tenho nada a dizer”. Ainda assim, recordou um trunfo que conquistou e que pode ter várias leituras políticas. “Eu ficarei na história, doa a quem doer, por ter retirado, pela primeira vez, a maioria absoluta ao PSD na Madeira”.
Ao longo desta semana, o JM também tem tentado contactar Miguel Silva Gouveia, depois de na noite eleitoral ter deixado em aberto a possibilidade de renunciar ao lugar de vereador da Câmara Municipal do Funchal. Apesar dos esforços, o ainda presidente da autarquia não tem atendido às chamadas telefónicas.