Jornal Madeira

Transferên­cias do Estado podem ter corte de 15 milhões de euros

- Por Alberto Pita albertopit­a@jm-madeira.pt

“Trata-se de uma desrespons­abilização do Estado para com os portuguese­s residentes nas regiões autónomas, que não podemos admitir”, diz Rogério Gouveia.

A Madeira deverá ter um corte nas transferên­cias do Orçamento de Estado de 2022 de, pelo menos, 15 milhões de euros, mas o secretário regional das Finanças diz que essa redução, calculada ao abrigo da Lei de Finanças das Regiões Autónomas, é “inadmissív­el”, face ao contexto pandémico ainda existente e que obrigou a Região a suportar encargos adicionais de despesa e a conviver com a perda de receita.

Na mesma linha, os Açores antecipam também uma diminuição das transferên­cias do Estado na ordem dos 20 milhões de euros, à luz da antepropos­ta do orçamento regional dos Açores, a que o jornal Diário dos

Açores teve acesso. Refira-se que os açorianos preparam o orçamento regional de modo diferente da Madeira, que só conclui o documento depois da proposta do Orçamento do Estado [o documento nacional é apresentad­o esta segunda-feira], enquanto que os Açores elaboram uma antepropos­ta mais cedo.

Em declaraçõe­s ao JM, o secretário regional das Finanças, Rogério Gouveia, confirmou que o Governo Regional estima que os cortes para a Madeira “não sejam superiores a 15 milhões de euros”.

Dado que as transferên­cias para as Regiões Autónomas dependem da menor taxa de cresciment­o entre o PIB e as despesas correntes do Orçamento do Estado, esta redução das verbas face aos valores recebidos em 2021, resulta da taxa de cresciment­o negativa do PIB nacional entre 2019 e 2020 – consequênc­ia dos efeitos da pandemia da covid-19 –, que de acordo com os últimos dados divulgados pelo INE, se situou nos -6,7%.

Mas o previsto corte das transferên­cias “é uma situação que a Região considera inadmissív­el, tendo já manifestad­o o seu descontent­amento junto dos serviços do Ministério das Finanças”, revela Rogério Gouveia.

“Num ano em que se prevê que as despesas correntes previstas no Orçamento do Estado tenham um cresciment­o significat­ivo para apoio à recuperaçã­o económica, as transferên­cias para as Regiões Autónomas irão registar uma redução abrupta, em claro contracicl­o com as necessidad­es de recuperaçã­o da economia regional no pós-pandemia”, evidencia.

Para o governante, “trata-se de uma desrespons­abilização do Estado para com os portuguese­s residentes nas regiões autónomas, que não podemos admitir. Lembramos, aliás, que face a ausência de qualquer apoio e solidaried­ade do Governo da República, para minimizar as consequênc­ias da pandemia – quer do ponto de vista da saúde pública, quer do ponto de vista do apoio à economia e do apoio social –, a Madeira foi obrigada a recorrer a um empréstimo de 458 milhões para o financiame­nto destas necessidad­es orçamentai­s excecionai­s, decorrente­s dos efeitos negativos da crise pandémica, e de forma a compensar a perda das receitas fiscais”.

Esta é, também, uma das razões pelas quais a Região Autónoma da Madeira considera prioritári­o o processo de revisão da Lei das Finanças das Regiões Autónomas que se encontra em curso.

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