A misericórdia do Samaritano divino
Que bom fostes, Samaritano divino, levantando este mundo ferido, lamentavelmente caído no caminho, mergulhado na lama e indigno da vossa bondade!
Quanto pior é o mundo, mais brilha a vossa misericórdia: ser infinitamente bom para os bons é mil vezes menos admirável que ser infinitamente bom para seres que, ainda que cumulados de graças, são todos ingratidão, infidelidade, perversidade. Quanto piores somos, mais brilha e mais irradia a maravilha da vossa infinita misericórdia. Basta isto para explicar o grande bem que o pecado produz neste mundo, e explicar que o tenhais permitido: ele dá lugar a um bem incomparavelmente maior, que é o exercício e a manifestação da vossa misericórdia divina. Sem ele, este atributo divino não poderia manifestar- se; a bondade poderia exercer-se e manifestar- se sem o pecado, mas a misericórdia só se exerce sobre o mal. Meu Senhor e meu Deus, que bom sois, que misericordioso! A misericórdia é, por assim dizer, o excesso da vossa bondade, aquilo que a vossa bondade tem de apaixonada, o peso pelo qual a vossa bondade se sobrepõe à vossa justiça. Vós sois divinamente bom! [...]
Sejamos bons com os pecadores, porque Deus é tão bom connosco; rezemos por eles e amemo-los. [...] Sejamos misericordiosos como o nosso Pai é misericordioso (cf Lc 6,36), pois Deus prefere a misericórdia aos sacrifícios (cf Mt 12,7).