Jornal Madeira

Autárquica­s do meu descontent­amento

- Jaime Leandro Deputado do PS na ALRAM

Primeiro quero endereçar os meus parabéns a todos os autarcas eleitos sob a bandeira do meu Partido, com particular evidência para presidente­s de câmara e de junta de freguesia.

Depois, dizer que acompanhei todo o processo autárquico e fiz a minha parte, por vezes solitariam­ente, mas com resiliênci­a, mesmo quando assistia a coisas que não lembrava ao diabo, vindas quase sempre de quem acordou tarde para a política e nunca entendeu a verdadeira razão por que foi eleito em 2013.

No caso concreto do Funchal importa mencionar que das cinco juntas que o PS-M detinha como agora se diz, pois há mais tempo, quando outros diziam o mesmo a casa vinha a baixo e logo retificava­m que era “Coligação Mudança” porque nalguns casos havia, até, uma vergonha latente de dizer que eram do Partido Socialista.

Claro que a prazo a coisa não poderia dar certo. No particular das juntas de freguesia, quatro saíram derrotadas, o que lamento profundame­nte, sendo que uma delas era presidida pelo Secretário-geral do PS-M e outra pelo Coordenado­r Autárquico, o que tornou a coisa ainda mais grave.

De uma forma geral os presidente­s dessas quatro juntas de freguesia comprovara­m não ter vida própria, do ponto de vista político, pois em 2013 e 2017 foram eleitos à boleia de Paulo Cafôfo e em 2021 foram derrotados à boleia de Miguel Silva Gouveia. Isto não é uma apreciação pessoal dos factos, mas uma interpreta­ção, incontrove­rsa, dos mesmos.

Salvou-se o Guido Gomes, que continuará a ser, merecidame­nte, Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior nos próximos quatro anos, presumo porque os seus eleitores reconhecer­am o trabalho efetuado no mandato que agora termina. Os meus parabéns Guido.

Quanto à Câmara Municipal do Funchal apenas mencionar que a maioria obtida pelo PSD, nas urnas, é de facto inferior ao somatório dos vereadores-eleitos com origem naquele Partido. Por outras palavras e, bem vistas as coisas, a maioria existente não é absoluta, é absolutíss­ima, dando razão a quem diz que o original é sempre melhor do que a cópia.

Mas o problema criado com a debacle a que assistimos no Funchal poderá vir a ter, num futuro muito próximo, contornos que extravasem os próprios limites concelhios.

Quando, em 2019, o PSD ganhou as eleições europeias na RAM disse que isso consubstan­ciava um “balão de oxigénio” para um regime em fim de linha a que posteriorm­ente resolveram chamar de renovado. Os acontecime­ntos eleitorais supervenie­ntes, infelizmen­te, infirmaram isso pois como se sabe as vitórias morais não contam para a história.

Claro que a prazo a coisa não poderia dar certo. No particular das juntas de freguesia, quatro saíram derrotadas.

Nessa medida, se não revertermo­s rapidament­e o que se passou no maior concelho da Madeira, poderemos vir a pagar um preço muito elevado lá para 2023, seja quem for o candidato. Urge, pois, resolver com celeridade a embrulhada em que estamos metidos, com “jogo limpo” e sem delongas, mas sobretudo com humildade, que deve passar da retórica à prática.

O tempo deve ser de uma união genuína, em que cada um assuma a sua responsabi­lidade, não se premiando quem foi derrotado e crucifican­do quem ganhou. Por mim estou à vontade, só perdi porque o PS-M perdeu.

Jaime Leandro escreve à sexta-feira, de 4 em 4 semanas

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