Traços de luz numa sala às escuras
O ilustrador António Jorge Gonçalves vai estar no Funchal, nos dias 13 e 14 de outubro, para orientar uma ‘masterclass’ organizada pela Contigo Teatro, tendo como ponto de partida o livro ‘Desenhar do Escuro’.
Oi lustrador António Jorge Gonçalves estará na Madeira para orientar uma ‘masterclass’ no âmbito do seu livro, ‘Desenhar do Escuro’, que apresenta uma silenciosa narrativa que se desenrola apenas através das páginas de um caderno de cartolina preta iluminado por desenhos a lápis branco, com registos da vida quotidiana.
António Jorge Gonçalves tem apresentado o seu trabalho em masterclasses por todo o país e chega ao Funchal através de um evento organizado pela Associação Contigo Teatro, em parceria com o grupo 600 de Desenho e Artes Visuais da ESFF, que acontece nos dias 13 e 14 de outubro, na sala de sessões da Escola Secundária Francisco Franco, através de três sessões.
O evento é destinado a alunos e professores do grupo 600/Artes das escolas da Região e a qualquer público interessado, sendo que as sessões acontecem na quarta-feira, dia 13, às 9h45 e às 15h00, e quinta-feira, dia 14, às 15h00, sendo esta última exclusivamente para professores. As inscrições são limitadas e devem ser efetuadas até segunda-feira, dia 11 de outubro, para o endereço lercomamor. contigoteatro@gmail.com.
Paisagens urbanas, clausuras domésticas e deambulações pela natureza é um pouco do que se encontra ao folhear ‘Desenho no Escuro’, nos registos efetuados pelo autor durante vários meses entre 2020 e 2021. O livro, com uma tiragem reduzida e numerada de 250 exemplares, possui 166 páginas no formato 125x207cm, com uma impressão especial em offset digital a branco sobre cartolina preta onde constam 82 dos cerca de 300 desenhos que o autor realizou no último ano.
Apesar de este ser um projeto que ganhou vida durante a pandemia, o seu conceito surgiu mais cedo. Mais concretamente numa viagem ao México, onde, a pedido de uma amiga, António Jorge Gonçalves adquiriu uns quantos lápis brancos de uma marca que não se vende em Portugal. “Guardei um para mim, como quem guarda uma bizarria, uma recordação de viagem”, conta o autor, que confessa que o lápis nunca foi a sua praia. Mais tarde, “numa deambulação pela papelaria, descubro um pequeno caderno de papel preto”, refere. O objeto conquistou-o “pela estranheza”, por tudo nele parecer “fechado, opaco”, que é no fundo “o contrário daquilo que um desenhador precisa para lhe excitar a mão”, acrescenta.
Ao perceber que o lápis que trouxe do México teria utilidade neste caderno de papel preto, aventurou-se na tentativa e erro até que entendeu: “aquelas páginas são uma sala às escuras, precisam de ser iluminadas para revelarem o que lá está contido. E o lápis branco pode ser a minha vela.”
A masterclass, que já passou por Castelo Branco e Lisboa, e que ruma ainda este mês até Sintra,
Guimarães, Loulé e Leiria, passa pelo desafio de perspetivas sobre o papel da luz na história das Artes Visuais (desenho, pintura, fotografia e cinema). O autor abordará também as motivações e técnicas particulares utilizadas na feitura dos desenhos do livro e irá ainda orientar na elaboração de desenhos a branco sobre suporte preto.