EQUIPA TROPICAL DAS QUINAS
LÚCIO SOARES (1960-1962) LIEDSON (2009-2010)
Há algum tempo que era expectável a chamada de Matheus Nunes à seleção nacional. A convocatória do médio do Sporting acabou por acontecer na última semana, sendo um dos eleitos para os próximos compromissos da equipa das Quinas, frente ao Qatar, jogo de cariz particular, e Luxemburgo, a contar para a qualificação para o Mundial 2022. Assim sendo, se jogar, Matheus Nunes será o quarto luso-brasileiro lançado na era Fernando Santos, e o nono na história da seleção nacional.
Com o atual selecionador, anteriormente foram chamados Rony Lopes, em 2017, Dyego Sousa, em 2019, e mais recentemente Otávio. Com o médio do FC Porto fora desta convocatória, devido a lesão, gorou-se, para já, uma nova oportunidade para um trio de luso-brasileiros alinhar simultaneamente pela equipa das Quinas. Este acontecimento ocorreu em 2009 e 2010, durante a caminhada para o Mundial da África do Sul, com Deco, Pepe e Liedson a alinharem ao mesmo tempo em seis desafios. Todavia, durante o Campeonato do Mundo, apesar de estarem os três convocados, nunca foram lançados em simultâneo por Carlos Queiroz.
Naturalizações desde 1960 CELSO MATOS (1976-1978)
Não obstante a naturalização de jogadores ter-se tornado popular com a viragem do milénio, o certo é que este fenómeno já tinha
RONY LOPES (2017-2018) DECO (2003-2010) DYEGO SOUSA (2019)
ocorrido por duas vezes durante o século XX. Lúcio Soares foi o primeiro. O antigo defesa do Sporting estreou-se em 1960, tendo atuado por cinco vezes até 1962. Refira-se que no jogo de estreia de Lúcio Soares, frente à Alemanha Ocidental, outro naturalizado também foi debutante, concretamente David Júlio, oriundo da África do Sul. Já o outro luso-brasileiro em estreia no século passado foi Celso Matos, ex-médio de FC Porto e Boavista, que alinhou por três ocasiões, entre 1976 e 1978.
No entanto, foi a partir de 2003, com a estreia de Deco, curiosamente frente ao Brasil e coroada com um golo, que a naturalização de atletas começou a dar frutos. O antigo médio de FC Porto, Barcelona ou Chelsea, e um dos melhores executantes das últimas duas décadas, foi fundamental nas caminhadas brilhantes da seleção lusa durante o Euro2004 (2.º lugar) e Mundial2006 (4.º lugar) e marcou presença nas menos vistosas participações no Euro2008 e Mundial2010. No total, Deco cumpriu 75 jogos e apontou cinco golos.
Em 2008, foi a vez de Pepe estrear-se na seleção nacional. Após ter chegado a Portugal em 2001, com 18 anos, através do Marítimo, o atual defesa do FC Porto tem cumprido uma carreira sólida ao serviço de Portugal, sendo neste momento o quarto jogador com mais internacionalizações de sempre (121), só atrás de Cristiano Ronaldo, João Moutinho e Luís Figo.
Após estes dois ‘gigantes’ do futebol nacional, lançados por Luiz
Felipe Scolari, os naturalizados que se seguiram não conseguiram obter igual sucesso. Liedson, que se estreou em 2009, numa fase em que escasseavam pontas-de-lança, vestiu a camisola das Quinas por 15 vezes, marcando quatro golos.
Seguiram-se Rony Lopes, Dyego Sousa e Otávio, todos com dois jogos cada. Matheus Lopes parece ser o ‘senhor’ que se segue. Recorde-se que o médio, de 23 anos, chegou a Portugal com apenas 12 anos e, após ter cumprido a formação no Ericeirense, bastou meia época no Estoril Praia para chamar a atenção do Sporting, onde atua desde 2018/19.
Polémica em 2003 PEPE (2008-2021) OTÁVIO (2021)
Sobre esta temática, durante este semana em declarações à imprensa brasileira, o antigo internacional português Ricardo Carvalho recordou a convocatória de Deco em 2003 para a seleção nacional, à época este foi um tema que provocou alguma polémica, bem diferente do que acontece nos dias de hoje. “Era novo na altura, tinha mais ou menos a idade do Deco. Havia muitos jogadores mais maduros e com mais tempo de casa, como Rui Costa, Fernando Couto, Figo... Portanto, houve muita especulação. Mas dentro do grupo não houve nada. Estávamos ali para trabalhar, representar o nosso País. O Deco e o Pepe são bons exemplos de adaptação ao nosso País, por isso convenceram a Federação”, recordou o ex-futebolista.
MATHEUS NUNES (2021 ?)
Não é preciso nascer obrigatoriamente em Portugal para representar a seleção, mas acho muito pouco o prazo de cinco anos. Ainda para mais, somos um país que tem muitos jogadores talentosos na formação. As regras são para todos e o Otávio e o Matheus Nunes encaixam neste segmento.
Ricardo Carvalho,
ex-internacional português